O Amparo no período áureo do café foi um lugar muito animado e alegre, com festas sucessivas e bem freqüentadas. Havia festas de todo tipo, políticas, religiosas,cívicas, piqueniques, passeios, casamentos, batizados (e até alguns velórios eram muito bem servidos, com bebidas e salgadinhos…). Tudo era motivo para festa…
Foi uma época de muito dinheiro e de renda bem distribuída, que havia gerado uma grande classe média. Além disso, as festas eram baratas, pois a alimentação era abundante e de preços baixos, e as bebidas, embora algumas fossem importadas,
também não custavam caro.
O café pagava a conta!
Algumas dessas comemorações ficaram famosas. A festa na Fazenda Palmeiras,do coronel Luís Leite, pelo aniversário da esposa e término da colheita, com ornamentação feita por Alberto de Andrade contou com um trem especial para os convidados, 200 pessoas, entre as quais 120 senhoras e senhoritas , às 5 horas da tarde. Foi servido um vasto cardápio, em quatro sucessivas mesas de banquete. Como o mau tempo inutilizou o pavilhão previamente preparado, foi substituído pela tulha de café. A lista de convidados enche várias páginas, e houve uma intensa troca de brindes. (5/10/1906 – “Correio Paulistano” e “O Estado de S. Paulo”).
Ah! Vocês estão curiosos com o cardápio? Aqui vai ele, todo em francês, que Amparo era era lugar de gente fina: “Potage: Crème asperges – Poissons: Mayonnaise À crevette, Roballo grillé, Sauce Rabigotte – Relevés: Beau Santé á chasseur – Entrées:
Cuissot de porc à la jardinière, Filet pique à la sportman – Légumes: Asperge à beurre noir – Rótis: Dindon à la Pauliste, Poulet róti, Roast-beef à l’anglaise – Dessins: Glace à la creme et abacaxi, Salade-fruits, Thé et café. – Vins: Jerez, Pouli, Grave, Bordeaux, Maccon, Virgem, Clarette, Moscato Espumante, Chateau la Fite, Champagne, Liqueurs, et Cigares”.

Mas houve outras festas, igualmente suntuosas e bem servidas. Em 2/11/1906 o “Correio Paulistano” publica “Impressões”, interessante artigo sobre Amparo, escrito pelo jornalista Mário de Lima Barbosa, no qual descreve uma festa numa fazenda em Coqueiros, cujo dono voltava da Europa. Nessa festa tocou-se “Samba, dança dos negros da roça”, música da qual ele reproduz uma estrofe.
Ainda em novembro desse ano, o coronel Luís Leite ofereceu um banquete aos senadores Dr. Luís de Almeida Nogueira, Dr. Ferreira Leite e Coronel Fernando Prestes,que estavam em visita ao Amparo e a ele Luís Leite. Estavam presentes, além dos
homenageados: João Borges Fleming, Horácio de Siqueira, Capitão João Batista de Lima, Dr. Pinto Lima, Major Felício Granato, Francisco Modesto e filho, Drs. F. Queiroz,Vasco de Toledo, Felipe de Toledo, Vírgílio de Araújo, Mário de Lima Barbosa, Dr. Pinto Nunes, Capitão Benedito de A. Marques, Argemiro de Vasconcelos, José Teodoro de Alvarenga, Lupércio Goulart, Fernando de Moraes Barros, Izidro Teixeira, Dr. João Guedes, Aristides de Macedo, Mário Leite e Aurélio Vaz, da Capital, e Olival Costa. Há uma descrição do cardápio e ao banquete seguiu-se um baile. (16/11/1906 – Correio Paulistano).
