Dr. Bento de Sousa – 26/3/1890-14/4/1891

Dr. Bento José de Sousa, mencionado por Silva Leme, 6:126, 8-1, foi casado com Ana Cândida de Barros, filha de Bento Paes de Barros.  Era filho do Capitão Bento José de Sousa, natural de Portugal, e de sua segunda mulher Teolinda do Amaral.

Bento José de Sousa formou-se em Medicina em 1870, sendo recebido em Itu, onde morava sua mãe, com “um pomposo baile”, nos espaçosos salões da casa materna.

O Dr. Bento José de Sousa, médico em Capivari, mudou-se em 1880 para sua fazenda no Amparo. Cesário Mota e Cesário Mota Júnior também eram médicos em Capivari, mas pouco clinicavam, o que gerou queixas contra a falta de assistência médica naquela cidade.

Proclamada a República, dissolvidas as Câmaras e criados os Conselhos de Intendência, o  Dr. Bento José de Sousa foi nomeado para o Conselho de Intendência Provisório de Amparo, em 12/3/1890, por ato do governo do Estado.

Em 26/3/1890 o Dr. Bento José de Sousa foi eleito Presidente do Conselho de Intendência Provisório de Amparo obtendo 6 votos, contra 1 do Dr. Carlos de Campos. Foi empossado no mesmo dia, numa sessão presidida pelo último presidente da Câmara Municipal do Império, o Coronel Luís de Sousa Leite. O Dr. Carlos de Campos, filho de Bernardino de Campos, acabou eleito vice-presidente do Conselho de Intendência.

Estranhamente, no mesmo dia, o Dr. Bento José de Sousa, alegando residir em Campinas quando se criou o Imposto sobre Café, requereu que fosse liberado do excesso de lançamento desse tributo.

Poucas semanas depois, o Conselho de Intendência teve que enfrentar um problema gravíssimo: a epidemia de febre amarela em Campinas, que ameaçava se estender a toda a região, já tendo havido casos em Mogi-Mirim. O Conselho adotou várias medidas, embora ainda não se soubesse na época que o combate ao mosquito transmissor, o aedes aegipt, deveria ser a principal providência:

nomear inspetores de higiene para cada quarteirão para visitas domiciliares; obrigar a desinfecção das latrinas; obrigar os aguadeiros, que fornecem água potável para a cidade a manter em asseio as pipas; varrer as ruas aos sábados; adquirir desinfetantes; contratar um serviço provisório diário de remoção do lixo e águas servidas; designar prédio apropriado para isolamento dos doentes em caso de epidemia; desinfetar os vasos sanitários usados pelos pacientes; solicitar aos facultativos que comuniquem ao Presidente da Intendência os casos de epidemia que estiverem sob seus cuidados; fazer cumprir com severidade as posturas relativas a higiene.

Em 30/1/1891, o Dr. Bento José de Sousa e sua mulher Ana Cândida de Barros, já então moradores na Rua Luís Leite, venderam a Fazenda “Três Pontes”, com 338 hectares, plantados em café, a Sílvio Alves Pinto, de 18 anos de idade, este acompanhado de seu pai e tutor Custódio Manuel Alves, por 152:000$000. Esse imóvel fora herdado de Teolinda Augusta do Amaral Sousa, mãe e sogra dos vendedores.

Em 8/4/1891, em sessão ordinária presidida por Bento de Sousa, presentes José Pedro de Deus, Felício Granato e Damásio Pimentel, é lido um ofício do governador elevando de sete para nove o número de membros do Conselho de Intendência e nomeados para completar o número e preencher as vagas de João Belarmino e Pedro Pastana, os cidadãos Albino Alves do Amaral, Dr. João Pedro da Veiga, Francisco Xavier da Silveira e Joaquim Martins Barbosa (não há notícia anterior nas atas da exoneração de João Belarmino e de Pedro Pastana). Também foi concedida pelo governo do Estado a exoneração de Jerônimo Tavares. É dada posse aos eleitos e o Dr.João Pedro da Veiga requer que se proceda a eleição de um vice-presidente para preencher a vaga desse lugar. Procedeu-se então à eleição do vice-presidente, sendo votados: Joaquim Martins Barbosa, 3 votos, Bernardino Alves de Sousa, 3 votos, Dr. João Pedro da Veiga, 2 votos, e Albino Alves do Amaral, 1 voto, sendo declarado eleito Martins Barbosa.

