BIOGRAFIA

 

FRANCISCO ANTÔNIO DE ARAÚJO

 

(EFA, 36, 41, 43, 56, 62, 99, 108, 197)

Um dos nomes mais ilustres e influentes da política amparense ao tempo do Império, o Dr. Francisco Antônio de Araújo era natural de Mogi-Mirim, onde nasceu a 27/7/1835. Residiu algum tempo em Campinas, mudando-se para Amparo no final de 1866. Faleceu em São Paulo no dia 3/7/1913, depois de residir muitos anos em Amparo, onde foi lavrador e político, ocupando cargos públicos. Deputado à Assembléia Provincial em diversas legislaturas. Membro do Partido Conservador. (EFA, 197)

Logo que chegou a Amparo o Dr. Araújo foi encarregado em 26/11/1866 de uma das Comissões de Recrutamento no município de Amparo para a Guerra do Paraguai: a do Bairro dos Mineiros, junto com Inácio José Bueno. (Atas, 2:28v/29)

Em 5/10/1868 um ofício do Secretario do Governo comunicava a nomeação para Delegado de Policia deste Termo do Doutor Francisco Antonio de Araújo, e para primeiro Suplente o Cidadão José Pedro de Godoy Moreira (Atas, 2:72)

Em 7/10/1868 a lista dos mais votados para Juiz de Paz

mostrava como suplente o Doutor Francisco Antônio de Araújo, lavrador, com 117 votos. (Atas, 2:76/77v)

A 14/3/1869, o então delegado Dr. Francisco Antônio de Araújo apresenta queixa ao Presidente da Província contra oficiais da Guarda Nacional que não têm atendido às suas requisições para a prisão de criminosos e outros, inclusive dos assassinos do fazendeiro Joaquim Antônio Bueno, ocorrido Há mais de um ano. (EFA, 56)

Em 26/12/1870 o Dr. Araújo foi nomeado suplente de Juiz Municipal. (Atas,3:4)

Como lavrador, o Dr. Araújo teve diversas propriedades rurais, uma delas ficava no “Estrada que vai para Campinas pelo Serafimzinho”, mencionada em 1/6/1871, que ele era Inspetor desse caminho. Deve ser a via que passava pelo “bairro dos Mineiros”, retro citado. (Atas, 3:44)

Em setembro de 1871 Antônio Rodrigues da Silva comunica que seu estado de saúde o impede de tomar posse do cargo de Juiz de Paz; a Câmara convocou o suplente mais votado, Dr. Francisco Antônio de Araújo, para preencher a vaga, que fora aberta com o falecimento de Luís Pinto de Sousa Aranha, empossando-o no dia 20/9/1871. (Atas,3:57 e 68). Essa posse motivou em 1/2/1872 um ofício do Juiz de Direito sobre reclamação de Manuel Fernandes Palhares de Andrade contra a posse do Dr. Francisco Antônio de Araújo no cargo de Juiz de Paz, que cabia a ele Palhares, por ser o 4º Juiz de Paz e lhe caber suceder ao finado Luís Pinto de Sousa Aranha. (Atas,3:87)

Já em 6/5/1872 ocorreu o juramento do Dr. Francisco Antônio de Araújo, por seu procurador Joaquim Carlos Bernardino da Silva, do cargo de substituto do Juiz Municipal. Provavelmente, o Dr. Araújo estava no exercício do cargo de Deputado Provincial. (Atas,3:98)

Em 18/2/1873 o deputado Francisco Antônio de Araújo pede a colocação na ordem do dia do projeto de Posturas de Amparo. (EFA, 43)

Voltou a se candidatar a vereador em 1873 para o quatriênio 1873/1877 e foi o mais votado, com 123 votos.

Já como vereador, em 22/5/1873, o Dr. Araújo indicou a “urgente necessidade o aformoseamento desta cidade que atualmente oferece um aspecto desagradável em consequência da irregularidade que se nota nas construções e desigualdade do terreno em que está situada, convindo estabelecer um plano geral de nivelamento para de conformidade com ele obrigar os particulares a fazer o rebaixamento e calçamento de suas frentes” – para isso sugere à Câmara contratar com o engenheiro da seção da via-férrea, Dr. Silva, um plano geral de nivelamento, “tomando por base o Largo da Matriz” (Atas,3:158)

Em 1875 ocorre um incidente desagradável numa das sessões da Câmara, quando uma infâmia assacada contra o Dr. Araújo leva alguns vereadores a atitudes precipitadas. O Vice-Presidente José Pedro de Godoy Moreira em veemente discurso rebate as infâmias e demonstra cabalmente a honradez do Dr. Araújo, então ausente.

Magoado com o incidente o Dr. Araújo comunica por ofício, em 15/2/1875, que não podia continuar na Presidência da Câmara por ter sido nomeado Juiz Municipal suplente e ter prestado juramento. (Atas,3:245). E em 5/4/1875 um novo ofício do Dr. Francisco Antônio de Araújo  informa ter ele prestado junto ao Governo Provincial as contas da estrada de Campinas. (Atas,3:250)

Em 7/1/1883, Sessão de Posse, o Dr. Francisco Antônio de Araújo volta à Câmara, eleito junto com Caetano Breton Ferreira Monfort, Antônio Muniz de Sousa, Randolpho Margarido da Silva, Antão de Paula Sousa, Joaquim Manuel de Campos Pinto, Urbano de Azevedo, Albino Alves do Amaral, Tenente Joaquim Antônio de Almeida Sobrinho. (Atas, 4:104v)

Em 21/2/1883, ao ser examinado o Regulamento do Cemitério, houve protesto do Dr. Araújo contra o Regulamento, prometendo recorrer ao Presidente da Província. (Atas, 4:120)

Na sessão de 5/7/1883 o Dr. Araújo pede exoneração da Comissão de Requerimentos e é substituído por Antão de Paula Sousa. Dr. Araújo vai para a Comissão de Contas. (Atas, 4:145)

A Câmara começava a ser atingida pela onda abolicionista e o assunto passou a constar dos temas debatidos. Na ata de 21/7/1884 constam estas palavras do Dr. Francisco Antônio de Araújo: “No século em que vivemos não há escravocratas; nos é preciso atendermos que a escravidão está de tal sorte vinculada à nossa vida social e política, que, extingui-la de chofre é comprometer seriamente a vida nacional”. Ele reconhecia a imoralidade da escravidão, mas, como muitos outros, temia os efeitos econômicos da libertação geral dos escravos. (Atas, 4:183)

Nessa mesma ata o Dr. Araújo propõe felicitações da Câmara ao Ministro Martinho de Campos, escravocrata… (Atas, 4:183v)