O Ano de 1907 começou com a festa de assentamento da soleira da porta principal do Asilo de Mendigos no dia primeiro de janeiro, equivalente à pedra fundamental do edifício, abrilhantada por duas corporações musicais, dos professores Leôncio Alves da
Silva e João Batista do Nascimento, muitos foguetes e a presença de 250 pessoas,recepcionadas por Francisco Silva, primeiro secretário da instituição (6/1/1907 – Correio Paulistano)
Um evento ainda mais comentado ocorreu nesse mesmo mês. A inauguração do Grêmio Português de Beneficiência, com banda de música, baterias de fogos nos Largos de São Benedito, Matriz e Estação, teve também salva de 21 tiros na chegada do Conselheiro Lampréia, ministro português junto ao governo brasileiro, tocando-se na ocasião os hinos de Portugal e do Brasil. Diretoria do Grêmio composta por Manuel José Gomes, Francisco Marques de Almeida, Olímpio Martins Poças, Arthur de Assis Carvalho e Joaquim Martins Loureiro fez as honras da casa, e Augusto Niglio e Francisco Silva secretariaram o ato, que teve início com a benção do edifício pelo Vigário, seguindo-se a visita do Conselheiro ao prédio, acompanhado por Luís Leite, José Silvestre e Augusto Niglio. A festa prosseguiu com a inauguração do retrato do Comendador José Gomes, grande benemérito da instituição, e almoço na casa do Comendador. À tarde houve leilão de prendas no jardim do Grêmio e jantar de 60 talheres na casa do Comendador Gomes, com discurso oficial pelo Dr. Daniel Machado.(26/1/1907 – O Estado de São Paulo)
Os amparenses, porém, não se limitavam a dar festas. Também viajavam e participavam de entretenimentos em outros lugares. “O Estado de São Paulo”, de 2/7/1907 noticiava que uma comitiva amparense em visita São José do Rio Pardo era composta pelo Dr. Flávio de Queiroz, juiz de direito, coronel Pedro Penteado, presidente da Câmara Municipal, e seus filhos Alcides e Ercília, Augusto Niglio,presidente da Associação Comercial, J.F. Lousada, escrivão de paz, e João B. de Lima, advogado. Lá foram recebidos com um banquete oferecido pela Câmara Municipal de São José do Rio Pardo e fizeram uma visita à fazenda do chefe político local, coronel Vicente Dias Júnior. Ficaram hospedados em outra fazenda na Estação Ribeiro do Vale e após novo banquete regressaram a Amparo.
Outro diplomata, o ministro francês Charles Wiener e seu secretário, o Conde de Fally, acompanhados de Lourenço Granato, visitaram Amparo, sendo recebidos com salva de 21 tiros e hospedados pelo Dr. Daniel Machado, com um almoço íntimo. Mais tarde fizeram visitas ao Grêmio Recreativo Italiano, Parque Dr. Arruda e Grêmio Literário. Depois, o ministro assistiu um “assalto de armas” no Club Ginástico e fez uma visita à Matriz, onde ele e seu secretário foram recebidos por Monsenhor Pereira Reimão. E ainda visitou Felício Granato, o Asilo de Mendigos e o Grêmio Português de Beneficiência. E, é claro, não podia faltar um banquete à noite no Club 8 de Setembro, com um discurso do ministro francês. No dia seguinte visitou Monte Alegre, onde João
Herculano da Serra lhe ofereceu “delicada chávena de chocolate” e, na volta, fez uma visita à Usina Elétrica, onde foi servido um lanche.. (25/7/1907- O Estado de São Paulo)
O “Correio Paulistano”, em 13/10/1907, noticia a manifestação ao Senador Luís Leite na sua chegada a Amparo depois de uma viagem. Três mil pessoas o esperavam na Estação, além de membros dos diretórios de Socorro, Mogi-Mirim, Espírito Santo do Pinhal, Pedreira, Monte Alegre, Serra Negra e Coqueiros. Houve discursos de Laurindo Marques, em nome no povo pinhalense, e de Arthur Alves de Godoy, em nome do diretório local. Da Estação dirigiram-se os manifestantes à casa do senador, onde novos discursos foram proferidos, falando ali o Dr. Aristides Seabra, em nome de Socorro e também o Dr. Gomide Vaz de Lima. E claro, não poderia faltar o banquete na residência do senador Luís Leite, e uma nova manifestação à noite, falando Aristides Seabra e Virgílio de Araújo.
