BIOGRAFIA
URBANO DE AZEVEDO
O Coronel Urbano de Azevedo era filho de João Martins de Azevedo, segundo informa o Dr. Áureo de Almeida Camargo, em “O Cidadão Assis Prado”, 44. Era irmão de Ramos de Azevedo e de Alfredo de Azevedo. Silva Leme informa que ele era fazendeiro em Amparo e “vereador em São Paulo”.
Era casado com Sofia Soares de Azevedo, filha de Antônio Carlos de Almeida Bicudo e neta de José Libânio de Abreu Soares, também fazendeiros em Amparo. Sofia era sobrinha do célebre Coronel Bento Quirino, republicano histórico, figura ilustre de Campinas, onde foi presidente de diversas empresas, e sobrinha afim do vereador Joaquim Bernardino de Arruda; era irmã de Isolina Soares Sales, casada com o Dr. Pádua Sales. (Silva Leme, Genealogia, 8:505/506). Pelo seu casamento Urbano de Azevedo era concunhado também do Dr. Hermínio de Lemos, que foi juiz em Amparo. (EFA, 131, 141 – Silva Leme, Genealogia, 8:506, 10-2).
Republicano histórico, prestou valiosos serviços à causa pública, ocupando diversos cargos de representação. Presidiu a Caixa Econômica Federal, tendo sido construído por sua iniciativa o prédio onde funcionou durante muitos anos essa instituição. Fundou a Companhia Paulista de Seguros, da qual foi gerente durante muito anos.
Eleito vereador em nossa cidade foi empossado em 7/1/1883, sendo escolhido presidente da Câmara de Amparo para esse ano de 1883, com três votos, no que o Dr. Áureo qualifica de “cochilo” dos vereadores monarquistas (Atas, 4:105).
Urbano Azevedo foi reeleito com apenas dois votos em 7/1/1884 – vários outros vereadores tiveram apenas um voto. (Atas, 4:162v) Urbano de Azevedo estava de licença da Câmara em maio de 1886 (Atas, 5:83). Em 2/9/1886 Muniz de Sousa e Urbano de Azevedo foram multados por faltarem à sessão. (Atas, 5:105v) Em 16/9/1886 Urbano de Azevedo justificou ausência por motivo de saúde. (Atas, 5:109)
Em 1891 comprou de José Raimundo da Silveira Lustosa o “sítio do Alferes Manuel José” (notas do 2º of., 4:3).
Urbano de Azevedo comprou também, em 14/3/1894, do capitão Antônio Ferreira de Barros Júnior, a Fazenda Santa Cândida, no Bairro da Cachoeira. (PO/LN, 118-A:13v).
Em 30/1/1897 Urbano Azevedo muda para São Paulo, e a seguir, em 1/2/1897, despede-se de amigos de Amparo. (OESP)
Mais tarde, como vereador em São Paulo, cargo para o qual fora empossado em 8/1/1902, Urbano de Azevedo e o também antigo morador de Amparo Cândido Mota conseguiram aprovar, em 1906, o famoso “parecer 47”, no qual se reconhecia a urgente necessidade da construção do Viaduto de Santa Efigênia.
Faleceu em São Paulo no Instituto Paulista, onde se achava em tratamento, em 7/9/1822.
ANTÃO DE PAULA SOUSA
Campineiro, sexto dos doze filhos de Bernardo José de Sampaio e de Maria Carolina de Sousa, casou com sua prima Gertrudes Maria de Toledo, filha de João de Sousa Campos e de Maria Joaquina de Moraes, de quem teve 12 filhos (Silva Leme, 1:241, 6-6 – 1º ofício de Amparo em 28/3/1876 – livro 35:194):
1 – Maria Carolina de Sousa de Sampaio, solteira;
2 – Gertrudes Maria de Sousa Toledo, casada com Manuel de Moraes, filho de Domingos Francisco de Moraes e de Antônia Joaquina Bueno de Moraes;
3 – Ana de Paula Sousa, solteira
4 – Olímpia de Paula Sousa, solteira;
5 – Petronilha de Paula Sousa, casada com seu primo José de Sousa Campos Sobrinho, filho do Coronel Joaquim de Sousa Campos e de Maria Joaquina de Moraes, com geração;
6 – Francisco Antão de Paula Sousa, casado
7 – Francisca de Sousa Camargo, casada com Leôncio de Moraes Teixeira, com geração;
8 – José Antão de Paula Sousa, solteiro;
9 – Alice de Sousa Camargo, solteira;
10- Alzira de Sousa Camargo, solteira;
11- Ermira de Sousa Camargo, solteira;
12- Antão de Paula Sousa Filho, solteiro;
Antão comprou uma casa em Campinas e terras na Cruz Coberta em 1860 de seu sogro João de Sousa Campos. (1ºof., 34:196). É a sua primeira aparição nos textos amparenses.