Em setembro desse ano as preocupações são outras, e uma indicação do Dr. Araújo, em 5/9/1884 salienta a urgência de contratar serviço de remoção do lixo e águas servidas. (Atas, 4:191). E, em 18/9/1884 o Dr. Araújo reclama que “as posturas estão sendo violadas a cada passo, o cidadão Manuel Joaquim Franco reedificou uma casa na Rua da Princesa Imperial em completo desacordo com as posturas; embargada a obra, foi o proprietário autorizado a continuá-la do modo porque a estava fazendo e assim a concluiu. Consta que o negociante José Francisco Camargo vendera seu negócio e transferira a licença com autorização de um vereador. Tudo isto é abuso que a Câmara não pode tolerar”. (Atas, 4:189v)

Em 13/1/1885 o Dr. Francisco Antônio de Araújo, com 4 votos, é eleito Vice-Presidente da Câmara, derrotando o  Dr. Antônio Muniz de Sousa, 3 votos, e Joaquim Manuel de Campos Pinto, 1 voto. (Atas, 5:1v)

A 28/1/1885 – Dr. Araújo diz que o Código de Posturas em vigor “continha algumas disposições inconstitucionais e vexatórias” e propõe reforma de alguns artigos; a proposta foi aprovada e nomeada uma comissão para a reforma do Código Municipal (de Posturas).(Atas, 5:5)

Na sessão de 24/9/1885 o Dr. Araújo informou que estava para chegar a esta cidade o Bispo do Ceará e pediu que fosse nomeada uma Comissão de Recepção. O nomeado foi ele próprio (vivia-se o auge da Questão Religiosa entre a Igreja e a Maçonaria, e o resto da Câmara provavelmente era constituída de maçons…). (Atas, 5:40)

Em 7/1/1886 na eleição de Presidente da Câmara o Dr. Francisco Antônio de Araújo obtém 5 votos contra 1 do Dr. Randolpho Margarido da Silva. (Atas, 5:55)

No dia 2/4/1886 – às 14 hs. foram os vereadores Dr. Araújo, presidente, Albino Alves e Almeida Sobrinho, à Estação afim de receber o Conselheiro Presidente da Província e conduzi-lo “até o palacete do alferes Luís de Sousa Leite, onde vai hospedar-se com sua comitiva” (era Presidente o Conselheiro João Alfredo?)  (Atas, 5:73)

A partir de maio desse ano o Dr. Francisco Antônio de Araújo envolve-se numa radical polêmica contra o restante da Câmara; recorre ao Presidente da Província contra decisão da maioria da Câmara que estabeleceu o traçado da estrada para a Vargem Grande. (Atas, 5:80v/83).Acaba sendo nomeada em 24/5/1886 uma comissão composta dos cidadãos José Pedro de Deus, conservador, Pedro Penteado, republicano, e Manuel Francisco de Oliveira Júnior, liberal, para dar parecer sobre essa estrada.  (Atas, 5:82)

Em 26/5/1886, numa atitude quixotesca, O Dr. Francisco Antônio de Araújo renunciou ao mandato. (Atas, 5:83). Mas ele continuou na luta pela estrada; em 26/5/1886 uma justificação é requerida pelo Dr. Francisco Antônio de Araújo perante o Juiz Municipal sobre o atalho da Vargem Grande; citado o Procurador da Câmara João Crisóstomo da Silveira. o Dr. Bernardino de Campos foi indicado para defender a Câmara nesse processo. (Atas, 5:84v)

Em 14/6/1886, esquecidos todos da renúncia, o Dr. Francisco Antônio de Araújo volta à Câmara e reassume a Presidência. (Atas, 5:86v) Nesse mesmo dia o Dr. Francisco Antônio de Araújo desistiu do recurso que interpusera contra a aprovação do traçado da estrada da Vargem Grande. (Atas, 5:86v). Em compensação houve um recurso dos fazendeiros de café João de Lima César e José Franco de Lima contra a aprovação pela Câmara do traçado da estrada da Vargem Grande, dirigido ao Presidente da Província. (Atas, 5:86v/87v)

Na sessão de 2/9/1886 registra-se uma proposta do Dr. Araújo: a conversão do Lazareto de Varioloso em hospital. (Atas, 5:108v)

Na véspera de Natal desse ano há uma reclamação de Manuel Joaquim Franco de que animais encontrados em suas terras foram liberados sem multa. A informação do Fiscal foi a de que os animais do alferes Eliziário Pires de Ávila foram liberados sem multa, por ordem escrita do Presidente da Câmara Dr. Francisco Antônio de Araújo. (Atas, 5:123v) As explicações do Dr. Araújo: Eliziário tinha “pastos fechados”… (Atas, 5:124)

No ano seguinte o Dr. Araújo envolve-se em nova polêmica, desta vez sobre a consolidação e publicação das Posturas; a consolidação estava pronta, feita pelo Dr. Araújo; mas ele não a entregou para publicação, nem devolveu os 200$000 cobrados pelo serviço; a Câmara mandou cobrar judicialmente o Dr. Araújo. (Atas, 5: 165v e 184v).

O Dr. Araújo devolveu os 200$000 da consolidação das Posturas. (Atas, 5:190)

Em 29/11/1888, por proposta de Salvador José de Miranda, filho do chefe liberal Capitão Miranda é dado o nome de Dr. Francisco Antônio de Araújo ao Largo do Mercado; só Silva Pinto vota contra. (Atas, 6:218)

Manuel Joaquim Franco, depois de morto, conseguiu dar o troco ao Dr. Araújo. Em 11/4/1889 é feita uma apreensão de animais do Dr. Francisco Antônio de Araújo e em 6/6/1889 o Dr. Francisco Antônio de Araújo, multado pela apreensão de seis animais soltos na chácara do “finado Manuel Joaquim Franco”. Em 6/6/1889 é mantida por unanimidade a multa contra o Dr. Francisco Antônio de Araújo. (Atas, 6:287,  343 e 344).

A última informação que colhemos do Dr. Francisco Antônio de Araújo é a sua nomeação para 3º suplente de Juiz Municipal, em 9/6/1891. (Atas, 7:159)

Os jornais de 4/7/1913 noticiam o falecimento do Dr. Francisco Antônio de Araújo, com sua biografia, acrescentando uma informação adicional: era irmão da Baronesa de Cintra. (OESP)

 

JOSÉ PEDRO DE GODOY MOREIRA

 

O Capitão José Pedro de Godoy Moreira, vereador eleito em 1873 pelo Partido Conservador, era filho de João Pedro de Godoy Moreira, velho chefe político do bairro do Cascalho, hoje Pedreira, e de Inácia Pires de Ávila, filha de Felipe Pires de Ávila, o primeiro povoador daquela região. Apesar de conservador foi um dos fundadores da Loja Maçônica Trabalho em 1872, reduto dos liberais (EFA, 135, 145/156, 211). Era irmão do também futuro vereador João Pedro de Godoy Moreira, o fundador de Pedreira. O Capitão José Pedro era casado com Francisca Albertina de Almeida, filha de Joaquim de Almeida Leme e de Antônia Maria de Quadros. (SL,1:360). Tinha uma propriedade nos limites da cidade de Amparo. (Atas, 3:346/347)

Em 26/12/1870 foi nomeado suplente de Juiz Municipal  (Atas,3:4).