Não eram só os ricos fazendeiros e a remediada classe média que faziam festas. O Commercio de São Paulo”, de 2/5/1908, descreve os festejos da classe operária no “1º de Maio”: Alvorada às 4 da manhã pela banda da União Familiar Amparense, saindo da sede da Liga Operária, executando o Hino Operário e marchas; foguetes em profusão; passeata à tarde cumprimentando a imprensa e a Sociedade Recreativa Operária.-E, finalmente, espetáculo pelo Grupo Dramático Amor à Arte
O próprio clero local também apreciava uma festinha. Em 14/6/1908 o Correio Paulistano noticiava uma homenagem a Monsenhor Reimão e seus coadjutores, com uma mesa de doces finos na casa paroquial, onde houve um discurso do Dr. Elias
Mascarenhas e agradecimento de Monsenhor Reimão , tudo abrilhantado pela corporação musical Lira Amparense.
Uma outra modalidade de entretenimento eram os piqueniques, realizados em fazendas e chácaras, mas com o comparecimento de moradores urbanos. Assim, em 22/6/1908, o “ Correio Paulistano” dava a notícia de um “Pic-nic em Pantaleão, na fazenda de Augusto de Arruda”, com a presença de “senhoras, senhoritas e cavalheiros de nossa melhor sociedade”. E, claro, também a corporação musical Lira Amparense lá estava, todos levados em trem especial do ramal de Serra Negra. Neste
caso vamos nos alongar com a lista de participantes, cujos descendentes na maioria até hoje integram a vida de nossa cidade: Leonina Cintra, Cecília Cintra, Maria Louzada, Sebastiana Cintra, Emília Louzada, Colatininha Arruda, Elmira Cintra, Candinha Xavier de Siqueira, Sebastiana Jorge, Helena Bueno de Campos, Olga Cintra, Rosina Xavier, Celeste Rebelo, Celina Xavier, Luzia Arruda, Antonieta Guimarães, Maria Damy., Maria da Conceição, Brasilina Domingues do Nascimento – Dr. Guilherme de Oliveira, coronel Felício Cintra, Augusto Niglio, major Herculano Cintra, Carlos Gomes de Sousa, capitão José Ferreira, Hildebrando Cintra, Alonso Dantas, Joaquim Bernardino de Arruda, João Borges Fleming, Pelayo Arruda, Luís Cintra, maestro Antõnio Jorge, Alberto de Araújo Campos, José Cintra, Raphael Grosmann, Sebastião Cintra, Bernardo Arruda e outros. Augusto de Arruda e Trajano Engler foram os anfitriões; houve discursos, como de costume, além de fotos, que, se reeencontradas, seriam uma preciosidade. Um outro piquenique célebre ocorrera na fazenda do Major Alfredo de Barros, em Coqueiros em 1903, também com trem especial e muitos brindes entre os participantes.
As colônias estrangeiras tinham suas festividades em datas fixas, celebrando eventos patrióticos. No dia 7/10/1911e, em comemoração do primeiro aniversário da proclamação da república portuguesa, bandeiras foram içadas em vários pontos da cidade. Uma delas na residência de Antônio Osório Rebelo da Silva, que no extinto regime serviu como segundo sargento na marinha portuguesa. Aliás, Osório, conhecido como Sargento Areias, esteve preso 6 meses em Moçambique por ter sublevado a tripulação da canhoneira “Rio Lima”, da qual fazia parte, defendendo a causa republicana. Alem disso, foram promovidos espetáculos de gala à noite nos teatros João Caetano e Variedades, falando sobre a data o Dr. Álvaro Silva e o solicitador Francisco Luís da Silva. No Variedades a cançonetista Didi Moraes cantou a “Portuguesa”, sendo o hino ouvido de pé pela numerosa assistência . (O Estado de São Paulo).
