Política e Administração Pública

– 4/2/1842 – João Pedro de Godoy Moreira, Juiz de Paz, denuncia ao Presidente da Província a José da Silveira Franco, comandante da Companhia de Infantaria da Guarda Nacional, e a Antônio José de Oliveira, tenente de uma secção da companhia, “os quais abusando da autoridade tem feito os guardas assinarem um papel que eles dizem ser a favor do Augusto Imperador e quando na realidade é uma representação contra a reforma do Código e Conselho de Estado” (EFA, 35)

– 7/6/1842 – Combate de Venda Grande, nos arredores de Campinas, entre tropas imperiais do Barão de Caxias e os rebeldes liberais daquela cidade, que foram completamente derrotados. Participaram desse combate do lado rebelde alguns voluntários que mais tarde seriam moradores de Amparo: Manuel Silvestre da Cunha Martins, Manuel Fernandes Palhares de Andrade, Francisco Dias Aranha, todos futuros vereadores à Câmara Municipal de Amparo, e mais José Inácio Teixeira, influente líder em Monte Alegre e patriarca de numerosa e ilustre família de Amparo. Também participou das tropas revolucionárias o Dr. Francisco de Assis Pupo, que, em 1856, era fazendeiro no Amparo. Do lado legalista, sabe-se apenas de Antônio José Alves Cordeiro, também patriarca de ilustre família do Amparo. (JB – Jolumá Brito, História de Campinas, 17:18).

– 22/6/1842 – O Subdelegado Capitão Salvador de Godoy Moreira admoestou o Guarda Nacional Domingos de Sousa Freire, preso “por se encontrar ele em horas remotas em partes suspeitas”, para que “da parte do bem e da segurança pública que, de hoje em diante, se mantivesse em boa ordem e harmonia, largando mão dos maus costumes sobre o acima declarado e que respeitasse as leis de sua Majestade Imperial e as Autoridades constituídas deste Império e suas leis”. Na verdade, o Subdelegado suspeitava que Domingos de Sousa Freire estivesse envolvido na rebelião liberal que acabara de eclodir na Província de São Paulo. (LPA,17/17v)

– 25/6/1842 – O Subdelegado Capitão Salvador de Godoy Moreira ouve, em sua casa, o interrogatório de Vicente Maciel Barbosa, camarada de Joaquim Caetano Leme, que confessou ter participado de uma reunião na casa de Joaquim Cintra (o futuro Barão Cintra), a mando de seu patrão. Declarou mais que naquele lugar ficou bastante espantado pelo “tumulto de homens para mais de cinquenta pessoas, e aqueles armamentos de cartuxame”. Tendo ele “perguntado a um camarada de José de Silveira Franco, de nome Victorino de Tal, o fim para que se achavam naquela reunião, este lhe disse que era para vir atacar aqui no Amparo e matar ao Subdelegado, o Capitão Salvador de Godoy Moreira, e ao depois de tomar esta freguesia, o mesmo fazer na vila de Bragança e Atibaia”. O interrogado disse a Vitorino que queria vir a Amparo avisar seus irmãos, para que não os matassem, e “Vitorino respondeu a ele interrogado que não falasse isso e que não viesse, porque era segredo oculto, senão o matavam a ele interrogado”; “e que para virem tomar esta Freguesia, esperavam maior reunião de povos, para o dia seis do corrente mês, de madrugada, virem tomar esta Freguesia, e desta para aquelas acima mencionadas”. Mas que, a essa altura chegou uma escolta de Mogi-Mirim e o grupo debandou. Vicente Maciel Barbosa identificou como participantes da reunião: “Joaquim Cintra, dono da casa, e José da Silveira Franco e seu irmão Joaquim da Silveira, João de Oliveira, cunhado dos mesmos, Romão e Cândido da Silveira, também cunhado e irmão dos Silveiras, Manuel João de Campos Bueno, José Pedro e Antônio Manuel, filhos do mesmo Bueno, e Manuel de Jesus Pedroso, e o filho de José da Silveira Franco de nome Francisco, mais dois camaradas de José da Silveira Franco, de nome Clemente e Vitorino, e Joaquim Pedroso de Moraes, José Francisco, camarada do irmão de Silveira, Joaquim Custódio, irmãos, estes dois camaradas do Major Florêncio Cintra”. O interrogado então fugiu e veio se apresentar às autoridades da Freguesia. (LPA – Livro do Protocolo de Audiências do Juizado de Paz da Capela Curada de Nossa Senhora do Amparo, 19/19v).