Eleito vereador para o quatriênio 1873/1877, em 7/9/1874 José Pedro de Godoy Moreira declara que é cunhado de Marcos Lourenço Gomes, impedido portanto de dar parecer na questão da servidão entre este e José Manuel Alves Cruz;  foi substituído na comissão respectiva pelo Capitão José Francisco Leme (Atas,3:230). Em 1875 era Presidente da Câmara de Amparo e acumulava o cargo de Delegado de Polícia, tendo pedido demissão deste, sob a alegação de já ocupar o outro posto e “ser doentío”. O Presidente da Província despachou que “não pode ser atendido e antes espera de seu zelo pela causa pública que continuará a servir”.

José Pedro de Godoy Moreira constituiu em 7/1/1876 o Dr. Pinto Nunes seu procurador para dar queixa de homicídio praticado por seu cunhado Joaquim Franco de Camargo e seus filhos Paulino, João e Manuel, contra o preto Manuel, escravo dele outorgante. (1º of., 35:81) O capitão José Pedro faleceu em Pedreira em 1876. Foram tomadas providências pela Câmara para substituí-lo nas comissões e no cargo de Eleitor (Atas,3:311).

José Pedro foi pai de (RMV, 1:18 e 21):

1 – Francisca Maria de Almeida, casada com o Tenente Joaquim Antônio de Almeida Sobrinho, filho de Antônio Joaquim de Almeida e Ana da Silveira Leite, pais de:

1.2. – Artur Moreira de Almeida, bacharel e magistrado, nascido em Amparo em 1872, casado a primeira vez com Lucila Engler, filha de Alfredo Engler e de Rita Teixeira Engler; a segunda vez com Almerinda Engler, irmã da anterior; teve da primeira mulher Lucila Engler os filhos:

2 – José Pedro de Godoy Moreira Júnior, foi lavrador, suplente de juiz municipal e eleitor paroquial.

3 – Luís Venceslau de Godoy Moreira; (será este o Luís Pedro de Godoy Moreira, casado com Maria Luísa de Godoy?)

 

JOSÉ PEDRO DE DEUS

 

José Pedro de Deus foi casado com Francisca Emília Alves, filha de José Custódio Alves, natural de Itu, e Ana Barbosa da Silva (esta filha de João de Sousa Campos e de Emília Marques (SL, 1:158). Identificamos um filho dele, de nome Joaquim Inácio de Deus, natural de Campinas, que casou em 1886 no Amparo com Amanda da Costa Matoso, filha de Joaquim da Costa Matoso e de Luísa Francisca de Lima (CA-11:39v). É provável que seja ancestral de nossos amigos Dr. Ranieri Jaupery de Deus Batoni e do saudoso Lázaro Franco de Deus (EFA, 42, 64, 144). Era sogro de Domingos Rodrigues Teixeira, que faleceu em 15/10/1891 (OESP).

Obs.: Família Matoso ( História Família Matoso – Facebook ), colaboração de Rogério Matoso em 29-03-18.

Em 1871 já morava em Amparo e possuía terras em Três Pontes, fato comprovado pela multa aplicada a um seu empregado por ter faltado ao serviço de conservação de estradas (Atas,3:50).

Em 1872 José Pedro de Deus foi declarado Eleitor. Isso significa que ele era contribuinte do Imposto Pessoal, tributo lançado sobre os que residissem em prédio, próprio ou alugado, de valor superior a um determinado mínimo.

Vereador eleito em 1873 com 112 votos, pela corrente conservadora, assumiu seu posto na Câmara num período conturbado por várias intrigas políticas, que acabaram por resultar no afastamento temporário do Dr. Francisco Antônio de Araújo da Presidência da Câmara.

Em 1881 declarou-se, junto com outros, prejudicado pelo trancamento de “caminho do Sacramento” por Francisco da Costa Bispo; na verdade, esse caminho era a antiga estrada provincial para Serra Negra (Atas, 4:76v). Após várias discussões foi decidido que o “caminho do Sacramento” de José Pedro de Deus sempre foi por Três Ponte e não pela estrada velha de Serra Negra e que a estrada velha provincial fora abandonada pelo governo e pelos moradores. (Atas, 4:77)

Em 30/7/1885, já fora da Câmara, participou da elaboração de um “Parecer da Comissão Especial sobre o traçado da estrada municipal para o bairro da Vargem-Grande”, composta pelos cidadãos José Pedro de Deus, Manuel Francisco de Oliveira Júnior e Pedro Penteado. (Atas, 5:28v)

Foi mais tarde, em 12/3/1890, já na República, nomeado membro do Conselho de Intendência Municipal, órgão criado para substituir a Câmara Municipal (Atas, 7:54v). Em 1892 foi exonerado, a pedido, sendo substituído por Américo Antônio Pereira.

Em 1891 havia comprado parte do sítio Santa Maria da Boa Vista, situado no bairro de Três Pontes, vendido por Joaquim Custódio Alves. José Pedro de Deus faleceu em 1912.

 

EGÍDIO CESARINO DE OLIVEIRA

 

O vereador Egídio Cesarino de Oliveira, natural de Jundiaí, filho de José Galdino de Oliveira e Ana Cândida de Almeida, casou no Amparo em 1868 com sua prima Maria Leopoldina da Conceição, amparense,filha de Joaquim Rodrigues da Cruz  e de Leopoldina Franco da Cunha. João Pedro de Godoy Moreira e Bento de Godoy Moreira foram testemunhas desse casamento o que é indício certo de que Egídio Cesarino pertencia ao grupo conservador.

Por outro lado, Maria Leopoldina era neta paterna do suplente de vereador convocado em abril de 1862 Francisco de Paula Dias, também conservador.  Egídio Cesarino foi vereador em Amparo por volta de 1873. (CA-5:136v/137)

 

JOSÉ PIRES DE GODOY

 

José Pires de Godoy, suplente de vereador convocado em 1862 para substituir os membros faltantes da câmara municipal, voltou à Câmara em 1873 como vereador eleito pelo Partido Conservador. O Capitão José Pires de Godoy era casado com Ana Francisca de Oliveira, e foram pais de José, batizado em 1850. (BA-5:42) Já biografado anteriormente.

