Luís de Sousa Leite – 24/12/1891-13/6/1892

 

     Vereador eleito em 1873, com 109 votos, o Alferes, depois Coronel, Luís de Sousa Leite, depois Barão do Socorro e Comendador da Ordem da Rosa, foi prestigioso chefe conservador, que, em 1889 aderiu à república e renunciou ao título, passando a chefiar o Partido Repúblicano. Havia libertado seus escravos antes da Abolição e se tornara um ardente defensor da extinção da escravidão. (EFA, – EFA, 45, 57, 65,92, 93, 95, 96/97, 109,113)

Em agosto de 1874 estava em exercício do cargo de Delegado de Polícia, pelo que faltou ás sessões da Câmara. (Atas,3:223). É nessa época que ele é chamado a prestar um serviço extremo para o município e para a região. Eclodira

no Nordeste a célebre “Revolta do Quebra-Quilos”, na qual a população mais inculta se insurgiu contra a adoção do Sistema Métrico Decimal e passou a destruir os novos pesos e medidas. Simultaneamente, em Minas Gerais e em diversos pontos do interior de São Paulo, apareceu um tipo de rebeldia semelhante: a dos “rasga-listas”. Aterrados com o recrutamento militar, os habitantes das pequenas cidades e vilarejos passaram a destruir as listas de recrutamento e a se opor ao estabecimento do Registro Civil, que parecia ser um instrumento eficiente para arrebanhar jovens para o Exército.

Em agosto de 1875 a rebelião contaminou a vila de Socorro.  200 sediciosos invadiram a cidade e rasgaram os papéis da conscrição. Amparo ficou de sobreaviso para enfrentar o ataque dos “rasga-listas” de Socorro. O Juiz de Direito de Amparo Aureliano Coutinho e o Delegado de Polícia Luís de Sousa Leite tomaram medidas para repelir a invasão iminente. Serra Negra, em especial, estava na iminência de ser ocupada pelos rebeldes. Em setembro desse ano, niticiava-se que “Mogi-Mirim estava ameaçada de invasão dos “rompe-listas, que estão, dizem, com destino de visitar Serra Negra e Amparo, e depois Mogi”.

A ação pronta de Luís Leite e do Dr. Aureliano Coutinho impediu que Serra Negra fosse conquistada pelos revoltosos, afastando a ameaça que pesava sobre Mogi Mirim e Amparo.

A essa altura, a rebelião já atingira boa parte da região fronteiriça entre São Paulo e Minas. Ouro Fino, Itajubá, Santa Rita, Pouso Alegre e Uberaba, e outras cidades do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, estavam sob domínio dos “rasga-listas”; São Simão e Socorro, em São Paulo, também haviam sido ocupadas. Pior ainda, uma parte da imprensa revelava uma discreta simpatia pelos rebeldes.
Finalmente, o governo da Província se deu conta da gravidade da situação e mandou 30 praças para cá, sob comando de um tenente.  O próprio chefe de Polícia da Província veio junto, em fins de setembro, aqui permanecendo alguns dias.  A tropa ficou aquartelada em Amparo, onde foi alimentada pelo major José Jacinto de Araújo Cintra e Joaquim Pinto de Araújo Cintra (futuro Barão de Campinas), ambos liberais. Com o risco de revolução, conservadores e liberais se uniram…

Em 19/10/1875, a “Tribuna Amparense” notíciava: presos os líderes da rebelião em Socorro, pelo juiz Dr. Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho, que para lá se dirigiu. Os presos eram de Monte Sião: Justino Leite de Moraes, José Tavares de Toledo e Bernardino Cardoso de Godoy. Luís Leite, é claro, estava junto com o juiz e puderam ambos afinal retornar para o Amparo por volta do dia 24 de outubro. O comentário era que “a presença de tropas de linha aterrou os moradores da roça”

Logo Luís Leite passou a ser chamado para outros encargos. Na sessão de 28/5/1877, ao “tratar-se dos preparativos para recepção dos distintos hóspedes Imperiais nesta cidade por todo o mês de Junho”, a Câmara deliberou “nomear em cada bairro uma pessoa para os ajudarem, sendo os nomeados: Antônio Gonçalves de Oliveira Bueno, Luís de Sousa Leite, Paulino Xavier da Silveira e outros (Atas, 3:323). E no dia 3/9/1877 entre as comissões nomeadas para angariar donativos para a construção do Monumento da Independência do Brasil no Ipiranga, constavam nos bairros do Silvestre e Sujo: Joaquim Inácio da Silveira, Pedro José Pastana, e Luís de Sousa Leite. (Atas, 3:336)

