FRANCISCO ANTÔNIO DE ARAÚJO

 

Um dos nomes mais ilustres e influentes da política amparense ao tempo do Império, o Dr. Francisco Antônio de Araújo era natural de Mogi-Mirim, onde nasceu a 27/7/1835. Residiu algum tempo em Campinas, mudando-se para Amparo no final de 1866. Faleceu em São Paulo no dia 3/7/1913, depois de residir muitos anos em Amparo, onde foi lavrador e político, ocupando cargos públicos. Deputado à Assembléia Provincial em diversas legislaturas. Membro do Partido Conservador. (EFA, 36, 41, 43, 56, 62, 99, 108, 197)

    Logo que chegou a Amparo o Dr. Araújo foi encarregado em 26/11/1866 de uma das Comissões de Recrutamento no município de Amparo para a Guerra do Paraguai: a do Bairro dos Mineiros, junto com Inácio José Bueno. (Atas, 2:28v/29)

Em 5/10/1868 um ofício do Secretario do Governo comunicava a nomeação para Delegado de Policia deste Termo do Doutor Francisco Antonio de Araújo, e para primeiro Suplente o Cidadão José Pedro de Godoy Moreira (Atas, 2:72)

     Em 7/10/1868 a lista dos mais votados para Juiz de Paz

mostrava como suplente o Doutor Francisco Antônio de Araújo, lavrador, com 117 votos. (Atas, 2:76/77v)

     A 14/3/1869, o então delegado Dr. Francisco Antônio de Araújo apresenta queixa ao Presidente da Província contra oficiais da Guarda Nacional que não têm atendido às suas requisições para a prisão de criminosos e outros, inclusive dos assassinos do fazendeiro Joaquim Antônio Bueno, ocorrido Há mais de um ano. (EFA, 56)

     Em 26/12/1870 o Dr. Araújo foi nomeado suplente de Juiz Municipal. (Atas,3:4)

Em 27/3/1870 Dr. Francisco Antônio de Araújo, já deputado provincial, profere longo discurso do na Assembléia Provincial, pedindo verba para a estrada de Amparo a Jundiaí; estradas eram um de seus temas prediletos, aliás, tema vital, já que eram péssimos os caminhos da época, criando dificuldades enormes para o escoamento da produção agrícola. (Diário de São Paulo)

     E como lavrador, o Dr. Araújo teve diversas propriedades rurais, uma delas ficava no “Estrada que vai para Campinas pelo Serafimzinho”, mencionada em 1/6/1871, que ele era Inspetor desse caminho. Deve ser a via que passava pelo “bairro dos Mineiros”, retro citado. (Atas, 3:44). Teve outra, nos subúrbios da cidade, na estrada que vai para o Bairro dos Pereiras.

     Em setembro de 1871 Antônio Rodrigues da Silva comunica que seu estado de saúde o impede de tomar posse do cargo de Juiz de Paz; a Câmara convocou o suplente mais votado, Dr. Francisco Antônio de Araújo, para preencher a vaga, que fora aberta com o falecimento de Luís Pinto de Sousa Aranha, empossando-o no dia 20/9/1871. (Atas,3:57 e 68). Essa posse motivou em 1/2/1872 um ofício do Juiz de Direito sobre reclamação de Manuel Fernandes Palhares de Andrade contra a posse do Dr. Francisco Antônio de Araújo no cargo de Juiz de Paz, que cabia a ele Palhares, por ser o 4º Juiz de Paz e lhe caber suceder ao finado Luís Pinto de Sousa Aranha. (Atas,3:87)

     Já em 6/5/1872 ocorreu o juramento do Dr. Francisco Antônio de Araújo, por seu procurador Joaquim Carlos Bernardino da Silva, do cargo de substituto do Juiz Municipal. Provavelmente, o Dr. Araújo estava no exercício do cargo de Deputado Provincial. (Atas,3:98)

Em 13/2/1873 o Dr. Francisco Antônio de Araújo, como deputado, apresenta à Assembléia Provincial projeto criando a comarca de Amparo, compreendendo os termos de Amparo e Belém do Jundiaí. (Diário de São Paulo)

     Em 18/2/1873 o deputado Francisco Antônio de Araújo

pede a colocação na ordem do dia do projeto de Posturas de Amparo. (EFA, 43)

     Voltou a se candidatar a vereador em 1873 para o quatriênio 1873/1877 e foi o mais votado, com 123 votos, assumindo, em conseqüência, o cargo de Presidente da Câmara.