– 26/6/1842 – Compareceu debaixo de vara, perante o Subdelegado Capitão Salvador de Godoy Moreira, o Tenente Manuel José de Campos Bueno, por causa de uma denúncia de ter participado de reuniões “para atacar a ordem e tranquilidade pública”, e “ainda mais se dizer ter reunido gentes em sua casa” para esse fim. O Subdelegado lhe impôs assinar um “termo de bem viver” e “se abster de nunca mais seguir aqueles passos, ao que hoje conhece ter andado errado e assim mais passa a declarar que, no ato da diligencia um de seus filhos de nome José Pedro apanhara uns tiros, e disto ele Pai disiste de toda a parte tanto por si como por outros que possam tomar parte neste objeto, isto é, por conhecer e estar convencido de que na verdade tanto por si e seus filhos terem praticado ações contra a ordem e a segurança publica”.  “Declara-se mais neste termo que além de outras denúncias a primeira foi reunida em casa de Joaquim Sintra, como consta do interrogatório de Vicente Maciel Barbosa, um daqueles que também se achou naquela reunião em caza do dito Cintra no dia cinco do corrente”. Assinado o termo o Tenente Campos Bueno foi solto e encerrou sua parte na Revolução Liberal de 1842. Em qualquer outra parte da América Latina ele teria sido fuzilado… Mas no Amparo e no Brasil as coisas eram diferentes. (LPA, 20/20v)

– 27/6/1842 – Em casas de morada do Subdelegado Capitão Manuel de Cerqueira César, “compareceu prezente debaicho de prizam Manoel de Jezus Pedrozo para o fim de lavrar hum termo de bem viver sobre as razoens que motivou a fuga dele dito Pedrozo para auzentar-çe desta”. O preso disse que sendo “notificado por seu Cabo de Esquadra Manuel Rodrigues Cintra para se apresentar no Quartel de seu Tenente, para outro dia seguir para a vila de Bragança ao Destacamento, como ele Pedrozo era de outro partido teve receio e além das vozes que falavam em como todos aqueles que eram de outro credo viriam ser recrutados para a tropa de linha esta foi a causa que motivou a ele dito Pedrozo ausentar-se loucamente e ir dar consigo em casa de Juaquim Telles, digo no paiol, e dai foi a casa de Joaquim Cintra e lá esteve cinco dias para seis; que nos seis dias chegou a Diligencia de Mogimirim em casa de Joaquim Cintra e dai tornou a disparar, digo estando ele na dita casa do dito Cintra, donde tinha varias pessoas reunidas, e seus conhecidos eram José da Silveira Franco, Major Florêncio Cintra, Capitão Bento Cintra, Candido da Silveira Franco e seu Irmão Joaquim da Silveira e Vicente Maciel Barbosa e varias pessoas que não conhecia e que naquele lugar fazia uma sentinela alerta para que quando viesse alguma diligencia que avisassem para correrem todos e tinham em dita reunião armas de fogos bem como trabucos espingardas e pistolas e dando esta Diligencia de Mogim em casa de Joaquim Cintra, ele dito Pedrozo saio da dita reunião e os mais que ali estavam e dispararam e abriram-se uns dos outros e dai meteu-se no mato dito Pedrozo, estando alguns dias escondido no mato, o qual de presente se apresentou a este Juizo por se ver aborrecido de tantos incômodos e trabalhos que passou por causa de ser de outro credo”. O Subdelegado o admoestou da parte do bem e do sossego público para que se abstivesse largando de tais procedimentos, e sujeitando-se à Lei do nosso Monarca e às Autoridades Constituídas. Foi solto a seguir, depois de assinar o termo. (LPA,20v)

Criminalidade

– 5/3/1842 – José Manuel Cintra se queixa ao Juiz de Paz João Pedro de Godoy Moreira de Galiana Maria de Godoy, “para o fim desta Galiana assinar um termo de bem viver”, e de se comprometer a nunca mais seduzir aos escravos do Suplicante,  “por ter ela de uso e costume viver desinquietando ditos escravos, dando assim grave prejuízo ao suplicante e até metendo aos ditos escravos em perigo de vida, e fazendo roubos para poderem obsequiar a Suplicada”. O Juiz admoestou a Suplicada que de ora em diante se contivesse nos limites da decência. (LPA,15v)

Genealogia e Biografia

– 15/4/1842 – Manuel de Jesus Barroso, escrivão em Amparo. (PO/LN,1:)

 

 

 

Nota:

– As anotações que se seguem foram extraídas do Acervo dos jornais “Correio Paulistano”, franqueadas pela Biblioteca Nacional na Internet, e “O Estado de São Paulo”, ao qual tive acesso como assinante.

– A maior parte das informações que extraímos desses venerandos periódicos foram copiadas pela impressora de meu computador pessoal. Uma parte, porém, de pequeno porte, não compensava gastar papel e tinta, pelo que as copiamos à mão em pequenas cadernetas. Agora, estamos transferindo-as para este arquivo.

– Cada verbete é composto: pela data da publicação, texto, eventuais observações e comentários em itálico, e pelas siglas (CP) e (OESP), para identificar sua origem, prevendo uma futura incorporação a um trabalho maior.

– Dividimos o material coletado por assunto, dando realce aos temas de “Política e Administração Pública”, que pretendemos aproveitar numa História Política do Amparo. Outros temas, à medida que foram aparecendo também se tornaram objeto de arquivamento separado.

– Posteriormente foram agregados dados colhidos em outras fontes, como outros periódicos, cartórios, arquivos municipais, documentos eclesiásticos e obras diversas.

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