GOVERNANTES ANTIGOS DE AMPARO

 

INTRODUÇÃO

 

Amparo é uma hoje uma cidade de médio porte e de escassa influência política. Mas nem sempre foi assim; no período que mediou entre 1870 e 1930 a cidade foi uma das mais prósperas do país e teve participação importante, às vezes até decisiva, na vida política do país. O café e a intensa atividade política da elite local deram a ela uma posição privilegiada nas últimas décadas do século XIX, junto com Campinas e Itu.

Amparo foi um dos ninhos onde foram geradas a Abolição e a República. Três dos membros de nossa Câmara Municipal governaram o Estado: Bernardino de Campos, Peixoto Gomide e Carlos de Campos. E convém lembrar que descendem de amparenses dois prefeitos da cidade São Paulo: Francisco Prestes Maia, este nascido aqui, e Wladimir de Toledo Piza, serrano, mas neto de amparense; uma dezena de deputados estaduais aqui nasceram ou viveram parte de suas vidas. Antônio Francisco de Paula Sousa, Ministro da Agricultura, autor do primeiro projeto de abolição da escravatura, e seu filho, de igual nome, fundador da Escola Politécnica e dos cursos profissionalizantes no Brasil, aqui residiam em 1853.

Noutros campos da atividade humana, amparenses ou seus filhos também se destacaram. Laudo de Camargo presidiu o Supremo Tribunal Federal; D. Sebastião Leme da Silveira Cintra, neto de Francisco da Silveira Franco, um dos fundadores da cidade, foi o segundo cardeal brasileiro; o alienista Franco da Rocha é patrono da Psiquiatria no Brasil. E, em nossos dias, Gilberto Bueno Schliter Silva foi Subsecretário Geral da Organização das Nações Unidas.

Nos esportes basta lembrar que Maria Ester Bueno, também neta de Silveira Franco, foi tricampeã em Wimbledon e Maria Lenk, recordista mundial de natação, aqui foi professora de educação física, além das dezenas de astros do futebol que aqui nasceram. Sérgio Jorge e Carlos Vilasboas são fotógrafos de fama internacional. E seria uma lista infindável mencionar escritores, poetas, cientistas, professores universitários e profissionais liberais nascidos em Amparo.

Sim, Amparo é uma pequena cidade, mas tem um grande povo!

A crise de 1929, que arruinou economicamente os cafeicultores, e a revolução de 1930, que destruiu seu poder político, levaram Amparo a uma posição muito mais modesta no cenário do Estado de São Paulo. Lutamos muito para que nossa cidade não afundasse ainda mais na voragem da crise, e conseguimos evitar que ela se transformasse numa das célebres “cidade mortas”, descritas por Monteiro Lobato. Não voltamos ainda ao primeiro patamar do poder que ocupamos no final do século XIX: nossos vereadores não se tornam governadores do Estado, secretários ou ministros, mas já recuperamos nossas posições como cidade com um dos melhores índices de desenvolvimento humano – IDH

Apesar disso, a vocação política de seu povo e até sua localização geográfica próxima à capital, de vez em quando a trazem de volta ao primeiro plano dos acontecimentos. Foi um grupo de amparenses, liderado por Antônio Andreta e Adib Feres Sad, que lançou a candidatura de Jânio Quadros ao governo do Estado. Ao lado disso, as fazendas do governador Carvalho Pinto e do deputado Herbert Levy foram palco de dezenas de reuniões políticas na década de 1950, trazendo ao Amparo figuras como o governador Carlos Lacerda, o Brigadeiro Eduardo Gomes, o Ministro Prado Kelly e inúmeros outros líderes nacionais.

Mesmo durante os vinte anos de regime ditatorial, as oposições amparenses lutaram bravamente, mantendo acesa a luz da liberdade e da dignidade humana. Vários integrantes do MDB local foram presos na década de 1970, assim como elementos ligados ao PCB e aos movimentos sindicais.

Por isso, a idéia deste trabalho é começar a descrever a vida política do município, centrando-a nos seus governantes, Presidentes da Câmara e Prefeitos, os homens que moldaram a cidade na forma que ela tem hoje, bela, limpa, culta e econômica e socialmente desenvolvida. Será uma forma de retribuir aos nossos governantes um pouco do muito progresso que eles deram para a cidade.

Isso terá que ser feito sem esquecer os demais fatores e ambientes que influíram na sua evolução. A ferrovia Mogiana, o braço escravo, a imigração, o café, as escolas, a industrialização, o trabalho de seus habitantes, a generosidade de seus líderes religiosos, a dedicação de professores e servidores públicos, tudo isso contribuiu para superar as crises, estimular o progresso e transformar a aldeola primitiva numa cidade decente e próspera.

Mas a verdade é que coube aos nossos governantes locais a tarefa de coordenar esses fatores e direcioná-los

corretamente, promovendo o progresso e o bem-estar do povo.

Este primeiro esboço abrange apenas o período do Império, mas se Deus nos der vida e saúde, pretendemos elaborar outros dois: um sobre a República Velha, abrangendo de 1889 a 1930, e outro que se estenderá até nossos dias. Dificuldades no acesso à documentação em poder da Secretaria Municipal de Cultura e do Museu Bernardino de Campos limitaram até agora o alcance deste trabalho. Esperamos que as coisas melhorem de ora em diante…

Aproveitamos para agradecer a valiosa colaboração da nossa Câmara Municipal, por seus dirigentes e funcionários, que tem gentilmente facilitado nossa pesquisa.

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