Amparo e seu equipamento urbano
Até agora cuidamos do passado. E hoje? Como é o Amparo de nossos dias? Somos dignos de nossos ancestrais? A cidade progrediu como se esperava?
Neste início de milênio, podemos nos gabar de que Amparo tem todos os equipamentos urbanos de uma cidade moderna. Abastecimento e tratamento de água, rede de esgotos, iluminação pública, pavimentação, tratamento de esgotos – hospitais e leitos hospitalares – postos de saúde – serviço de ambulâncias – corpo de bombeiros – companhia de Polícia Militar – escolas e vagas – ruas e praças – jardim público – parque municipal – edifícios públicos – prefeitura – fórum – Observatórios Astronômicos, dois… – seria preciso um Jorge Pires de Godoy para listar tudo num Almanaque…
Amparo na Cultura
E tem, como já mencionamos, no setor cultural: biblioteca pública – museu – academia de letras – casa da cultura – pinacoteca – grupos teatrais de amadores e um teatro a ser construído em breve. Temos dois jornais semanais, “A Tribuna” e o “Correio Amparense”; três rádios emissoras… e um monte de gente trocando informações, fotos e vídeos no “Facebook”, sob a liderança do professor Luís Pereira de Oliveira.
E segundo os jornais da capital, em suas seções especializadas, temos a mais movimentada “vida noturna” do Interior, com dezenas de bares e barzinhos… além do Festival de Inverno, das quermesses de São Benedito e da Catedral, e do “bar do tigrinho”, uma experiência comunitária de bebedores de cerveja … Isso, sem contar as “boites”, que abrem e fecham…
Amparo na Política
Antes de 1930 demos ao Brasil ministros, governadores, senadores e deputados. Agora nada temos além de prefeito e câmara municipal… Os “deputados da região” nada fazem por Amparo, só defendendo o interesse de outras cidades.
Talvez seja melhor assim. Não devemos nada aos governos, quer federal, quer estadual. O governo federal nunca fez nada por Amparo, e o governo estadual faz o possível para nos prejudicar. E os “deputados da região” um dia terão que prestar contas ao Altíssimo, já que não as prestam a seus eleitores amparenses.
Amparo na Economia
Ainda produzimos Café, mas já não somos os maiores. Entretanto, no governo Geisel, o ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen veio à televisão explicar que havia alterado o cálculo do índice de custo de vida, para excluir o “Chuchu”, porque uma geada devastara as plantações de Amparo, maior produtor nacional dessa hortaliça. Também produzimos aves e ovos em grande quantidade e há extensas plantações de eucaliptos. Somos, pois, ainda importantes na produção agrícola. É pena, porém, que a viticultura não tenha conseguido sobreviver à década de 1940.
Nosso parque industrial perdeu as pequenas metalúrgicas e tecelagens, devoradas pela concorrência internacional e pelas grandes empresas desses setores, mas em compensação ganhamos a Ypê, maior produtora de sabão e derivados, e a multinacional Magnetti-Marelli, o Lanifício Amparo, a IBRAMED, e a Cola Rebiéri, que ainda funciona em Arcadas, além de numerosas pequenas indústrias de alta tecnologia. Num balanço geral, nosso parque industrial é hoje bem mais importante do que era há 50 anos.
O comércio tradicional da Rua 13 de Maio, foi bastante alterado, desaparecendo certo tipo de lojas que caiu em desuso, como as casas de tecidos, alfaiatarias, chapelarias e a maior parte dos bares e cafés. No centro da cidade, Casas Bahia, Ponto Frio, Magazine Luiza, Overlar, as Casas Pernambucanas, quase centenária, são os principais estabelecimentos. No restante da cidade, armazéns e açougues desapareceram, substituídos pelos supermercados. O Supermercado Guarani e outros supermercados atendem a população, assim como papelarias, armazéns, farmácias, agências de turismo, lojas de informática, hotéis, centenas de bares, lanchonetes e restaurantes (lembrando com saudade a padaria do Farah, a sapataria do Geraldini, a loja do Xisto, a Loja Gama, a Loja Marques, o bazar Armellini, as farmácias São José, São Miguel, e as do Paulo Monteiro e do José Marques Neto, e os hotéis Berardo e Central).
Amparo no Mundo
Há amparenses no mundo todo… São tantos que Amparo teve uma embaixada, a Casa do Amparense em S.Paulo. Há amparenses em todos os Estados do Brasil, na Europa, nos Estados Unidos, na Austrália, na Índia e provavelmente em dezenas de outros lugares. Nosso amigo Paulo Scalvi, motorista especializado em viagens aos aeroportos, nos forneceu uma lista de países onde amparenses vivem ou trabalham, aos quais teve oportunidade de conduzir: Alemanha, Austrália, Áustria, Canadá, Dubai, Emirados Árabes, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Inglaterra, Irlanda, Itália, México, Portugal, Suiça e Singapura.
Por isso, os encontros inesperados entre amparenses em plagas distantes são comuns. Há algum tempo, um grupo de amparenses, entre os quais estavam Olávio Ribeiro e Alberto Pagan, encontrou um amparense na Argentina fazendo espionagem industrial… O autor destas linhas estava numa rua em Rio Branco, no Acre, à noite, quando foi chamado pela sua alcunha familiar e descobriu que estava sendo chamado pelo Dr. Mantovani, delegado da Polícia Federal, então ali domiciliado, mas amparense da gema.
Aliás, os nativos de Amparo fazem bonito em outros lugares, difundindo o nome da cidade. Os escoteiros amparenses no centenário da Independência do Brasil, em 1922, se exibiram com extraordinário sucesso no Rio de Janeiro, tornando nossa cidade conhecida no país todo. Em 21/10/1922 escoteiros de Amparo na Exposição da Independência prestaram homenagem ao presidente da República e fizeram guarda no Pavilhão da Itália (A Noite-RJ). Em 26/10/1922 escoteiros de Amparo se apresentaram no “Dia do Artista “no Rio de Janeiro (A Noite-RJ).
E os nomes de Bernardino de Campos, Laudo de Camargo, Franco da Rocha e Prestes Maia são cultuados até hoje no Brasil, com frequentes menções na imprensa. Somos uma cidade conhecida pelas obras de seus filhos.
Em Suma
Nos ufanamos porque Amparo é diferente. É diferente porque temos alma. Ter alma significa ter uma cultura própria, tradições e hábitos que logo nos identificam. E para adquirir essa cultura amparense, basta morar aqui alguns meses. Ninguém bebe impunemente a água do Camanducaia, sem ficar eternamente ligado a esta terra. Encontramos em lugares distantes gente que morou aqui uns poucos meses e se identifica com orgulho como “amparense”, assim que mencionamos nossa terra.
Somos realmente uma flor que cresceu nos verdes montanhas da Mantiqueira, às margens do bucólico Camanducaia. A cidade e os amparenses vivem, trabalham e progridem sob a proteção do manto azul de Nossa Senhora do Amparo. Tem mesmo que ser um lugar maravilhoso!
“Porque me Ufano do meu Amparo”
Janeiro de 2018
José Eduardo de Godoy