No ano seguinte entrou em atrito com a Câmara, porque esta o convocou em 7/1/1878 para assumir o cargo de Juiz de Paz, de que era suplente, em lugar de João Batista de Campos Cintra, que havia se mudado do município. Luís de Sousa Leite pediu dispensa de prestar juramento de Juiz de Paz em lugar de João Batista de Campos Cintra. (Atas, 3:349). A Câmara então oficiou a Antônio Gonçalves de Oliveira Bueno, 3º Juiz de Paz, para entrar em exercício no 2º ano, visto João Batista de Campos Cintra, 2º Juiz de Paz, ter mudado de município. (Atas, 3:352).

Mas a Comissão Permanente estudou ofício de Luís de Sousa Leite e entendeu que a escusa não podia ser aceita por faltar competência à Câmara – reiterou, por isso, o convite para prestar juramento de Juiz de Paz. (Atas, 3:353). Em  22/3/1878 a Câmara recebeu ofício de João Batista de Campos Cintra, comunicando ter voltado a morar em Amparo – indagava se seria reintegrado no cargo de Juiz de Paz. (Atas, 3:357)

Estranhamente, a Câmara reiterou, em 23/9/1878, ofício ao Alferes Luís de Sousa Leite convite para prestar juramento de 4º Juiz de Paz, “em lugar de João Batista de Campos Cintra, que participou ter mudado sua residência deste município, tendo por isso perdido o direito que tinha a esse cargo, declarando mais que esta Câmara não pode atender motivos de escusa a não ser legalmente justos”. (Atas, 3:383)

Luís de Sousa Leite retrucou por ofício em 21/10/1878: “comunicando que deixava de comparecer na sessão desse dia afim de prestar juramento de Juiz de Paz, em falta do que se diz haver mudado para Bragança, por entender que vai ocupar esse cargo ilegalmente, visto que a mudança não se deu, como é notório”.

Encaminhou outro ofício ao Presidente da Província, reclamando: “E sabendo-se que o Juiz de Paz fora casar-se em outro município, sem dispor da situação que tinha neste (município), e que apenas casado, voltou e comprou uma fazenda neste município, mediando do casamento à compra da fazenda só dois meses, parte dos quais como disse esteve na antiga situação que é conservada, além da que comprou, por isso reclamou contra o ato da Câmara e informou o ocorrido, fazendo ver que tal mudança não se realizou, e que a Câmara não atendeu a sua reclamação, declarando que por ter o Juiz de Paz participado que mudou-se e ter ela aceitado essa declaração, havia o mesmo perdido o direito ao emprego ou cargo, e nestes termos rogava ao Exmo. Presidente da Província, como superior legítimo  para conhecer das contestações desta ordem entre as Câmaras Municipais e as pessoas que se acham prejudicadas em seus direitos, declarando se tinha o direito a opor-se ao juramento exigido para ocupar o lugar de aquele Juiz de Paz que se diz mudado, mas que é notório não o estar, podendo informar-se desta Câmara a respeito”. O Presidente da Província encaminhou esse ofício à Câmara de Amparo para informar. Esta nomeou uma comissão composta de Godoy Jorge e Pimentel para responder. (Atas, 3:385386)

O parecer sobre o requerimento de Luís de Sousa Leite foi ambíguo e meramente descritivo. Foi aprovado esse parecer (meramente informativo e que não tem conclusão) e remetido ao Presidente da Província, junto com o requerimento de Luís Leite. (Atas, 3:396)

Finalmente, em 13/1/1879, um ofício do Presidente da Província determinou: “tendo em vista o que lhe representou o cidadão Luís de Sousa Leite, e informação desta, declarava que, não havendo mudado definitivamente da Paróquia, o segundo Juiz de Paz é apto para exercer o cargo, ainda mais quando fez disso ciente a Câmara”. Um ofício de João Batista de Campos Cintra chegou, informando ter entrado em exercício de Juiz de Paz. (Atas, 4:1v). Assim terminou esse incidente, motivado muito mais pelo sectarismo partidário, do que pelas regras jurídicas ou pela conveniência administrativa.