Surgiu nessa sessão um sinal de futuras lutas políticas com uma indicação de Joaquim Martins Barbosa: “Não nos inspirando confiança as comissões eleitorais nomeadas pelo Sr. Dr. Presidente da Intendência Municipal, indicamos que o mesmo Sr. Presidente proceda à substituição das respectivas mesas eleitorais”. Essa indicação foi apoiada por João Pedro da Veiga, Albino Alves do Amaral, Francisco Xavier da Silveira e Bernardino Alves de Sousa. O Presidente Dr. Bento José de Sousa não tomou conhecimento da indicação, alegando estar amparado pelo Dec. 511, de 23/6/1890, arts. 8, 13 e 14. Martins Barbosa declarou então que recorria da decisão do Presidente para o Governador do Estado. Poucos dias depois, o governo do Estado, dirigido por Américo Brasiliense de Almeida Melo, demitiu o Dr. Bento do Conselho de Intendência. O episódio acabaria meses depois resultando na deposição desse grupo de membros do Conselho de Intendência, mas o Dr. Bento já não estava presente, pois, em 10/6/1891, os jornais noticiavam que Dr. Bento de Sousa estava se mudando para São Paulo.

 

NOTAS

 

– 10/1/1871 – Dr. Bento José de Sousa volta a Itu, já formado em Medicina. D. Teolinda Amaral, sua mãe, ofereceu “um pomposo baile, nos espaçosos salões” de sua casa no dia 26/12/1870. (CP)

– 19/2/1880 – Dr. Bento José de Sousa, médico em Capivari, mudou-se para sua fazenda no Amparo. Cesário Mota e Cesário Mota Júnior também eram médicos em Capivari, mas pouco clinicavam. (OESP)

– 12/3/1890 –  Dr. Bento José de Sousa nomeado para o Conselho de Intendência Provisório de Amparo, por ato do governo do Estado. (Atas, 7:54v)

– 26/3/1890 – Eleição do Presidente do Conselho de Intendência Provisório de Amparo: Dr. Bento José de Sousa, 6 votos, Dr. Carlos de Campos, 1 voto.

– 26/3/1890 – o Dr. Bento José de Sousa, alegando residir em Campinas quando se criou o Imposto sobre Café, requer que seja liberado do excesso de lançamento. (Atas, 7:55/57)

– 26/3/1890 – Sessão de posse do Conselho de Intendência Municipal, presidida e aberta pelo Presidente da Câmara Municipal Luís de Sousa Leite, com a presença dos vereadores Martins Barbosa, Arruda, Mendes do Amaral, Rocha e Miranda. É lido um ofício do Governador do Estado, datado de 12/3/1890, comunicando a dissolução da Câmara e a nomeação de um Conselho de Intendência Provisório, composto dos cidadãos: Dr. Carlos de Campos, Dr. Bento José de Sousa, João Belarmino Ferreira de Camargo, Damásio Pires Pimentel, Joaquim Machado Júnior, Felício Granato e José Pedro de Deus. A seguir, realizou-se a posse e

Foi eleito Presidente do Conselho de Intendência o Dr. Bento José de Sousa, com 6 votos, tendo o Dr. Carlos de Campos, 1 voto. Para Vice-Presidente foi eleito o Dr. Carlos de Campos, com 6 votos, tendo Joaquim Machado Júnior, 1 voto. (Atas, 7:54v/55)

– 19/4/1890 – O Conselho de Intendência em sessão extraordinária, presidida pelo Dr. Bento de Sousa, presentes todos os intendentes, menos Damásio Pimentel, convocada para discutir a epidemia de febre amarela em Campinas, alertada pela ocorrência de  casos em Mogi-Mirim, decide: (só uma providência realmente seria útil e não foi tomada: o combate ao mosquito transmissor, o aedes aegipt, por meio do combate às águas estagnadas):- nomear inspetores de higiene para cada quarteirão para visitas domiciliares; obrigar a desinfecção das latrinas; obrigar os aguadeiros, que fornecem água potável para a cidade a manter em asseio as pipas; varrer as ruas aos sábados; adquirir desinfetantes; contratar um serviço provisório diário de remoção do lixo e águas servidas; designar prédio apropriado para isolamento dos doentes em caso de epidemia; desinfetar os vasos sanitários usados pelos pacientes; solicitar aos facultativos que comuniquem ao Presidente da Intendência os casos de epidemia que estiverem sob seus cuidados; fazer cumprir com severidade as posturas relativas a higiene. (Atas, 7:65/65v)