 

LUÍS DE SOUSA LEITE

 

Vereador eleito em 1873, com 109 votos, o Alferes, depois Coronel, Luís de Sousa Leite, depois Barão do Socorro e Comendador da Ordem da Rosa, foi prestigioso chefe conservador, que, em 1889 aderiu à república e renunciou ao título, passando a chefiar o Partido Repúblicano. Havia libertado seus escravos antes da Abolição e se tornara um ardente defensor da extinção da escravidão. (EFA, – EFA, 45, 57, 65,92, 93, 95, 96/97, 109,113)

Em agosto de 1874 estava em exercício do cargo de Delegado de Polícia, pelo que faltou ás sessões da Câmara. (Atas,3:223).

Logo Luís Leite passou a ser chamado para outros encargos. Na sessão de 28/5/1877, ao “tratar-se dos preparativos para recepção dos distintos hóspedes Imperiais nesta cidade por todo o mês de Junho”, a Câmara deliberou “nomear em cada bairro uma pessoa para os ajudarem, sendo os nomeados: Antônio Gonçalves de Oliveira Bueno, Luís de Sousa Leite, Paulino Xavier da Silveira e outros (Atas, 3:323). E no dia 3/9/1877 entre as comissões nomeadas para angariar donativos para a construção do Monumento da Independência do Brasil no Ipiranga, constavam nos bairros do Silvestre e Sujo: Joaquim Inácio da Silveira, Pedro José Pastana, e Luís de Sousa Leite. (Atas, 3:336)

No ano seguinte entrou em atrito com a Câmara, porque esta o convocou em 7/1/1878 para assumir o cargo de Juiz de Paz, de que era suplente, em lugar de João Batista de Campos Cintra, que havia se mudado do município. Luís de Sousa Leite pediu dispensa de prestar juramento de Juiz de Paz em lugar de João Batista de Campos Cintra. (Atas, 3:349). A Câmara então oficiou a Antônio Gonçalves de Oliveira Bueno, 3º Juiz de Paz, para entrar em exercício no 2º ano, visto João Batista de Campos Cintra, 2º Juiz de Paz, ter mudado de município. (Atas, 3:352).

Mas a Comissão Permanente estudou ofício de Luís de Sousa Leite e entendeu que a escusa não podia ser aceita por faltar competência à Câmara – reiterou, por isso, o convite para prestar juramento de Juiz de Paz. (Atas, 3:353). Em  22/3/1878 a Câmara recebeu ofício de João Batista de Campos Cintra, comunicando ter voltado a morar em Amparo – indagava se seria reintegrado no cargo de Juiz de Paz. (Atas, 3:357)

Estranhamente, a Câmara reiterou, em 23/9/1878, ofício ao Alferes Luís de Sousa Leite convite para prestar juramento de 4º Juiz de Paz, “em lugar de João Batista de Campos Cintra, que participou ter mudado sua residência deste município, tendo por isso perdido o direito que tinha a esse cargo, declarando mais que esta Câmara não pode atender motivos de escusa a não ser legalmente justos”. (Atas, 3:383)

Luís de Sousa Leite retrucou por ofício em 21/10/1878: “comunicando que deixava de comparecer na sessão desse dia afim de prestar juramento de Juiz de Paz, em falta do que se diz haver mudado para Bragança, por entender que vai ocupar esse cargo ilegalmente, visto que a mudança não se deu, como é notório”.

Encaminhou outro ofício ao Presidente da Província, reclamando: “E sabendo-se que o Juiz de Paz fora casar-se em outro município, sem dispor da situação que tinha neste (município), e que apenas casado, voltou e comprou uma fazenda neste município, mediando do casamento à compra da fazenda só dois meses, parte dos quais como disse esteve na antiga situação que é conservada, além da que comprou, por isso reclamou contra o ato da Câmara e informou o ocorrido, fazendo ver que tal mudança não se realizou, e que a Câmara não atendeu a sua reclamação, declarando que por ter o Juiz de Paz participado que mudou-se e ter ela aceitado essa declaração, havia o mesmo perdido o direito ao emprego ou cargo, e nestes termos rogava ao Exmo. Presidente da Província, como superior legítimo  para conhecer das contestações desta ordem entre as Câmaras Municipais e as pessoas que se acham prejudicadas em seus direitos, declarando se tinha o direito a opor-se ao juramento exigido para ocupar o lugar de aquele Juiz de Paz que se diz mudado, mas que é notório não o estar, podendo informar-se desta Câmara a respeito”. O Presidente da Província encaminhou esse ofício à Câmara de Amparo para informar. Esta nomeou uma comissão composta de Godoy Jorge e Pimentel para responder. (Atas, 3:385386)

O parecer sobre o requerimento de Luís de Sousa Leite foi ambíguo e meramente descritivo. Foi aprovado esse parecer (meramente informativo e que não tem conclusão) e remetido ao Presidente da Província, junto com o requerimento de Luís Leite. (Atas, 3:396)

Finalmente, em 13/1/1879, um ofício do Presidente da Província determinou: “tendo em vista o que lhe representou o cidadão Luís de Sousa Leite, e informação desta, declarava que, não havendo mudado definitivamente da Paróquia, o segundo Juiz de Paz é apto para exercer o cargo, ainda mais quando fez disso ciente a Câmara”. Um ofício de João Batista de Campos Cintra chegou, informando ter entrado em exercício de Juiz de Paz. (Atas, 4:1v). Assim terminou esse incidente, motivado muito mais pelo sectarismo partidário, do que pelas regras jurídicas ou pela conveniência administrativa.

Em 1885 era Inspetor de Caminho, cargo que o obrigava a supervisionar a conservação de determinada estrada, e que geralmente era ocupado pelo principal fazendeiro do bairro. (Atas, 5:22v)

Em compensação, em 2/4/1886, consta da ata da Câmara que, às 14 hs. foram os vereadores Dr. Araújo, presidente, Albino Alves e Almeida Sobrinho, à Estação afim de receber o Conselheiro Presidente da Província e conduzi-lo “até o palacete do alferes Luís de Sousa Leite, onde vai hospedar-se com sua comitiva” (Conselheiro João Alfredo?)  (Atas, 5:73)

Em 1887 foi reeleito vereador e eleito Presidente eda Câmara. (Atas, 5:128 e 128v))

Em 13/1/1887 um livro de ouro para libertação de escravos foi proposto por Luís de Sousa Leite. contra os votos de Carlos Augusto do Amaral Sobrinho, Joaquim Bernardino de Arruda e Joaquim Mendes do Amaral. (Atas, 5:133 e 133v) Luís de Sousa Leite prometeu dois contos de réis para o livro de ouro ou a liberdade de quatro de seus escravos, que libertou a seguir. (Atas, 5:134 e 192)

Após o 15 de Novembro, Luis Leite, que era então o Presidente da Câmara, aderiu à República, mas manteve a instituição funcionando. Só em março de 1890 ele propôs a auto-dissolução da Câmara, quando já era iminente a instalação de um Conselho de Intendência.

