Amparo passou por outros eventos marcantes?  Ou nada mais importante aconteceu aqui?

Como qualquer lugar, vivemos acontecimentos variados, uns felizes e outros desagradáveis.     Sim, tivemos outros eventos que marcaram a memória – alguns bem ruinzinhos, como crimes e desastres naturais, enchentes, terremotos, furacões, gafanhotos, geadas e epidemias, mas também festas inolvidáveis, visitas ilustres e fatos sociais importantes.

A cidade é bastante salubre, distante de pântanos, batida de ventos saudáveis, com boas águas, e isso nos preservou das epidemias de febre amarela que devastaram Campinas, Santos, o Rio de Janeiro e tantas outras cidades brasileiras. Mas tivemos que lutar muito para conter a varíola; a construção de hospitais de isolamento e a vacinação nos permitiram superar essa terrível moléstia. Depois, em 1918, fomos assolados pela pandemia mundial da “gripe espanhola”, contra a qual não havia defesa. E ainda na segunda metade do século XX as gripes “asiática”, “hong-kong” e “coreana” nos atingiram, mas felizmente sem causar vítimas fatais.

O rio Camanducaia nos pregou vários sustos até ser retificado. Além da enchente anual, vez por outra, ele provocou inundações bastante extensas e danosas.  Em 1895 uma chuva ininterrupta de 5 horas encontrou o rio já cheio e boa parte da cidade foi alagada, fato que se repetiu em 1922, 1929 e1970. As obras de retificação promovidas pela Prefeitura resolveram esse problema.

Furacões não temos, mas de vez em quando ocorrem fortes ventanias, sendo lembrada a de 9 de setembro de 1956, que chegou a assustar. E geadas, como a de 1918, são lembradas até hoje.  Algumas nuvens de gafanhotos visitaram nossa região e pousaram na fazenda de Inácio Pupo, comendo tudo o que encontraram.

E terremotos?  Em 27 de janeiro de 1922 um forte tremor de terra atingiu o Estado de de São Paulo; houve desabamentos em Amparo e Caldas (A Noite-RJ – 28/1/1922); e Amparo houve terror entre imigrantes japoneses e italianos, que passaram a noite ao relento (A Noite-RJ).  Afora algumas paredes trincadas e o desabamento de alguns casebres, sem vítimas, não houve maiores danos. Graças a Deus estamos fora das zonas onde tal fenômeno é frequente.

E, é claro, tivemos que lutar muito para enfrentar a “Crise do café” e para sobreviver na “Grande Depressão” que se seguiu.

Superamos, porém, todos esses óbices, com galhardia e muito trabalho.  Em

compensação tivemos nossos bons momentos, com longas épocas de prosperidade,

boas safras, clima ameno, festas frequentes e animadas, vitórias esportivas, alegres piqueniques, comemorações imponentes, sucessos de amparenses nas artes, nas ciências e nas profissões.

A ereção da Capela Curada em 1829, a criação da freguesia em 1839, a vila em 1857, a elevação à categoria de cidade em 1865, as vitórias militares nas guerras do Sul e na Guerra do Paraguai, a criação da comarca em 1875, a chegada dos trilhos da Mogiana, a visita do Imperador em 1878, a visita do Conde d’Eu, a Abolição e a Proclamação da República, foram eventos marcantes, festivamente comemorados.  Não foram, porém, apenas motivo de festas cada um desses eventos trouxe mudanças profundas na vida da cidade. A imigração europeia foi também um episódio digno de nota, pois também trouxe não apenas novos moradores, mas novos hábitos, novas técnicas, novas formas de trabalho.

Depois disso, a inauguração do Hospital Ana Cintra, do Teatro João Caetano, do Grêmio Português, do Jardim Público, dos Grupos Escolares e da Escola Profissional, a instalação dos serviços de águas e esgotos e iluminação elétrica, as visitas de embaixadores e governantes do Estado, também foram motivo para festas e regozijo popular. Aliás, uma festa memorável foi a inauguração da ponte do Jaguari, no bairro das Onças, em 1922, com a presença do Presidente do Estado e um banquete para centenas de pessoas, num cenário rural, às margens do rio.  E houve uma grande festa no Centenário da Independência do Brasil em 1922, com a ereção do obelisco da Praça Pádua Sales, em cujo interior há uma urna preciosa com jornais e objetos da época.  Nessa mesma ocasião os escoteiros amparenses ganhavam fama e glória com seus feitos, convidados para abrilhantar a Exposição do Centenário no Rio de Janeiro.

E havia suntuosas festas particulares, como a que foi oferecida na Fazenda Palmeiras pelo Senador Luís Leite, em 1906, para apresentar à sociedade amparense sua segunda esposa, D. Carmen Pont.  Outra festa gigante foi oferecida pelo coronel Flamínio de Campos Leme, em sua fazenda, em Coqueiros, com a presença de centenas de pessoas.

O grande acontecimento, porém, foi a comemoração do Centenário da cidade em 1929, com festas e cerimônias que duraram dias, deixando marcos perenes na cidade, como o coreto do Largo da Matriz, doado pela colônia italiana, e a estátua do Bandeirante, do Largo de São Benedito.

O final da Segunda Guerra Mundial deu margem à realização de sucessivas passeatas, seguidas pelas imponente recepção aos nossos pracinhas, com desfiles, recepções, sessões solenes, competições esportivas e bailes.

Em 1956 a inauguração da nova sede do Club 8 de setembro e a fundação do Irapuã também foram marcadas por grandes festas.  E ainda hoje nossa vida noturna é considerada como uma das mais agitadas do Interior do Estado.

O tédio monótono dos lugarejos nunca teve lugar em Amparo; aqui a vida sempre foi animada.  A cada dia sabe-se de um novo empreendimento, quer nos negócios, quer na sociedade, quer nas igrejas. Nosso povo não é de ficar parado …

Assim tem sido o dia a dia dos amparenses. Enfrentando percalços com destemor, mas aproveitando o que a vida tem de melhor e trabalhando sempre. Afinal, em 1870 os jornais de Campinas falavam nos “yankees” de Amparo…

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