– 30/1/1891 – Dr. Bento José de Sousa e sua mulher Ana Cândida de Barros, moradores na Rua Luís Leite, venderam a Fazenda “Três Pontes”, com 338 hectares, plantados em café, a Sílvio Alves Pinto, de 18 anos de idade, acompanhado de seu pai e tutor Custódio Manuel Alves, por 152:000$000. Esse imóvel fora herdado de Teolinda Augusta do Amaral Sousa, mãe e sogra dos vendedores. (2ºof.3:32 – SL, 4:201 e 6:126, 1-1)

– 8/4/1891 – Em sessão ordinária, presidida por Bento de Sousa, presentes José Pedro de Deus, Felício Granato e Damásio Pimentel, é lido um ofício do governador elevando de sete para nove o número de membros do Conselho de Intendência e nomeados para completar o número e preencher as vagas de João Belarmino e Pedro Pastana, os cidadãos Albino Alves do Amaral, Dr. João Pedro da Veiga, Francisco Xavier da Silveira e Joaquim Martins Barbosa (não há notícia anterior nas atas da exoneração de João Belarmino e de Pedro Pastana). Também foi concedida pelo governo do Estado a exoneração de Jerônimo Tavares. É dada posse aos eleitos e o Dr.João Pedro da Veiga requer que se proceda a eleição de um vice-presidente para preencher a vaga desse lugar. Procedeu-se então à eleição do vice-presidente, sendo votados: Joaquim Martins Barbosa, 3 votos, Bernardino Alves de Sousa, 3 votos, Dr. João Pedro da Veiga, 2 votos, e Albino Alves do Amaral, 1 voto, sendo declarado eleito Martins Barbosa.

Surgiu nessa sessão um sinal de futuras lutas políticas com uma indicação de Joaquim Martins Barbosa: “Não nos inspirando confiança as comissões eleitorais nomeadas pelo Sr. Dr. Presidente da Intendência Municipal, indicamos que o mesmo Sr. Presidente proceda à substituição das respectivas mesas eleitorais”. Essa indicação foi apoiada por João Pedro da Veiga, Albino Alves do Amaral, Francisco Xavier da Silveira e Bernardino Alves de Sousa. O Presidente Dr. Bento José de Sousa não tomou conhecimento da indicação, alegando estar amparado pelo Dec. 511, de 23/6/1890, arts. 8, 13 e 14. Martins Barbosa declarou então que recorria da decisão do Presidente para o Governador do Estado. (Atas, 7:143/143v)

– 14/4/1891 – Agravam-se as divergências na política amparense. Realiza-se uma sessão extraordinária sob a presidência de Martins Barbosa, presentes Dr. João Pedro da Veiga, Francisco Xavier da Silveira, e Bernardino Alves de Sousa, faltando por estarem fora do município Albino Alves do Amaral e Damásio Pimentel, e sem justificação José Pedro de Deus e Felício Granato, convocada pela necessidade de se eleger um presidente, já que fora dada pelo governo demissão ao Dr. Bento José de Sousa. Alexandre Eboli, que fora nomeado membro da Intendência, em lugar do Dr. Bento José de Sousa, exonerado pelo Governador, estava presente, prestou compromisso e foi-lhe dada posse. Procedeu-se à eleição do novo Presidente do Conselho: Dr. João Pedro da Veiga, 4 votos – Bernardino Alves de Sousa, 1 voto. Essa facção seria deposta meses depois, em meio a um tumulto público, por ter apoiado o governo de Américo Brasiliense e o golpe do Marechal Deodoro. (Atas, 7:145v/146)

– 10/6/1891 – Dr. Bento de Sousa mudando para São Paulo – foi médico em Amparo. (OESP)

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