     Já como vereador, em 22/5/1873, o Dr. Araújo indicou a “urgente necessidade o aformoseamento desta cidade que atualmente oferece um aspecto desagradável em consequência da irregularidade que se nota nas construções e desigualdade do terreno em que está situada, convindo estabelecer um plano geral de nivelamento para de conformidade com ele obrigar os particulares a fazer o rebaixamento e calçamento de suas frentes” – para isso sugere à Câmara contratar com o engenheiro da seção da via-férrea, Dr. Silva, um plano geral de nivelamento, “tomando por base o Largo da Matriz” (Atas,3:158)

     Em 1875 ocorreu um incidente desagradável numa das sessões da Câmara, quando uma infâmia assacada contra o Dr. Araújo leva alguns vereadores a atitudes precipitadas. O Vice-Presidente José Pedro de Godoy Moreira em veemente discurso rebateu as infâmias e demonstrou cabalmente a honradez do Dr. Araújo, então ausente.

     Magoado com o incidente o Dr. Araújo comunicou por ofício, em 15/2/1875, que não podia continuar na Presidência da Câmara por ter sido nomeado Juiz Municipal suplente e ter prestado juramento. (Atas,3:245). E em 5/4/1875 um novo ofício do Dr. Francisco Antônio de Araújo  informa ter ele prestado junto ao Governo Provincial as contas da estrada de Campinas. (Atas,3:250)

     Em 7/1/1883, Sessão de Posse, o Dr. Francisco Antônio de Araújo volta à Câmara, eleito junto com Caetano Breton Ferreira Monfort, Antônio Muniz de Sousa, Randolpho Margarido da Silva, Antão de Paula Sousa, Joaquim Manuel de Campos Pinto, Urbano de Azevedo, Albino Alves do Amaral, Tenente Joaquim Antônio de Almeida Sobrinho. (Atas, 4:104v)

Em 21/2/1883, ao ser examinado o Regulamento do Cemitério, houve protesto do Dr. Araújo contra o Regulamento, prometendo recorrer ao Presidente da Província. (Atas, 4:120)

Em 6/5/1883 é concedido habeas-corpus impetrado pelo Dr. João Mendes em favor do Dr. Francisco Antônio de Araújo, processado por injúrias ao juiz municipal em audiência. (Gazeta de Notícias)

Na sessão de 5/7/1883 o Dr. Araújo pede exoneração da Comissão de Requerimentos e é substituído por Antão de Paula Sousa. Dr. Araújo vai para a Comissão de Contas. (Atas, 4:145)

A Câmara começava a ser atingida pela onda abolicionista e o assunto passou a constar dos temas debatidos. Na ata de 21/7/1884 constam estas palavras do Dr. Francisco Antônio de Araújo: “No século em que vivemos não há escravocratas; nos é preciso atendermos que a escravidão está de tal sorte vinculada à nossa vida social e política, que, extingui-la de chofre é comprometer seriamente a vida nacional”. Ele reconhecia a imoralidade da escravidão, mas, como muitos outros, temia os efeitos econômicos da libertação geral dos escravos. (Atas, 4:183)

Nessa mesma ata o Dr. Araújo propõe felicitações da Câmara ao Ministro Martinho de Campos, escravocrata… (Atas, 4:183v)

     Em setembro desse ano as preocupações são outras, e uma indicação do Dr. Araújo, em 5/9/1884 salienta a urgência de contratar serviço de remoção do lixo e águas servidas. (Atas, 4:191). E, em 18/9/1884 o Dr. Araújo reclama que “as posturas estão sendo violadas a cada passo, o cidadão Manuel Joaquim Franco reedificou uma casa na Rua da Princesa Imperial em completo desacordo com as posturas; embargada a obra, foi o proprietário autorizado a continuá-la do modo porque a estava fazendo e assim a concluiu. Consta que o negociante José Francisco Camargo vendera seu negócio e transferira a licença com autorização de um vereador. Tudo isto é abuso que a Câmara não pode tolerar”. (Atas, 4:189v)

Em 13/1/1885 o Dr. Francisco Antônio de Araújo, com 4 votos, é eleito Vice-Presidente da Câmara, derrotando o  Dr. Antônio Muniz de Sousa, 3 votos, e Joaquim Manuel de Campos Pinto, 1 voto. (Atas, 5:1v)

A 28/1/1885 – Dr. Araújo diz que o Código de Posturas em vigor “continha algumas disposições inconstitucionais e vexatórias” e propõe reforma de alguns artigos; a proposta foi aprovada e nomeada uma comissão para a reforma do Código Municipal (de Posturas).(Atas, 5:5)

