JOSÉ MANUEL DE MIRANDA

 

O Capitão José Manuel de Miranda, também conhecido por Juca Catarina, filho de Antônio José de Lima e Catarina Maria de Jesus, nascido em Bragança em 2 de novembro de 1822, foi casado com Maninha Luísa de Miranda, natural de Santa Bárbara, falecida aos 35 anos de idade em 1865 e enterrada na Igreja do Rosário (EFA, 149/150). José Manuel de Miranda, viúvo de Maninha Luísa de Miranda, casou no Amparo em 1869 com Francisca da Silveira Franco, filha de Francisco da Silveira Franco e de Ana Franco da Silveira, sua parente por afinidade em 2.0  grau mixto ao 1.0   (CA-5:142v). Francisca faleceu em 1876, mas o Capitão Miranda sobreviveu até 1894, deixando importante descendência no Amparo. Foi pai do também vereador Salvador José de Miranda, membro da câmara de 1881 a 1884 e em 1889, e de

João José de Miranda, que era proprietário da chácara denominada “dos Guedes”, na periferia da cidade, junto com o pai, além de Marcos de Miranda. (Atas, 8:100).

     O Capitão Miranda era comerciante, com loja na Rua Direita, atual 13 de Maio, e foi membro destacado do Partido Liberal, tendo ocupado vários cargos públicos de eleição e de nomeação; em 1859 era o agente da Coletoria Geral da vila de Amparo; em 1860 era Inspector da Instrução Pública do distrito de Amparo; em 1862 era sub-delegado de policia e suplente de Juiz Municipal, cargo que voltou a ocupar em 1866 e 1870 (Atas, 1:122v/123; 2:24v/25 e 3:4); em 1878 foi nomeado coletor.

     Já residia no Amparo em 12/11/1857, quando foi constituída uma sociedade entre Zeferino da Costa Guimarães, Joaquim Pereira Paião Silveira, Marcos Evangelista do Amaral e José Manuel de Miranda, para emitir “vales” que sirvam de “moeda de troco”, para remediar a escassez destas (PO/LN,6:38v). Pouco antes disso, em  15/10/1857, José Manuel de Miranda e sua mulher Marinha Luísa de Miranda venderam a Bernardino Bueno da Silva partes nas terras e casas no engenho que lhes tocou por herança de seu finado pai e sogro Pedro José Rodrigues, na Freguesia de Santa Bárbara. (PO/LN,6:32v)

     Já estava integrado na comunidade amparense, pois, em

13/12/1858, José Manuel de Miranda substituiu Antônio Joaquim de Almeida como 4º suplente de Delegado de Polícia.  

     Mas já em 3/9/1860 prestava serviços relevantes a Amparo. Nessa ocasião, a Comissão nomeada para adquirir casas para Cadeia, informou que fez “as compras das casas para Cadea Publica, uma do Capitão José Gomes Barbosa pela quantia de um conto oito centos e setenta mil reis, e outra de Francisco José do Monte unida a mesma, pela quantia de trezentos e cincoenta mil reis, ficando sujeitos ao pagamento da Sisa e entregaram a Escriptura da casa do dito Capitão Gomes à Câmara a qual fica archivada, e agradece sumamente a dita Comissão composta dos Senhores José Manoel de Miranda, Marco Evangelista do Amaral e Zeferino da Costa Guimarães e Antonio Pires de Godoi Jorge os relevantes serviços que tiveram nas subscrições e compras” (Atas, 1:70)

     Em 26 de novembro de 1860 foi chamado como suplente a integrar a Câmara Municipal de Amparo, porque “faltando numero legal para abertura da presente sessão, foi convidado o Senhor Tenente José Manoel de Miranda (que tão bem teve voto para Vereador) e este comparecendo lhe foi dado pelo Senhor Presidente a forma do juramento de estillo para Vereador, prestando o juramento dos Santos Evangelhos em hum livro delles”.

     Foi eleito a primeira vez para a Câmara Municipal em 1860, pelo Partido Liberal, para o quadriênio 1861/1865, ocupando desde logo a presidência da casa. A 2 de fevereiro de 1863 pronunciou violento discurso contra as agressões praticadas pela Inglaterra em razão da “questão Christie”, uma das poucas peças oratórias do período imperial transcritas nas Atas da Câmara. O Capitão Miranda  alugou uma casa de sua propriedade à câmara, na rua Direita, atual Treze de Maio, para realizar suas sessões e as audiências do Juízo. Aliás, no terreno anexo a essa casa foi aberta a atual Rua Capitão Miranda.

     Em 1871 deixou o cargo de Tesoureiro das Obras da Matriz, talvez magoado com o fato de lhe ter sido exigida uma prestação de contas extemporânea. (Atas, 3:14, 16/17 e 38). E, homem honrado, provavelmente também se ofendeu ainda mais, em 6/3/1871, quando o aferidor informou que a “vara” da loja de José Manuel de Miranda tinha uma polegada a menos. (Atas, 3:29 e 30).  

     Foi um dos fundadores da Loja Maçônica Trabalho em 1872. (EFA, 145/146). A despeito disso, ocupou durante muitos anos o posto de Tesoureiro das Obras da Matriz, no período em que esse templo foi construído.

     Por volta de 1875 José Manuel de Miranda e sua mulher Francisca da Silveira Miranda eram proprietários de um sítio no Córrego Vermelho, que venderam nesse mesmo ano a Francisco da Costa Bispo. (1° of., 34:160). Era dono também dos terrenos onde foi aberta a rua que hoje tem o seu nome.

     Em 1877 fez parte da comissão encarregada de angariar na cidade donativos para a construção do Monumento da Independência do Brasil no Ipiranga.

     Voltou à Câmara Municipal em 9/11/1885, ocupando como suplente a vaga deixada por Caetano Breton Ferreira Monforte (EFA, 196 – Atas, 5:43). Em 7/1/1886 foi eleito vice-presidente da Câmara.

     Indicado por seu tradicional adversário Luís Leite em 1888 para o espinhoso e impopular cargo de membro Comissão de Classificação de Capitalistas e Lavradores de Café para fins de imposto, não consta que tenha recusado a incumbência. (Atas, 6:108) 

     Em 1892 foi apresentada à Câmara uma petição do Capitão José Manuel de Miranda e de seu filho João José de Miranda, na qual ambos se declaram proprietários da chácara denominada “dos Guedes” e fazem proposta de permuta de terrenos com áreas da Municipalidade junto ao Cemitério Municipal. O parecer da Comissão de Obras Públicas sobre esta proposta de José Manuel de Miranda foi favorável, visto facilitar o tráfego das carroças de remoção de águas servidas até o Rio Camanducaia. (Atas, 8:100/100v) –

 

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