Em 1885 era Inspetor de Caminho, cargo que o obrigava a supervisionar a conservação de determinada estrada, e que geralmente era ocupado pelo principal fazendeiro do bairro. (Atas, 5:22v)

Em compensação, em 2/4/1886, consta da ata da Câmara que, às 14 hs. foram os vereadores Dr. Araújo, presidente, Albino Alves e Almeida Sobrinho, à Estação afim de receber o Conselheiro Presidente da Província e conduzi-lo “até o palacete do alferes Luís de Sousa Leite, onde vai hospedar-se com sua comitiva” (Conselheiro João Alfredo?)  (Atas, 5:73)

Em 1887 foi reeleito vereador e eleito Presidente da Câmara em 1890. (Atas, 5:128 e 128v))

Em 13/1/1887 um livro de ouro para libertação de escravos foi proposto por Luís de Sousa Leite. contra os votos de Carlos Augusto do Amaral Sobrinho, Joaquim Bernardino de Arruda e Joaquim Mendes do Amaral. (Atas, 5:133 e 133v) Luís de Sousa Leite prometeu dois contos de réis para o livro de ouro ou a liberdade de quatro de seus escravos, que libertou a seguir. (Atas, 5:134 e 192)

No dia 20 de janeiro de 1888 Luís Leite participou de uma reunião de 200 lavradores para discutir o problema da escravidão. Nessa ocasião suas propostas foram rejeitadas, mas ele imediatamente libertou todos os seus trinta escravos.

Em maio ele apresentou uma indicação: a nomeação de

uma comissão de 9 membros para angariar donativos para festejar “a sanção da lei que decreta a abolição da escravidão em todo o Império”. Já se sabia que essa lei estava em poder da Princesa Isabel para ser sancionada a qualquer instante.

Abolida a escravidão, Luís Leite indicou à Câmara, em

17/5/1888:

1)- que se enviassem, por intermédio do Ministro da Agricultura Rodrigo Augusto da Silva, agradecimentos à Princesa Isabel pela Lei Áurea.

2)- idem ao gabinete ministerial de Março.

3)- que a Rua Direita passasse a se chamar Treze de Maio.

4)- que a Rua do Rosário passasse a se chamar Dez de Março.

5)- que se apedregulhasse a Rua da Princesa Imperial.

Todas essas indicações de Luís Leite foram aprovadas por unanimidade.

Após o 15 de Novembro, Luis Leite aderiu à República,  mas a seguir se elegeu Presidente da Câmara e manteve a instituição funcionando. Só em março de 1890 ele propôs a auto-dissolução da Câmara, quando já era iminente a instalação de um Conselho de Intendência.

O golpe frustrado do Marechal Deodoro, apoiado pelo Presidente do Estado de São Paulo, Américo Brasiliense de Almeida Melo, resultou na queda de ambos. Em Amparo, o Conselho de Intendência havia apoiado Américo Brasiliense, perdendo o apoio das principais lideranças locais. Em 14 de dezembro de 1891, uma multidão liderada por Luís de Sousa Leite, Dr. Joaquim José da Silva Pinto Jr., e Dr. João Nepomuceno Nogueira da Mota, que compunham a Junta Revolucionária, proclamou a deposição do Conselho de Intendência e das demais autoridades locais partidárias de Américo Brasiliense.

Na República ainda foi eleito senador estadual em 1892, mas derrotado nas eleições municipais de Amparo de 1905, retirou-se para São Paulo onde faleceu (há uma tradição de que teria falecido vítima de ferimentos sofridos num atropelamento por uma carruagem).

Grande fazendeiro de café em Amparo, foi o maior fator de progresso para a cidade, financiando, custeando e incentivando a realização de obras e serviços públicos, que tornaram Amparo uma cidade dotada de todos os melhoramentos. Foi o grande responsável pela criação do Grupo Escolar que leva o seu nome, o primeiro do Estado.

Pertencia a uma família que migrara em princípios do século XIX do Vale do Paraíba para Mogi Mirim, ligada aos Sousa Freire, outro clã importante na história de Amparo. Casou em 1868 com Deolinda Leite de Sousa Arantes, filha de Francisco Batista de Assis Arantes e de Maria Rosa de  Sousa, neta paterna de João Batista de Assis Arantes, vereador em  Amparo, e de Mariana Isabel de França, neta materna de Antônio de Sousa Melo, de Mogi das Cruzes e de Justiniana Maria de Jesus, sua primeira mulher. Deolinda fora casada em primeiras núpcias em 1864 com seu tio Francisco de Sousa Melo, filho de Antônio de Sousa Melo e Justina Maria de Sousa (CA-5:60). Luís de Sousa Leite e Deolinda tiveram 8 filhos, vários dos quais tomaram parte na política amparense:

1 – Lídia de Sousa Leite, casada com seu primo irmão José Leite de Arruda, que foi vereador e presidente da Câmara de Amparo de 1899 a 1904, sem geração;

