DESCRIÇÃO DOS TRABALHOS

 

Mais uma vez os liberais formaram a maioria da Câmara Municipal de Amparo, pois apenas dois vereadores, Francisco de Sousa Melo e Joaquim de Lima Ribeiro, podem ser identificados como conservadores.

A presidência deveria caber ao liberal Antônio Pires de Godoy Jorge, o mais votado, mas como este estava servindo de juiz municipal, passou a presidência ao campineiro, também liberal, Ermelindo de Assis Pupo Nogueira. Godoy Jorge só reassumiu a direção da casa em 18 de setembro de 1865. Ao longo dos anos seguintes, Godoy Jorge voltou a se afastar da presidência várias vezes, sendo substituído por Palhares de Andrade, Sousa Toledo e Manso de Almeida.

A Câmara tratou de uma grande diversidade de assuntos, como construção de calçadas e pontes, apreensão de animais soltos pelas ruas, trancamento de estradas por particulares, obras nas igrejas (a Igreja do Rosário estava servindo de Matriz, mas ambas estavam em reforma), emendas ao Código de Posturas, a “fatura” (conservação) dos caminhos, alinhamento e arruamento, tratamento de variolosos, nomeação e posse de empregados e de autoridades, substituição do vereador Sousa Melo, que falecera, pelo suplente José Antônio de Camargo Moreira, e medidas de higiene pública.

As repetidas faltas de vereadores prejudicaram os trabalhos em muitas oportunidades, obrigando mesmo, em 2/9/1867, o vereador Palhares de Andrade, então na presidência, a convocar de uma só vez três suplentes. Já anteriormente, em 19/6/1866, a Câmara fora obrigada a convocar quatro suplentes, mas todos se escusaram, sendo chamados os seguintes em votos.

Entretanto, como o período todo da legislatura corresponde à Guerra do Paraguai, exigindo uma maior unidade nacional, os trabalhos da câmara decorreram em relativa harmonia. A Câmara, aliás, cuidou repetidamente do delicado e traumático assunto do recrutamento de soldados para o Exército, mas conseguiu arregimentar uma centena de voluntários e recrutas.

Essa paz seria quebrada no final do quatriênio pelo grave conflito entre conservadores e liberais, ocorrido na Igreja do Rosário, no dia 2 de fevereiro de 1869, durante a apuração de uma eleição. O Dr. Áureo de Almeida Camargo, nas suas “Efemérides Amparenses”, p. 34, menciona o incidente e dá uma lista de envolvidos, alguns dos quais feridos: Antão de Paula Sousa, Bernardino de Campos, João Pedro e Bento de Godoy Moreira, Antônio Bueno de Camargo Silveira, Joaquim de Paula Sousa Camargo, José Inácio Teixeira, Inácio José Bueno, Antônio Pires de Godoy Jorge, Antônio Joaquim de Oliveira Prestes Júnior, Joaquim Franco de Camargo, Dr. José Pinto Nunes Júnior, Hipólito Firmino de Sousa Peruche, José Lourenço Gomes Júnior.

É tradição em minha família de que meu bisavô João Pires Batista, o Pirão, cognome dado por sua elevada estatura, também participou desse conflito.

As atas da Câmara silenciam sobre esses fatos.

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