Foi político liberal no Amparo no período do Império e, junto com seu irmão Joaquim de Paula Sousa Camargo, foi um dos envolvidos no conflito ocorrido na Igreja do Rosário em 2 de fevereiro de 1869 entre liberais e conservadores durante a apuração de uma eleição (Efemérides, 34). Passou-se depois para o Partido Republicano e chegou a Vice-Presidente da Câmara Municipal de Amparo. Foi fazendeiro e Juiz de Paz. (O Cidadão Assis Prado, 44).
Sua atuação na política e na vida da cidade foi bastante intensa. Ainda como simples particular já participava dos assuntos de interesse geral. Assim, em 5/10/1864, a Câmara recebeu “Proposta do Cidadão Antão de Paula Sousa para fazer uma ponte no rio Camanducaia nesta Vila, na estrada que desta segue a Mogi-Mirim pela quantia de um conto e setecentos mil réis. E a Camara achando esta proposta sumamente vantajosa deliberou que se oficie ao Governo Provincial, pedindo a quantia de dois contos de reis para a factura da dita ponte e concerto da estrada que segue desta para a dita Cidade de Mogi-Mirim”. (Atas, 1:170v)
Logo foi eleito Juiz de Paz, em 7/10/1868, como se vê da lista dos mais votados para esse cargo – os eleitos parecem ser todos do Partido Liberal e os suplentes do Partido Conservador:- Antão de Paula Sousa, Lavrador, 263 votos, Luis Pinto de Sousa Aranha, Lavrador, 249 votos, Antonio Gonçalves de Oliveira Bueno, Lavrador, 246 votos, Manuel Fernandes Palhares de Andrade, Lavrador, 246 votos. Suplentes: Antônio Rodrigues da Silva, Lavrador, 119 votos, José Gomes Barbosa, Lavrador, 117 votos, Doutor Francisco Antônio de Araújo, Lavrador, 117 votos, Antônio José Alves Cordeiro, Lavrador, 112 votos – há outros com 14 votos e menos. (Atas, 2:76/77v)
Como Juiz de Paz mais votado, couberam a Antão de Paula Sousa as providências para a eleição de 16/8/1871. (Atas,3:56)
Em 8/8/1875, Antão de Paula Sousa vendeu a Fazenda Ribeirão dos Pinheiros, no bairro da Cruz Coberta, em Amparo, a José de Sampaio Penteado e outros,. Ele havia comprado esse imóvel de Maria do Carmo Alves de Assunção e seu filho Gabriel Alves de Assunção. (1ºof., 34:132)
Só chegou à Câmara em 1883. Foi eleito vereador, sendo empossado em 7/1/1883, junto com o Dr. Francisco Antônio de Araújo, Caetano Breton Ferreira Monfort, Antônio Muniz de Sousa, Randolpho Margarido da Silva, Joaquim Manuel de Campos Pinto, Urbano de Azevedo, Albino Alves do Amaral, e o Tenente Joaquim Antônio de Almeida Sobrinho. (Atas, 4:104v) No mesmo dia foi Antão de Paula Sousa eleito vice-presidente da Câmara com 3 votos. (Atas, 4:105v)
Em 13/1/1885, na Eleição de Presidente da Câmara, Antão foi derrotado por Randolpho Margarido da Silva, que obteve 4 votos, contra 3 de Antão. (Atas, 5:1v)
A 2/9/1886 Antão de Paula Sousa anuncia que faltará por 2 meses em razão de viagem e pede licença. (Atas, 5:106)
RANDOLFO MARGARIDO DA SILVA
RANDOLFO MARGARIDO DA SILVA
Foi necessária uma acurada pesquisa no jornal “Correio Paulistano” para obter informações sobre este vereador amparense, pois as fontes locais continuam inacessíveis, especialmente pelas obras no Museu Bernardino de Campos. Entretanto, trata-se de figura bastante importante, com muito destaque nas finanças e na vida social fora de Amparo.