Os italianos, por sua vez, comemoravam o “20 de Setembro”, data da entrada das tropas de Garibaldi em Roma.
Mesmo a criançada participava de comemorações. A Festa da Bandeira no Grupo Escolar Luís Leite constou peças executadas por alunos, cujos descendentes ainda honram o Amparo com sua presença: Maria da Conceição, João Carneiro, Eugênia Werneck, José Rosasco, Hermantina Coutinho, Maria Fabrini, Bruno Ferraroli, Antônio Del Corso, Vicente Maurano, Domingo s Ananias, Sebastiana de Freitas, Adalgiza Corrêa de Assis, Percília Carli, Emília Freitas, Ilmen Maia, Maria Rosalina Gomes e Benedita Pupo Vasconcelos. (19/11/1911 – Correio Paulistano)
Um outro piquenique de arromba em 1912 também deixou saudades. A imprensa, paradoxalmente, o intitulou de “Reunião Íntima” (27/6/1912 – O Estado de São Paulo),apesar do número de participantes. Flamínio de Campos Leme reuniu na véspera de São João, em sua fazenda em Coqueiros, grande número de pessoas para jantar, que terminou com animado baile – presentes: Ana de Sales Bueno, Clotilde Silveira Bueno, Berta Bueno de Moraes, Dulce Siqueira Boucault, Cristina Jacobsen, Adelina do Nascimento Miéle, Anabis do Nascimento Assis, Brasília do Nasciment Paiva, Jovina do Nascimento, Amélia S. Campos Leme, Luísa de Melo, Aurea Bueno Silveira, Valeriana de Campos, Horacina Siqueira, Quita Melo, Euclídia Vaz, Maria da Silveira e Silva, Irene da Silva Prado, Maria Augusta de Vasconcelos, Andradina Campos Leme, Matilde Jacobsen, Thura Jacobsen, Tarcília Silveira Bueno, Ana Bueno Machado, Hercília Machado, Durvalina Pires de Ávila, Auta Vaz, Antonieta de Campos, Angelina Melo, Leontina Campos, Francisca de Campos, Jandoca Camargo, Maria de Campos e os senhores: Flamínio de Campos Leme, José de Paiva Vidual, José Ferreira Leite Benedito Loureiro, Eugênio Boucault, Antônio Carlos Pereira de Queiroz, Francisco José de Araújo Filho, Joaquim Bueno de Camargo Silveira, Antônio Bueno de Camargo Silveira, Dr. Pedro Bueno C. Silveira, Bertolino de Campos Bueno, Adolfo Leite de Barros, Antônio de Sousa Melo, José Bueno do Nascimento, José Jacobsen Filho, Pedro Leopoldino de Campos, Mário Pastana, Savinio de Oliveira, Manuel Vaz, Antônio Pires de Ávila, Oscar Bueno de Moraes, Dr. Paulino Recch, Osório Silva, Manuel Vaz Filho,Leôncio Alves da Silva, Antônio Silveira Gomes, José Bueno de Ávila, Carlos de Campos,José de Campos, Benedito de Campos Leme, Benedito Leopoldino, Basílio de Campos Bueno, Paulo Jacobsen, Felício Rossetti, Raul Nunes, João Vieira, Herculano Campos, Francisco Antônio de Oliveira, Amâncio Brandino, José Ramos, Andrada de Campos Leme, José Juliano Neto, José Ferraz de Oliveira, Antenor Pimentel, Manuel José de Araújo Neto, Cássio Queiroz e Caetano Miéle.
Se isso era uma “festa íntima”, imaginem o que eram as outras!…
Perdoem-nos por incluir tantos nomes nesta croniqueta, são os ancestrais de milhares de amparenses de hoje. Não custa recordar seus nomes; afinal já mencionamos o Conselheiro Lampréia, o Conde de Fally, o embaixador Charles Wiener,
Garibald, e uma penca de nomes de gente de fora…

 

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