Na sessão de 24/9/1885 o Dr. Araújo informou que estava para chegar a esta cidade o Bispo do Ceará e pediu que fosse nomeada uma Comissão de Recepção. O nomeado foi ele próprio (vivia-se o auge da Questão Religiosa entre a Igreja e a Maçonaria, e o resto da Câmara provavelmente era constituída de maçons…). (Atas, 5:40)

Em 7/1/1886 na eleição de Presidente da Câmara o Dr. Francisco Antônio de Araújo obtém 5 votos contra 1 do Dr. Randolpho Margarido da Silva. (Atas, 5:55)

No dia 2/4/1886 – às 14 hs. foram os vereadores Dr. Araújo, presidente, Albino Alves e Almeida Sobrinho, à Estação afim de receber o Conselheiro Presidente da Província e conduzi-lo “até o palacete do alferes Luís de Sousa Leite, onde vai hospedar-se com sua comitiva” (era Presidente o Conselheiro João Alfredo?)  (Atas, 5:73)

     A partir de maio desse ano o Dr. Francisco Antônio de Araújo envolve-se numa radical polêmica contra o restante da Câmara; recorre ao Presidente da Província contra decisão da maioria da Câmara que estabeleceu o traçado da estrada para a Vargem Grande. (Atas, 5:80v/83).Acaba sendo nomeada em 24/5/1886 uma comissão composta dos cidadãos José Pedro de Deus, conservador, Pedro Penteado, republicano, e Manuel Francisco de Oliveira Júnior, liberal, para dar parecer sobre essa estrada.  (Atas, 5:82)

Em 26/5/1886, numa atitude quixotesca, O Dr. Francisco Antônio de Araújo renunciou ao mandato. (Atas, 5:83). Mas ele continuou na luta pela estrada; em 26/5/1886 uma justificação é requerida pelo Dr. Francisco Antônio de Araújo perante o Juiz Municipal sobre o atalho da Vargem Grande; citado o Procurador da Câmara João Crisóstomo da Silveira. o Dr. Bernardino de Campos foi indicado para defender a Câmara nesse processo. (Atas, 5:84v)

Em 14/6/1886, esquecidos todos da renúncia, o Dr. Francisco Antônio de Araújo volta à Câmara e reassume a Presidência. (Atas, 5:86v) Nesse mesmo dia o Dr. Francisco Antônio de Araújo desistiu do recurso que interpusera contra a aprovação do traçado da estrada da Vargem Grande. (Atas, 5:86v). Em compensação houve um recurso dos fazendeiros de café João de Lima César e José Franco de Lima contra a aprovação pela Câmara do traçado da estrada da Vargem Grande, dirigido ao Presidente da Província. (Atas, 5:86v/87v)

    Na sessão de 2/9/1886 registra-se uma proposta do Dr. Araújo: a conversão do Lazareto de Varioloso em hospital. (Atas, 5:108v)

Na véspera de Natal desse ano há uma reclamação de Manuel Joaquim Franco de que animais encontrados em suas terras foram liberados sem multa. A informação do Fiscal foi a de que os animais do alferes Eliziário Pires de Ávila foram liberados sem multa, por ordem escrita do Presidente da Câmara Dr. Francisco Antônio de Araújo. (Atas, 5:123v) As explicações do Dr. Araújo: Eliziário tinha “pastos fechados”… (Atas, 5:124)

    No ano seguinte o Dr. Araújo envolve-se em nova polêmica, desta vez sobre a consolidação e publicação das Posturas; a consolidação estava pronta, feita pelo Dr. Araújo; mas ele não a entregou para publicação, nem devolveu os 200$000 cobrados pelo serviço; a Câmara mandou cobrar judicialmente o Dr. Araújo. (Atas, 5: 165v e 184v).

O Dr. Araújo devolveu os 200$000 da consolidação das Posturas. (Atas, 5:190)

    Em 29/11/1888, por proposta de Salvador José de Miranda, filho do chefe liberal Capitão Miranda é dado o nome de Dr. Francisco Antônio de Araújo ao Largo do Mercado; só Silva Pinto vota contra. (Atas, 6:218)

    Manuel Joaquim Franco, depois de morto, conseguiu dar o troco ao Dr. Araújo. Em 11/4/1889 é feita uma apreensão de animais do Dr. Francisco Antônio de Araújo e em 6/6/1889 o Dr. Francisco Antônio de Araújo, multado pela apreensão de seis animais soltos na chácara do “finado Manuel Joaquim Franco”. Em 6/6/1889 é mantida por unanimidade a multa contra o Dr. Francisco Antônio de Araújo. (Atas, 6:287,  343 e 344).

     A última informação que colhemos do Dr. Francisco Antônio de Araújo é a sua nomeação para 3º suplente de Juiz Municipal, em 9/6/1891. (Atas, 7:159)

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