O Dr. Ranfolpho Margarido da Silva nasceu no Rio de Janeiro a 16 de setembro de 1852. Cursou o Colégio D. Pedro II e formou-se em Medicina na Faculdade de Medicina da Bahia.
Era casado com Francisca Eugênia Ferraz da Silva, filha do Co+mendador Coronel José Pinto Ferraz e de Mafalda Carolina Pinto Ferraz.
Já morava em Amparo em 15/10/1880, quando foi nomeado capitão cirurgião-mor do Comando Superior da Guarda Nacional de Amparo e Bragança (Correio Paulistano).
Foi eleito vereador em 1882 e empossado em 7 de janeiro de 1883, mas quase nada consta das atas anteriores sobre ele.
Em 13/1/1885 foi eleito Presidente da Câmara com 4 votos, derrotando Antão de Paula Sousa, que obtivera 3 votos, e Urbano de Azevedo, que só conseguiu um voto. Em face desse resultado, devemos presumir que ele pertencia ao Partido Conservador, já que Paula Sousa era liberal e Urbano de Azevedo republicano.
Em 15/4/1886 Randolfo Margarido da Silva ausentou-se temporariamente da cidade em razão de moléstia grave de seu pai (Atas, 5:73v). Em 2/9/1886 Randolpho Margarido da Silva pediu prorrogação da licença para.acompanhar moléstia de seu pai. (Atas, 5:106)
Depois mudou-se para Araraquara, onde nasceu um de seus filhos por volta de 1887.
Em 1888 foi eleito Deputado Provincial pelo 8º Distrito para o biênio 1888/1889. Com a queda da monarquia abandonou a política e passou a se dedicar aos negócios, além de manter intensa atividade como médico na capital paulista, com uma clínica de atendimento aos pobres, à então Rua São João. Foi fazendeiro em Matão e presidente da Companhia Ferro Carril de São Paulo em 1890, ano em que viajou para a Europa. Em 1894 fundou a Companhia Telefônica do Estado de São Paulo, que dirigiu por muitos anos.
Mudou-se anos depois para o Rio de Janeiro, onde sua esposa faleceu em 1927. O Dr. Margarido sobreviveu vários anos, vindo a falecer no Rio de Janeiro em 1/7/1940.
FRANCISCO ANTÔNIO DE ARAÚJO
Já biografado anteriormente.
CAETANO BRETON FERREIRA MONFORT
Dr. Caetano Breton Ferreira Monforte era médico. A primeira notícia que encontramos sobre ele data de 19/11/1877, informando sua nomeação de Diretório para as obras da Matriz, junto com o Comendador Zeferino da Costa Guimarães, Joaquim Pinto de Araújo Cintra e o Capitão José Manuel de Miranda. (Atas, 3:348)
Em 4/12/1878 a Câmara recebeu um ofício dos médicos Drs. Caetano Breton Ferreira Monforte, Matias Lex, José Ferraz de Oliveira e Joaquim José da Silva Pinto Jr., alertando para a possível aparição e propagação da varíola que ora grassa epidemicamente no Rio de Janeiro, em virtude da fácil comunicação desta cidade com aquele ponto” – requisição da “necessária lympha vacinica” – a Câmara aceitou o oferecimento de serviços dos médicos e voltou a pedir ao Governo a lympha vacinica. (Atas, 3:395)
Em 7/1/1883 ocorre a Sessão de Posse dos vereadores eleitos para o quatriênio 1883/1887: Dr. Francisco Antônio de Araújo, Caetano Breton Ferreira Monfort, Antônio Muniz de Sousa, Randolpho Margarido da Silva, Antão de Paula Sousa, Joaquim Manuel de Campos Pinto, Urbano de Azevedo, Albino Alves do Amaral, Tenente Joaquim Antônio de Almeida Sobrinho. (Atas, 4:104v)
No dia 1/2/1883 Caetano Ferreira Monfort avisa que não pode comparecer à sessão “por motivo de serviço clínico”. (Atas, 4:113). Em 27/8/1885 o Dr. Caetano Breton Ferreira Monforte retira-se da cidade para Campinas e se procede à eleição de substituto para ele nas comissões. (Atas, 5:33)
Em 10/9/1885 o Presidente da Província marca o dia 11/10/1885 para eleição de um vereador, que substitua Caetano Monforte (não eram chamados os suplentes nessa época) (Atas, 5:36); em 9/11/1885 ocorre a posse do Capitão José Manuel de Miranda, vereador eleito na vaga do Dr. Caetano Ferreira Monforte. (Atas, 5:43)
ALBINO ALVES DO AMARAL
Já biografado anteriormente.