O golpe frustrado do Marechal Deodoro, apoiado pelo Presidente do Estado de São Paulo, Américo Brasiliense de Almeida Melo, resultou na queda de ambos. Em Amparo, o Conselho de Intendência havia apoiado Américo Brasiliense, perdendo o apoio das principais lideranças locais. Em 14 de dezembro de 1891, uma multidão liderada por Luís de Sousa Leite, Dr. Joaquim José da Silva Pinto Jr., e Dr. João Nepomuceno Nogueira da Mota, que compunham a Junta Revolucionária, proclamou a deposição do Conselho de Intendência e das demais autoridades locais partidárias de Américo Brasiliense.

Na República ainda foi eleito senador estadual em 1892, mas derrotado nas eleições municipais de Amparo de 1905, retirou-se para São Paulo onde faleceu (há uma tradição de que teria falecido vítima de ferimentos sofridos num atropelamento por uma carruagem).

Grande fazendeiro de café em Amparo, foi o maior fator de progresso para a cidade, financiando, custeando e incentivando a realização de obras e serviços públicos, que tornaram Amparo uma cidade dotada de todos os melhoramentos. Foi o grande responsável pela criação do Grupo Escolar que leva o seu nome, o primeiro do Estado.

Pertencia a uma família que migrara em princípios do século XIX do Vale do Paraíba para Mogi Mirim, ligada aos Sousa Freire, outro clã importante na história de Amparo. Casou em 1868 com Deolinda Leite de Sousa Arantes, filha de Francisco Batista de Assis Arantes e de Maria Rosa de  Sousa, neta paterna de João Batista de Assis Arantes, vereador em  Amparo, e de Mariana Isabel de França, neta materna de Antônio de Sousa Melo, de Mogi das Cruzes e de Justiniana Maria de Jesus, sua primeira mulher. Deolinda fora casada em primeiras núpcias em 1864 com seu tio Francisco de Sousa Melo, filho de Antônio de Sousa Melo e Justina Maria de Sousa (CA-5:60). Luís de Sousa Leite e Deolinda tiveram:

1 – Lídia de Sousa Leite, casada com seu primo irmão José Leite de Arruda, sem geração;

2 – José Leite de Sousa, bacharel em direito, deputado estadual, foi redator do “Diário do Amparo” por volta de 1900. Foi casado com Carlota Cordeiro, filha do major Antônio José Alves Cordeiro e de sua segunda mulher Ana Franco da Silveira; com geração no título Godoys;

3 – Luís Leite Júnior (o Dr. Lulú Leite), bacharel em direito, deputado estadual em 1902, casado com Brandina Aranha, filha do Capitão Joaquim Paulino Barbosa Aranha e de Brasília de Sousa Melo, por esta, neta do Capitão Antônio de Sousa Melo e sua segunda mulher Carolina Leopoldina Aranha. Foi senador estadual no começo do século XX.

4 – Maria de Sousa Leite

5 – Luíza de Sousa Leite, casada com o médico e escritor Cláudio de Sousa Júnior, presidente durante muitos anos da Academia Brasileira Letras, filho de Cláudio Justiniano de Sousa e de Antônia Barbosa (SL,2:324)

6 – Antenor de Sousa Leite

7 – Sofia de Sousa Leite

8 – Raul de Sousa Leite, médico, vereador, casado com Maria Efigênia Pimentel de Sousa Leite, tragicamente morto.

 

ELIAS LOURENÇO GOMES

 

Elias Lourenço Gomes, vereador eleito em 1873, foi  casado em 1859 com Amália Eugênia Pinto Ferraz, filha do major Antônio José Alves Cordeiro e de Francisca Eugênia Pinto Ferraz.

Elias era filho de José Lourenço Gomes, português, e de sua segunda mulher Ana Franco da Silveira (ou Ana Margarida da Silveira ou ainda Ana Gertrudes da Silveira), natural de Atibaia, filha de Francisco da Silveira Franco e de sua primeira mulher Ana Gertrudes Franco.

Elias era negociante em Amparo estabelecido com loja já em 1863 (Atas, 1:128v), que ainda mantinha em 1872, e foi dono de um imóvel na Rua da Constituição, paralela a Rua Duque de Caxias, o qual vendeu a Albino Alves do Amaral em 1875 (livro 4, fls. 46 do Reg. de Imóveis de Amparo).

Em 1872 foi multado numa construção que fazia e deveria demolir a obra por desobedecer o alinhamento. (Atas,3:88)

Elegeu-se em 14/4/1873 entre os vereadores votados para o quatriênio 1873/1877, com 105 votos (Atas,3:146)

Em 28/7/1873 Elias Lourenço Gomes pediu a demissão do Procurador da Câmara por ser “adversário político”, dizendo que este já deveria ter pedido demissão; a indicação foi rejeitada. (Atas,3:169) Na sessão de 17/11/1783 foi apresentada uma indicação de Elias Lourenço Gomes pedindo ao Governo 50 lampiões dos que existem na Capital para iluminar nossas ruas. (Atas,3:187) O governo da província respondeu que já não havia mais lampiões disponiveis.

Exerceu outros cargos públicos de nomeação, inclusive o de Subdelegado, e em 1891 figurava como um dos capitalistas amparenses. (EFA, 97) Uma de suas filhas era casada com José Álvaro de Godoy, que parece ser o mesmo Álvaro José de Godoy (ou um filho deste), que foi suplente de vereador nessa legislatura.