2 – José Leite de Sousa, bacharel em direito, vereador, presidente da Câmara Municipal de Amparo, deputado estadual, foi redator do “Diário do Amparo” por volta de 1900. Foi casado com Carlota Cordeiro, filha do major Antônio José Alves Cordeiro e de sua segunda mulher Ana Franco da Silveira; com geração no título Godoys;

3 – Luís Leite Júnior (o Dr. Lulú Leite), bacharel em direito, deputado estadual em 1902, casado com Brandina Aranha, filha do Capitão Joaquim Paulino Barbosa Aranha e de Brasília de Sousa Melo, por esta, neta do Capitão Antônio de Sousa Melo e sua segunda mulher Carolina Leopoldina Aranha. Eleito vereador em Amparo em 1936, renunciou logo a seguir. Era diretor do Banco do Estado de São Paulo em 1945.

4 – Maria de Sousa Leite

5 – Luíza de Sousa Leite, casada com o médico e escritor Cláudio de Sousa Júnior, presidente durante muitos anos da Academia Brasileira Letras, filho de Cláudio Justiniano de Sousa e de Antônia Barbosa (SL,2:324)

6 – Antenor de Sousa Leite

7 – Sofia de Sousa Leite

8 – Raul de Sousa Leite, médico, vereador em Amparo entre 1926 e 1929, casado com Maria Efigênia Pimentel de Sousa Leite, tragicamente morto em 1935.

 

 

NOTAS

 

– 11/9/1875 – rebelião em Socorro contra o alistamento militar – 200 sediciosos invadiram a cidade e rasgaram os papéis da conscrição – o governo mandou 30 praças para lá.

– 24/9/1875 – os motins “Rasga-listas” em Socorro e Serra Negra contra o alistamento militar – o chefe de Polícia e um destacamento de 30 praças, sob comando de um tenente, vão para lá. (OESP)

– 25/9/1875 – Mogi-Mirim ameaçada de invasão dos “rompe-listas, que estão, dizem, com destino de visitar Serra Negra e Amparo, e depois Mogi”. (OESP)

– 26/8/1875 – Amparo de sobreaviso para enfrentar ataque dos “rasga-listas” de Socorro; longa notícia de Socorro e Serra Negra, enviada do Amparo, sobre o motim dos “rasga-listas” vindos de Minas Gerais. O Juiz de Direito de Amparo Aureliano Coutinho e o Delegado de Polícia Luís de Sousa Leite tomaram medidas para repelir a invasão iminente. (OESP)

– 26/9/1875 – os “rasga-listas” em São Simão, em Uberaba e outras cidades do Triângulo Mineiro. (OESP)

– 28/9/1875 – chefe de Polícia voltou do Amparo, onde fora por causa dos “rasga-listas”. (OESP)

– 2/10/1875 – tumultos em Minas Gerais – ainda os “rasga-listas” em Ouro Fino, Itajubá e Santa Rita – discreto apoio da Imprensa aos rebeldes. (OESP)

– 2/10/1875 – tumultos em Minas Gerais – ainda os “rasga-listas” em Ouro Fino, Itajubá e Santa Rita – discreto apoio da Imprensa aos rebeldes. (OESP)

– 5/10/1875 – ainda os motins dos “rasga-listas”; tropas remetidas para Serra Negra e Socorro; o major José Jacinto de Araújo Cintra e Joaquim Pinto de Araújo Cintra (futuro Barão de Campinas) fornecem alimentos para a tropa aquartelada em Amparo. (OESP)

– 12/10/1875 – libertados em Socorro dois indivíduos que haviam aderido aos “rasga-listas” – “a presença de tropas de linha aterrou os moradores da roça”. (OESP)

– 15/10/1875 – rebelião “rasga-lista” também em Pouso Alegre. (OESP)

– 19/10/1875 – notícia da “Tribuna Amparense”: presos os líderes da rebelião em Socorro, pelo juiz Dr. Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho, que para lá se dirigiu – os presos são de Monte Sião: Justino Leite de Moraes, José Tavares de Toledo e Bernardino Cardoso de Godoy. (OESP)

– 24/10/1875 – Dr. Aureliano retornou de Socorro, onde estivera apaziguando os “rasga-listas”. (OESP)

– 20/1/1888 – “Ata da Reunião de Lavradores efetuada no dia 20 do corrente em o Paço da Câmara Municipal”, com a presença de 200 pessôas “de diversas profissões”. O Presidente da Câmara convidou o Dr. José Pinto do Carmo Cintra para presidir os trabalhos. Luís Leite propõe desde logo que os escravos sejam libertados “para o fim da colheita deste ano, não excedendo do dia 25 de dezembro e que nessa ocasião se gratificasse a cada um deles como merecesse pela sua dedicação ao trabalho e bom comportamento. Feita esta proposta por escrito o Comendador Luís Leite sustentando-a disse que os lavradores podiam  determinar o quantum da gratificação”.

