Ao Leitor

Ao Leitor

Ao Leitor   Amparo é uma hoje uma cidade de médio porte e de escassa influência política. Mas nem sempre foi assim; no período que mediou entre 1870 e 1930 a cidade foi uma das mais prósperas do país e teve participação importante, às vezes até decisiva, na vida política do país. O café e a intensa atividade política da elite local deram a ela uma posição privilegiada nas últimas décadas do século XIX, junto com Campinas e Itu. Amparo foi um dos ninhos onde foram geradas a Abolição e a República. Três dos membros de nossa Câmara Municipal governaram o Estado: Bernardino de Campos, Peixoto Gomide e Carlos de Campos. E convém lembrar que descendem de amparenses dois prefeitos da cidade São Paulo: Francisco Prestes Maia, este nascido aqui, e Wladimir de Toledo Piza, serrano, mas neto de amparense; … Continue...
I – Onças e Índios

I – Onças e Índios

I – Onças e Índios.   A cidade do Amparo nasceu de uma pequena povoação iniciada em época indefinida, mas seguramente anterior a 1770, na margem do Camanducaia, à beira de um caminho que ligava a Estrada do Pau Cerne e o Vale do Paraíba ao “Caminhos dos Goiazes”, passando por Atibaia. Havia milênios que a região era habitada por onças e índios e nem mesmo os bandeirantes paulistas se estabeleceram nela; o relevo montanhoso e a floresta densa desestimulavam a colonização. A região passou a ser mais freqüentada no século XVIII. Uma forte e ainda mal estudada migração foi provocada pela construção do “Caminho Novo”, aberto por Garcia Rodrigues Paes, que ligou Minas Gerais ao Rio de Janeiro. Esse novo acesso ao mar deixou o Vale do Paraíba fora da rota dos mineradores e comerciantes que abasteciam Minas Gerais. … Continue...
II – Uma Capela

II – Uma Capela

II – Uma Capela   Assim, logo que se formou um núcleo populacional mais denso, provavelmente nos primeiros anos do século XIX, uma capela foi erigida às margens do Camanducaia e um pequeno vilarejo se formou. Uma inundação, por volta de 1815, obrigou a mudança da capela para a encosta, em terreno doado por João Bueno da Cunha, onde hoje se ergue a majestosa Catedral de Nossa Senhora do Amparo. A esta altura é preciso que ressaltar que os proprietários bragantinos, que se instalaram na Vargem Grande e ao longo do Camanducaia, pertenciam à elite política da vila de Bragança, quase todos tendo ocupado cargos de vereador ou de juiz ordinário. Ao mesmo tempo, sesmarias concedidas ao norte do Camanducaia, a Pedro Nunes e Silveira Franco, e a ocupação por posseiros (vários lugares no município tem o nome de “posse”), … Continue...
III – Uma Capela Curada

III – Uma Capela Curada

III – Uma Capela Curada   O distrito das capelas curadas se denominava “Aplicação” e era essencialmente uma divisão eclesiástica. Entretanto, já importava em importantes conseqüências administrativas: o aglomerado urbano deveria obedecer aos códigos de posturas do município (no nosso caso, Bragança) e eram nomeadas os primeiros funcionários públicos, um fiscal e seu escrivão, além de um arruador. Não havia atividade política formal, pois esta se desenrolava em Bragança, sede do município, mas certamente havia eleitores que votavam nas eleições municipais, tanto que Felipe Pires de Ávila foi eleito vereador em Bragança. Alguns indícios mostram, porém, que as divisões ideológicas já se manifestavam. O verso da primeira folha do precioso livro de arruamentos, já em frangalhos na época em que a consultei e hoje desaparecida, registra uma multa aplicada a Francisco da Silveira Franco e Francisco Xavier dos Passos, patriarcas … Continue...
IV – A Revolução dos Cintras

IV – A Revolução dos Cintras

IV – A Revolução dos Cintras   Os liberais apeados do poder na província não se conformaram com a nomeação do Marquês de Monte Alegre para o governo de São Paulo. O mais exaltado era exatamente o Padre Diogo Antônio Feijó, que combatera com mão de ferro as revoluções e motins que se seguiram à queda do Imperador  D. Pedro I. Aliado a Feijó estava o prestigioso chefe liberal de Sorocaba, Rafael Tobias de Aguiar, que se casara com a antiga favorita do Imperador, a Marquesa de Santos. A conspiração liberal começou já com a intenção de derrubar o presidente da província pelas armas.  A 17 de maio de 1842 a revolta pipocou no Vale do Paraíba, em Sorocaba, Campinas e outros lugares.     Em Amparo, nessa época, as famílias Silveira Franco e Cintra lideravam o Partido Liberal, enquanto os … Continue...
V – Vila, enfim…

V – Vila, enfim…

V – Vila, enfim…   A 14 de março de 1857 foi aprovado o projeto n. 14, do deputado Dr. Joaquim Pinto Porto, elevando a Freguesia de Amparo à categoria de vila; estava criado o nosso município. O Dr. Pinto Porto fora juiz de direito em Bragança, mas era gaúcho de Candelária-RS, formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. É provável que advogados de Amparo tenham mantido entendimentos com esse parlamentar, convencendo-o a apresentar o projeto. A Câmara Municipal de Amparo, porém, só foi instalada em novembro desse ano. Seu primeiro presidente foi o Dr. Joaquim Mariano Galvão de Moura Lacerda, santista, advogado e fazendeiro em Amparo, sendo lícito crer que ele foi um dos que participaram dos entendimentos para a criação do município. Conservadores e liberais dividiram os cargos de vereador da primeira legislatura. Não conseguimos … Continue...
VI – As Câmaras Municipais

VI – As Câmaras Municipais

VI – As Câmaras Municipais   As Câmaras Municipais são uma instituição ibérica que remonta a épocas anteriores à fundação do Reino de Portugal, ou seja, já existiam antes de 1140. Sua função era administrar os municípios e distribuir justiça nas pequenas causas. Trinta anos depois da descoberta do Brasil aqui se instalou a primeira câmara em São Vicente. Logo, em cada capitania passou a haver pelo menos uma câmara; nos séculos seguintes elas se multiplicaram e chegaram a muitas dezenas (ou, talvez, a algumas poucas centenas). Eram compostas em geral por dois juízes ordinários, dois vereadores e um procurador, este encarregado de executar as deliberações da câmara. Eram eleitos trienalmente pelos “homens bons”, cidadãos que, sem título de nobreza, detinham prestígio e algum poder econômico na comunidade. A presidência das sessões cabia ao juiz mais velho. Algumas câmaras tiveram … Continue...