JOAQUIM MANUEL DE CAMPOS PINTO
Segundo Silva Leme, Genealogia, 1:117, Joaquim Manuel de Campos Pinto era filho de José Manuel Cintra e de sua mulher Constança, sobrinho do Barão de Campinas Joaquim Pinto de Araújo Cintra. Joaquim Manuel de Campos Pinto foi casado com Maria Benedita, filha do Dr. José Oscar de Araújo Cunha e de Manuela Oscarlina Cotrim, de quem teve quatro filhos. No final do século XIX, Joaquim Manuel era fazendeiro no município de Itapira.
Foi eleito vereador em Amparo para o quatriênio 1883/1887, sendo empossado em 7/1/1883. Dado seu parentesco com o Barão de Campinas, podemos presumir que era liberal. (Atas, 4:104v)
No primeiro ano dessa legislatura discutiu-se intensamente a localização do novo prédio da cadeia, que também sediaria a Câmara. Em 21/6/1883 o vereador Campos Pinto declarou que mudava de opinião: terreno oferecido pela Câmara para construção da Cadeia no Largo de Santa Cruz era imprestável, o que não se percebia antes de roçado. (Atas, 4:145)
Em 13/1/1885 obteve um solitário voto para Vice-Presidente da Câmara, sendo derrotado pelo conservador Dr. Francisco Antônio de Araújo, que obteve 4 votos; o republicano Dr. Antônio Muniz de Sousa ficou com 3 votos (Atas, 5:1v).
JOAQUIM ANTÔNIO DE ALMEIDA SOBRINHO
Vereador eleito para o quatriênio 1883/1887, empossado em 7/1/1883, Joaquim Antônio de Almeida Sobrinho já era comerciante em Amparo em 18/4/1871, quando obteve licença “para continuação de negócios”, estabelecido com loja.
(Atas,3:48). Já havia sido candidato à vereança em 1873, ficando como suplente. (Atas,3:147). Mas nessa ocasião elegeu-se Juiz de Paz, com 113 votos. (Atas,3:147)
Também fez parte do Diretório das Obras da Matriz por volta de 1874. (Atas,3:216)
Em 20/3/1876 a Câmara recebeu requerimentos de Joaquim Antônio de Almeida Sobrinho, Manuel de Paiva Moreira e José Manuel Alves Cruz, pedindo restituição de excesso de imposto (o vereador Godoy Moreira se deu como suspeito para o primeiro suplicante). Os pedidos foram indeferidos contra o voto de Elias Gomes. (Atas,3:277, 289, 303 e 4:48v)
Eleito vereador em 1883, também foi escolhido pelos votantes para Juiz de Paz na mesma época. (Atas, 5:127v)
Em 14/6/1888 o Tenente Joaquim Antônio de Almeida Sobrinho multado por não fechar as portas do seu estabelecimento comercial aos Domingos e dias santificados. O Procurador e o Fiscal se recusaram a lhe mostrar o auto de infração. Almeida Sobrinho alegou que a falta de um relógio público impede o exato cumprimento dessa Postura – cada um se regula pelo seu próprio relógio “e o Fiscal pelo dele”, o que gera desencontros. (Atas, 6:134) Em 23/8/1888 foi unanimemente mantida a multa contra o Tenente Joaquim Antônio de Almeida Sobrinho. (Atas, 6:174).