O Dr. Antônio Augusto Bittencourt, que falou a seguir, como procurador dos fazendeiros Dr. Carlos Augusto do Amaral Sobrinho e Tenente-Coronel Antônio Pires de Godoy Jorge, e “disse que lhe parecia ser a presente reunião um protesto à de São Paulo, que a anarquia reinava por toda a parte, que a reunião de São Paulo havia sido um desastre e que os lavradores do município deviam se limitar a representar aos poderes constituídos”. É de opinião que qualquer que fosse a solução deveria partir do Legislativo.

Carmo Cintra deixa a presidência e se opõe à proposta de Luís Leite, alegando a anarquia resultante, e o fato de que muitos escravos estavam hipotecados; mostrou uma carta do Banco do Brasil a um lavrador do município proibindo a este libertar seus escravos porque estes eram garantia de empréstimo levantado.

João Belarmino Ferreira de Camargo declarou já haver prometido liberdade a seus escravos no fim da colheita e que então gratificaria seus escravos como merecessem.

Joaquim Floriano declarou ter libertado seus escravos.

Francisco Tristão sustenta que não basta a libertação; é preciso marcar um salário para os ex-escravos. O Comendador Joaquim Pinto sustenta que não há necessidade de promessa de libertação porque essa já era a intenção dos lavradores que podiam faze-la, e que o salário deveria ser resolvido “pela vontade e posse de cada proprietário”.

Há uma lista de alguns lavradores que declararam que libertariam seus escravos no fim da colheita: Francisco Antônio Gonçalves, João de Sousa Campos Pimentel, Francisco de Oliveira Prestes. João de Oliveira César declarou que adotaria a posição que fosse decidida pela maioria.

Elias Lourenço Gomes adota o que foi resolvido na reunião de São Paulo, isto é, prazo de três anos para libertação dos escravos.

Carmo Cintra e Antônio Augusto Bittencourt apresentaram proposta de abolição imediata da escravidão, mas com aumento do policiamento, com “alargamento, medida transitória, das atribuições das autoridades policiais, quanto à prisão preventiva, limitadamente aos libertos e anarquistas que perturbarem a ordem pública e dificultarem a organização do trabalho nas fazendas”.

Em votação a proposta de Luís Leite obteve 21 votos e a de Carmo Cintra 27.

Luís Leite declarou que a reunião não alcançou o resultado desejado pela maioria, que era a libertação no fim da colheita, e pede que a Câmara não seja intermediária da proposta de Carmo Cintra.    Luís Leite declara livres seus 30 escravos a partir desse instante. (Atas, 6:66/69-OESP)

– 12/5/1888 – Sessão Extraordinária convocada para apreciar

a indicação de Luís Leite: nomeação de comissão de 9 membros para angariar donativos para festejar “a sanção da lei que decreta a abolição da escravidão em todo o Império”. Já se sabia que essa lei estava em poder da Princesa Isabel para ser sancionada a qualquer instante. A Câmara de Amparo se adiantou e foram nomeados para o fim proposto: Dr. Antônio Batista de Campos Pereira, Dr. João Pedro da Veiga, Dr. José Pinto Nunes Júnior, Dr. Salvador Donnici, Pe. Pedro Maria D’Amato, João Gomes de Oliveira Carneiro, José Benedito Rodrigues, Felício Granato e Artur de Assis Carvalho. (Atas, 5:117/118)

– 17/5/1888 – Luís Leite indicou à Câmara nessa data:

1)- que se enviassem, por intermédio do Ministro da Agricultura Rodrigo Augusto da Silva, agradecimentos à Princesa Isabel pela Lei Áurea.

2)- idem ao gabinete ministerial de Março.

3)- que a Rua Direita passasse a se chamar Treze de Maio.

4)- que a Rua do Rosário passasse a se chamar Dez de Março.

5)- que se apedregulhasse a Rua da Princesa Imperial.

Todas as indicações de Luís Leite foram aprovadas por unanimidade. (Atas, 6:126)

– 1902 – Luís de Sousa Leite tinha em diversos bairros fazendas com 300.000 cafeeiros (Almanaque do Amparo, 1902) em 1892 tinha 180.000 cafeeiros. (Almanaque do Amparo, 1892)

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