Elias e Amália foram pais de:

3.1 – Antão Lourenço Gomes, casado com Antônia Pereira Gomes, filha de Joaquim Pereira Cardoso e de Constança Maria Cardoso; pais de:

3.1.1 – Otaviano;

3.1.2. – Sebastião;

3.1.3 – Acácio;

3.1.4 – Jorge;

3.1.5 – Carlos;

3.2 – Ana da Silveira Gomes, casada com João Gualberto de Sousa Camargo, filho de Francisco de Paula Sousa de Camargo e de Maria Fausta de Camargo;

3.3 – Francisca da Silveira Gomes, casada com José Álvaro de Godoy;

3.4 – Balbina Gomes Ribas, casada com Manoel Ribas Filho;

3.5 – Laura da Silveira Gomes

3.6 – José Elias Gomes;

3.7 – Julieta, religiosa;

 

JOSÉ FRANCISCO LEME

 

Capitão da Guarda Nacional, vereador na Câmara Municipal de Amparo, empossado em 24/5/1873, fazendeiro, era sogro de Antônio José Soares Filho, também como ele membro fundador da Loja Trabalho. (Atas, 3:162 – Almanak 1873 – SL, Genealogia, 8:318, 9-3 – CA-5)

José Francisco Leme era casado com D. Maria Francisca da Luz; mas também foi casado antes com Maria Rodrigues da Silva, de quem teve Jesuína, que se casou Antônio José Soares Filho (este era ligado por parentesco aos barões de Ibitinga e de Arary). foram donos de um sítio no “bairro do Engenho Velho”, com cafesal, monjolo, casas e pastos, confrontando com Antônio de Oliveira Matozinho, Capitão José Lourenço Gomes e com a “estrada que segue para o bairro do Ribeirão das Onças”, havido por compra a João Antônio de Godoy. Em 1863 o casal vendeu essa propriedade a Joaquim Antônio de Siqueira Leme (ou Lima). (notas do 1º ofício, livro 9:4 e 6). Nesse mesmo ano o casal permutou com João Francisco Leme (provavelmente sobrinho de José Francisco) e sua mulher Maria Angélica de Moraes o “sítio do Couto”, no distrito de Belém, hoje Itatiba, havido por herança do seu finado pai Manuel Rodrigues Leme, com um sítio na Areia Branca.

Em 12/3/1866 a Câmara recebeu quatro ofícios de inspetores de caminho os quais pediam escusa alegando uns, doença, outro impossibilidade por doença de família, e que, sendo levados ao conhecimento da Câmara, esta julgou dever atender à escusa pedida, passando-se a nomear em lugar de José da Silveira Franco, João Manuel Baptista e em lugar de José Leite de Sousa, Francisco de Paula Sousa Leite, em lugar de Antônio Joaquim Leme Pedroso, José Francisco Leme e Francisco de Oliveira, em lugar de José Cassiano de Oliveira, José Antônio de Souza. (Atas, 2:14v)

Em 15/4/1873 o Presidente Nunes Jr. convocou seis suplentes da legislatura que se findava para “fazer a apuração dos cidadãos mais votados para Vereadores da Câmara Municipal e Juízes de Paz desta Paróquia”, na ordem dos votos: Antônio Manuel de Arruda, Antônio Ferreira de Camargo Andrade, José Francisco Leme, Eduardo Augusto da Cunha Freire, Domingos Francisco de Moraes e Cerino Antônio Dantas de Vasconcelos. Esses suplentes deveriam comparecer no dia marcado para essas formalidades. (Atas,3:145)

Em 14/4/1873 entre os vereadores mais votados para o quatriênio 1873/1877, estava José Francisco Leme com 110 votos, o qual tomou posse e iniciou o exercício do mandato desse cargo (Atas,3:146). Em 22/2/1875 um ofício do Governo Provincial nomeou o vereador José Francisco Leme 2º suplente de Juiz Municipal. (Atas,3:248) Em  5/4/1875 a Câmara recebeu ofício do ex-vereador José Francisco Leme – aceitou o cargo de 2º suplente de Juiz Municipal “e por isso se achava impedido de servir na Câmara”; nesse mesmo ato devolveu as contas do Procurador que se achavam com ele para parecer. (Atas, 3:250) No mesmo dia foi nomeado Elias Lourenço Gomes para substituí-lo na Comissão de Contas e convocado o suplente respectivo. (Atas,3:250)

Voltou à Câmara e em 4/9/1876 apresentou duas indicações: 1- declarar de utilidade pública terreno entre as ruas Conde d’Eu e Riachuelo nos fundos das casas de Joaquim Floriano do Amaral. 2- concluir aterro na Rua da Constituição em frente aos prédios de Dr. Araújo até o de Joaquim Floriano do Amaral. – essas indicações foram aprovadas. (Atas,3:292)

Em 3/9/1877 quando da nomeação das comissões para angariar donativos para o Monumento da Independência do Brasil, a ser construído no Ipiranga, foram escolhidos no bairro da Posse: Pedro Leite Penteado, José Francisco Leme e Florêncio José Soares.  (Atas, 3:336) –

José Francisco foi um dos maçons amparenses que outorgaram procuração em 4/3/1875 ao Conselheiro Saldanha Marinho para reclamar do Governo Imperial contra as bulas papais que excluiam os “pedreiros livres” dos atos da Igreja. (1º of., 33:162v/164v)

Ele faleceu pouco depois, já que em 5/11/1879 foi realizada praça dos bens do finado Capitão José Francisco Leme: fazenda, móveis e semoventes(OESP).

Na sessão ordinária de 4/8/1887 um José Francisco Leme foi empossado no lugar de 3º suplente de Juiz Municipal; trata-se de um filho homônimo deste vereador, que alíás se declarou republicano algum tempo depois (Atas, 5:179). Não encontramos menções posteriores.

 

 

SUPLENTES CONVOCADOS

 

JOÃO ANTÔNIO GONÇALVES

 

João Antônio Gonçalves, fazendeiro de café, natural de Bragança, prestou juramento como vereador em 18/7/1873. Era suplente, tendo obtido 9 votos, o mesmo que outros quatro candidatos. (Atas,3:146 – Almanak da Província de São Paulo para 1873, 421).

Em 2/7/1873 a Câmara recebeu um ofício do Vereador João Rodrigues da Silva, eleito para o quatriênio, expondo os motivos que o determinam a solicitar da Câmara a escusa do cargo para o qual foi eleito. Foi convocado o suplente João Antônio Gonçalves, escolhido por sorteio entre os cinco que obtiveram a mesma votação. (Atas,3:165) Em 28/7/1873 houve o juramento e posse do novo vereador João Antônio Gonçalves. (Atas,3:170)

Em 4/3/1886,João Antônio Gonçalves, “último morador desta Paróquia na estrada de Serra Negra”, reclamou ser atravessado por duas estradas públicas. (Atas, 5:72) Em 6/10/1887 ocorreu o fechamento do caminho velho para Serra Negra por João Antônio Gonçalves, mas a Câmara entendeu que  havia “uma boa estrada paralela”. (Atas, 5:199)

João Antônio Gonçalves faleceu aos 80 anos de idade em 1923(EFA, 134). Só encontramos dados familiares deste vereador numa escritura do 1º Ofício de Amparo: “João Antônio Gonçalves e sua mulher Francisca Rodrigues Gonçalves, David Antônio Gonçalves e sua mulher Francisca Blaciana de Lima, Florêncio Antônio Gonçalves e sua mulher Firmina Carolina Gonçalves, Miguel Gonçalves da Cunha e sua mulher Carolina Maria da Conceição, este casal de Bragança, e Francisca Domingues de Oliveira, da Capital, vendem a João Francisco Marques a herança que tem de seu irmão e cunhado José Antônio Gonçalves – 14/3/1894”. (1ºof.118-A:17)

 

ÁLVARO JOSÉ DE GODOY

 

Álvaro José de Godoy prestou juramento como vereador em 19/4/1875. (EFA, 78) Em 8/1/1863 pediu “licença para negocio”. (Atas). Foi testemunha de casamentos no Amparo em em 1858 e 1863 e tinha os escravos João e Joana, que se casaram também no Amparo em `1865.