Joaquim Antônio de Almeida Sobrinho, casou três vezes. A primeira com sua prima Francisca Moreira de Almeida, filha do Capitão José Pedro de Godoy Moreira e de Francisca Albertina de Almeida. A segunda vez com Adelaide Idalina Marques, filha de Antônio Pereira Marques e de Benedita Marques. A terceira vez com Adelina de Araújo, filha do Francisco Antônio de Araújo e de Januária de Araújo Roso, neta paterna do coronel Joaquim Floriano de Araújo e de Maria Rosa Leopoldina da Cunha, neta materna do tenente Domingos de Araújo Roso e de Francisca Ursulina, falecida esta em Campinas em 1840. Joaquim Antônio de Almeida Sobrinho já morava em Amparo em 1874, quando adquiriu de Antônio de Freitas Guimarães os prédios n. 5 e 7 do Largo do Rosário. Posteriormente, comprou de José Pedro de Godoy Moreira também as casas n. 3. 5 e 8 da Rua do Rosário. Em sua casa foi fundado o Club 8 de Setembro em 1885. Foi comerciante, subdelegado, juiz de paz, vereador, agente do Correio, eleitor, presidente da Junta Paroquial e tesoureiro das obras da Matriz. Era natural de Limeira. Faleceu em Amparo em 1932.
Entre seus descendentes estão:
1 – Dr. Artur Moreira de Almeida, bacharel e magistrado, amparense, casado duas vezes. A primeira com Lucila Engler, filha de Alfredo Engler e de Rita Teixeira Engler. A segunda vez com Almerinda Engler, irmã da primeira mulher.
2 – Noêmia Marques de Almeida, depois Noêmia de Almeida Camargo, casada com o Dr. Laudo de Almeida Camargo, amparense, filho do Coronel João Belarmino Ferreira de Camargo e de Francisca Viegas de Arruda Leme. O Dr. Laudo de Almeida Camargo foi promotor de justiça e juiz de direito,culminando sua carreira como Presidente do Supremo Tribunal Federal e se consagrando como uma glória da magistratura brasileira. Teve sete filhos entre os quais
3 – Dr. Áureo de Almeida Camargo, amparense, advogado, historiador, o maior pesquisador do passado de Amparo, casado com D. Zuleica de Almeida Camargo, filha do Dr. Domingos José Coelho Júnior e de Teresa Coelho. Pais de:
2.3.4.2.1 – Ana Maria de Almeida Camargo, historiadora, professora da USP.
2.3.4.2.2 – Laudo de Almeida Camargo, médico, já falecido.
4 – Dr. Laudo de Almeida Camargo Filho, advogado, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, casado com Maria Lacombe de Camargo, filha de Domingos Otávio Jacobina Lacombe e de Maria Anunciada Cavalcanti de Albuquerque.
ANTÔNIO MUNIZ DE SOUSA
Antônio Muniz de Sousa, natural de São Sebastião, bacharel em Direito em 1879, logo se transferiu para Amparo, onde foi abolicionista e republicano. Promotor Público e Vereador em Amparo no quatriênio 1883/1887, foi eleito vice-presidente da Câmara em 7/1/1884. (EFA,40, 131, 210 – Atas, 4:162v).
Em 24/1/1883 apresentou um Projeto do Código de Posturas Municipais. (Atas, 4:111). E em 26/4/1883 o Dr. Muniz de Sousa apresentou a sugestão de se alugar a casa do Capitão Miranda para sediar as sessões da câmara. Muniz de Sousa pretendia que a nova Cadeia e Casa da Câmara fosse construída no Largo de Santa Cruz, mas foi vencido (Atas, 4:132v). Em 5/6/1884 foi aprovada a indicação do Dr. Muniz de Sousa de que estacionamento dos carros de condução de lenha fosse feito nos largos da Estação, do Pastinho, de São Benedito e de Santa Cruz. (Atas, 4:179)
Foi deputado provincial em 1884/1885 pelo 7.0 distrito (Chronologia Paulistana). Em 6/7/1885 foi eleito membro do Conselho Municipal de Educação (Atas, 5:24), mas foi derrotado na escolha do vice-presidente da Câmara pelo Dr. Francisco Antônio de Araújo.