Há um José Álvaro de Godoy (pode ser ele mesmo num erro de transcrição, ou um filho), casado com Francisca da Silveira Gomes, filha de Elias Lourenço Gomes, este casado em 1859 com Amália Eugênia Pinto Ferraz, filha do major Antônio José Alves Cordeiro e de Francisca Eugênia Pinto Ferraz. Isso poderia indicar que Álvaro (se for ele) pertencia ao grupo conservador, do qual o avô da esposa, Major Alves Cordeiro, era um dos líderes. (CA-3:79; CA-5, 40v, 64v)

Álvaro José de Godoy comprou em 22/8/1863 um sítio na Areia Branca, conforme escritura passada nas notas do 1º ofício por Maria da Silveira Franco, mulher do mentecapto Vicente Bueno de Godoy.

Em 1872 Álvaro pretendeu trancar um caminho que passava por sua propriedade e para isso fez um requerimento à Câmara. (Atas,3:111). Esta não só não o atendeu, como lhe impôs uma multa. Em 11/9/1872 outro requerimento de Álvaro José de Godoy, desta vez pedindo “alívio de multa” imposta em correição por trancar o caminho. (Atas,3:114/115)

Tendo se candidatado ao cargo de vereador para o quatrienio 1873/1877, obteve em 14/4/1873 apenas 9 votos   (Atas,3:147). Em 30/3/1974 novo requerimento de Álvaro José de Godoy: ele abriu um caminho para comunicar com terras de um irmão e um vizinho agora pretende servidão sobre esse caminho; por isso pediu à Câmara uma comissão que examine o local. (Atas,3:206) Em 4/5/1874 foi dado parecer sobre requerimento de Álvaro José de Godoy: 1- o vizinho tinha acesso mais curto para chegar à estrada do bairro Boa Vista à cidade; 2- Álvaro tinha o direito de impedir a passagem do vizinho – parecer é assinado por Luís de Sousa Leite, Pires de Godoy e Oliveira. (Atas,3:211)

Em 19/4/1875 Álvaro José de Godoy, suplente convocado, prestou juramento como vereador. (Atas,3:251)

A última informação que temos sobre ele data de 10/9/1885, data em que se noticiava na Câmara que Álvaro José de Godoy tinha terreno que embaraçava a ligação da Rua Boa Vista com a Rua Direita. (Atas, 5:36)

 

JOSÉ PINTO NUNES JÚNIOR

 

Apesar de seu prestígio e de ter presidido a Câmara no quatriênio 1869/1873, o Dr. Pinto Nunes Júnior não conseguiu se reeleger, ficando como suplente, com 9 votos. (Atas,3:147). Mas foi convocado em 10/6/1876 para assumir uma vaga na Câmara. (EFA, 112).

Já foi biografado acima.

 

JOSÉ DE CAMARGO MOREIRA NETO

 

Tenente José de Camargo Moreira Neto, suplente, prestou juramento em 10 de junho de 1876 (EFA, 112, 216). Já havia prestado igual juramento em 19 de dezembro de 1866. Apesar da leve diferença de nome é o mesmo José Antônio de Camargo Moreira, que já vinha recebendo diversos encargos da câmara, como Inspetor de Caminhos e membro da Comissão de Recrutamento no bairro da Areia Branca, o qual passara a se assinar assim a partir de 1870. Em 1880 ele ainda era inspetor de caminhos.

Ele pertencia a uma família antiga e poderosa na região, descendendo do Capitão José Ortiz de Camargo e Gertrudes Maria de Godoy, moradores de Bragança (ou de Atibaia?), ancestrais de vários troncos familiares de nossa região. José Ortiz de Camargo e Gertrudes tiveram:

1 – Francisco Antônio de Camargo, casado no Amparo em 1833 com Inácia Esméria de Camargo, sua sobrinha, filha do Capitão Salvador de Godoy Moreira e de Mécia da Silveira Franco (SL, 1:362 e 2:284);  pais de:

1.1 – José Antônio de Camargo Moreira, batizado no Amparo em 1840, filho de Francisco Antônio de Camargo e de Inácia Esméria de Camargo, ambos falecidos, casou no Amparo em 1856 com Francisca Lourença da Silveira, filha de José Lourenço Gomes e de Ana Francisca da Silveira.  José Antônio era dono de uma parte de terras no bairro da Cruz Coberta e de outra no bairro da Ponte, que herdara de sua avó Mécia.  (CA-3:61 –  RPT, 199 – Silva Leme, 1:363) Era neto também do capitão Salvador Godoy Moreira, primeiro chefe da corrente conservadora no Amparo, já em fins da década de 1830.  José Antônio foi nomeado Inspetor de Caminho pela Câmara em 1865 (Atas, 1:187v). Foi nomeado também, junto com seu sogro José Lourenço Gomes, membro da Comissão de Recrutamento para a Guerra do Paraguai no bairro da Areia Branca.  (Atas, 2:28/29)

Em 14/4/1873 é declarado Suplente de Vereador para o quatrienio 1873/1877, com 9 votos (Atas,3:146).

Em junho de 1875, José de Camargo Moreira Neto e sua mulher Francisca Lourença da Silveira outorgaram procuração ao Barão de Atibaia para contrair empréstimo no Banco do Brasil. (1º of., 33:72v)

Em 3/9/1877, quando foram nomeadas comissões para angariar donativos para o Monumento da Independência do Brasil no Ipiranga, a do bairro das Onças era composta pelo Tenente-Coronel José Lourenço Gomes, Joaquim Alves Cardoso e José de Camargo Moreira Neto.  (Atas, 3:336)

Em maio de 1880 e abril de 1881 era ainda Inspetor de Caminho, certamente no bairro das Onças. (Atas, 4:31v e 57v). Em setembro de 1881 foi multado pelo fiscal por estar mal feito o caminho do bairro (Atas, 4:60).

Em 18/9/1884, entre os inspetores de caminho multados por serviços mal executado estavam José de Camargo Moreira Neto e Teófilo de Camargo Moreira, das Onças, João Francisco Pereira, do bairro dos Pereiras, e outros (Atas, 4:189)

A 12/5/1887 um grupo de cidadãos, integrado por Salvador José de Miranda, José de Camargo Moreira Neto, Antônio da Costa Bispo, Francisco José Ferreira Simões, Jerônimo Tavares, Joaquim Pereira Cardoso e João Althman, ofereceu à Câmara a quantia necessária para a abertura de uma rua nos terrenos do espólio do Sr. Manuel Maria Heitor, em continuação à rua Duque de Caxias, depositando 350$000. (deve ser a “rua da palha” – rua General Câmara – veja fls. 164). (Atas, 5:159)

Em maio de 1889 José de Camargo Moreira Neto e seu filho Teófilo de Camargo Moreira eram ainda inspetores da estrada do bairro das Onças (Atas, 6:313).

José de Camargo Moreira Neto é ancestral em linha reta do vereador e ex-presidente da Câmara de Amparo Rogério Delfino de Brito Catanese.

 

PEDRO NOLASCO DA SILVEIRA

 

Pedro Nolasco da Silveira, filho do capitão Inácio Caetano da Silveira e de Delfina de Campos, foi casado com Helena da Silveira, filha do alferes, depois tenente-coronel, Francisco da Silveira Campos, filho do último capitão-mor de Atibaia Lucas de Siqueira Franco, e de Escolástica de Araújo Cintra, filha do alferes Jacinto de Araújo Cintra e de Maria Francisca Cardoso.   (Silva Leme, 2:60 e segs.)

Pedro Nolasco foi candidato a vereador em 1873 para oi quatriênio que se iniciava nesse ano, obtendo 8 votos e ficando como suplente. (Atas,3:147) Dadas suas origens familiares é de se presumir que pertencesse ao Partido Liberal.

Ainda mantinha vínculos nessa época com a terra de origem de sua família, pois Pedro Nolasco da Silveira e seus irmãos José Inácio da Silveira e Francisco Inácio da Silveira venderam, em 1875, “terras no sítio que foi do finado Capitão Mor Lucas de Siqueira Franco, em Atibaia, havidas por herança do próprio Capitão Mor e do sogro de Pedro Nolasco Francisco da Silveira Campos. (1º of., 34:163v)

     Na Sessão Extraordinária de 20/6/1876, sob presidencia do Dr. Francisco Antônio de Araújo, presentes o Capitão José Francisco Leme, Elias Lourenço Gomes, compareceram os suplentes convocados Pedro Nolasco da Silveira e Joaquim Martins Barbosa, “por terem faltado os proprietários”. (Atas,3:281)

Em julho de 1878 foi apresentado à Câmara um requerimento de Escolástica de Araújo Cintra que pede “a desapropriação por utilidade pública da parte dos terrenos de Pedro Nolasco da Silveira necessária para a abertura de uma estrada que do Bairro do Rumo e outros adjacentes vem a sair na estrada que vai para o sítio de Florêncio José Soares e Bairro da Posse. (Atas, 3:372)

Em 21/10/1878, outra representação de 34 indivíduos de Amparo e Serra Negra foi apresentada, encarecendo a utilidade de um caminho que desvie do “morro Cachoeira e encurte o trajeto entre o bairro das Posses e do Rumo”;  facilitaria a exportação de 30 mil arrobas de café produzidas no bairro do Rumo e facilitaria também a comunicação dos habitantes de Serra Negra com Amparo porque dará passagem a carros e carroças, com vantagens para a agricultura e comércio dos dois municípios. Nunes Jr. declarou ser suspeito na causa e passou a presidência a Bernardino de Campos; também Prestes Jr. se deu por suspeito por seu parentesco com Pedro Nolasco da Silveira.  A comissão encarregada de examinar o requerimento de D. Escolástica de Araújo Cintra e a ligação entre os dois bairros deu parecer favorável à abertura da nova estrada, passando por terras de Pedro Nolasco e de D. Escolástica, por encurtar a distância e evitar os trechos mais montanhosos. A comissão era constituída por Godoy Jorge, Franco e Pires Pimentel. Houve a leitura dos requerimentos de Pedro Nolasco da Silveira, que se opunha ao pedido dos 34 moradores e que se declarou decepcionado com D. Escolástica que pleiteva a desapropriação, num longo protesto contra a abertura da estrada. Mas o requerimento de Pedro Nolasco da Silveira foi indeferido e aprovado o parecer da Comissão, decretando-se a desapropriação dos terrenos necessários à abertura da estrada. (Atas, 3:387/391)

Em 4/12/1878 a Câmara recebeu um ofício de Pedro Nolasco da Silveira comunicando que recorria ao Presidente da Província contra a decisão da Câmara que deferiu a petição de D. Escolástica de Araújo Cintra, para abertura de estrada no bairro das Posses. (Atas, 3:395) Não nos foi possível apurar o desfecho da questão, mas presumimos que a a estrada tenha sido aberta.

A última notícia que encontramos sobre o fazendeiro Nolasco data de 20/9/1890, quando Pedro Nolasco da Silveira foi nomeado membro da comissão de fazendeiros para estudar a criação de um imposto para conservação de estradas. (Atas, 7:104)

 

VEREADOR RENUNCIANTE

 

JOÃO RODRIGUES DA SILVA.

 

O Tenente João Rodrigues da Silva era considerado para fins tributários como “capitalista”, ou seja, indivíduo que empresta dinheiro a juros. Era “Tenente-Cirurgião” do Estado-Maior do 7º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional, sediado em Amparo. Residia na Rua Direita. (Almanak da Província de São Paulo para 1873, 416 e 419)

João Rodrigues da Silva havia obtido um voto nas eleições de vereador para o quatriênio 1869/1873 (Atas, 2:77).

Mas em 14/4/1873 foi declarado vereador eleito para o quatriênio 1873/1877, obtendo 102 votos (Atas,3:146). Convidado várias vezes a tomar posse do cargo, acabou por enviar, em 2/7/1873, um ofício expondo os motivos que o determinam a solicitar da Câmara a escusa do cargo para o qual foi eleito. “A Câmara atendendo à circunstância de se achar o referido vereador em estado valetudinário resolveu conceder-lhe a escusa pedida”. Foi convocado o suplente João Antônio Gonçalves, escolhido por sorteio entre os cinco que obtiveram a mesma votação. (Atas,3:165)

Em fins de 1874 João Rodrigues da Silva vendeu a Manuel Bueno de Camargo, morador de Bragança, uma casa na Rua Duque de Caxias. (1º of. 33:58). Nenhuma outra menção foi encontrada sobre esse vereador relutante.

 

 

 

 

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