Em 14/6/1886 Muniz de Sousa recorreu ao Presidente da Província contra decisão da Câmara que aprovara parecer sobre a construção do Mercado (Atas, 5:89v).
Em agosto de 1886 o Presidente da Província mostrou surpresa de que ele continuava assinando atas, apesar de estar de licença desde março. A Câmara informou: “Antônio Muniz de Sousa pediu licença à Câmara pelo prazo de 6 meses para tratar da saúde”, em 10/3/1886. “Obtida a licença nunca fez uso dela, Continuando a comparecer às sessões sempre que lhe convinha”.
“Há 2 meses, mais ou menos, o mesmo vereador retirou-se da cidade com sua família, vendeu parte de seus bens móveis e embarcou outros, entregando a chave da casa em que residia nesta cidade, e que, pelo jornal da terras, despediu-se dos amigos, declarando que ia residir em São Paulo, e de fato continua a anunciar nos jornais da Capital que aí se emprega no Magistério”. Apesar de reiteradas observações feitas a ele, pelo Presidente da Câmara, o vereador Muniz de Sousa continuou a comparecer às sessões. (Atas, 5:103v)
Em 30/6/1887 descobriu-se que o “livro perdido” das obras da Matriz, procurado durante anos, estava com o Dr. Muniz de Sousa. (Atas, 5:171/171v)
Mudou-se para São José do Rio Pardo, onde participou dos incidentes ocorridos em 10 e 11 de agosto de 1889, quando da visita de Francisco Glicério àquela cidade. Foi também Deputado Estadual. Faleceu em São Paulo em 1909. (Áureo de Almeida Camargo, in Rev. de História, 74:482)
Silva Leme informa que o Dr. Antônio Muniz de Sousa, bacharel em Direito, foi casado com Paula Gomide Reichert, filha do médico alemão Dr. Theodoro Reichert, que clinicou muitos anos em São Paulo, e de Paula Reichert. Esta Paula Reichert era tia do Dr. Francisco de Assis Peixoto Gomide, bacharel em Direito, vice-governador do Estado de São Paulo, falecido tragicamente no exercício do cargo de governador, que também foi vereador em Amparo entre 1877 e 1880. (Silva Leme, 5:154/155)
SUPLENTES CONVOCADOS
DAMÁSIO PIRES PIMENTEL
Damásio Pires Pimentel era filho de João Pires Batista e Maria Pires de Ávila, e foi casado com Elvira Goulart, filha de Antônio Emiliano Goulart Penteado e de Ana de Barros, com geração. Damásio era irmão do também vereador amparense José Pires Pimentel, e dos vereadores de Serra Negra Camilo Pires Pimentel e Antônio Pires Pimentel.
Seu nome surge pela primeira vez nas atas da Câmara em
4/2/1878, quando o vereador Godoy Jorge propôs Damásio Pires Pimentel para cobrar os impostos para as obras da Matriz, o que foi rejeitado. (Atas, 3:352). Só em 8/8/1882 Damásio Pires Pimentel foi nomeado encarregado do imposto para as obras da Matriz, substituindo Marcelino José Pinheiro. (Atas, 4:95)
Em 1883 ele e João Mendes do Amaral haviam arrematado o antigo Matadouro e pleitearam da câmara licença para instalar nele uma máquina de beneficiar café (Atas, 4:127). A Comissão Especial de Higiene deferiu o pedido mas impôs condições (Atas, 4:130). No ano seguinte surgiram problemas com o destino dos resíduos, palha de café, desse estabelecimento (Atas, 4:177v). Em 18/9/1884 várias firmas com máquinas de beneficiar café foram multadas: Miranda & Smith, Couto & Cia, Pimentel & Amaral, Manuel Maria Heitor. (Atas, 4:187v)
Em 26/5/1886 foi chamado na qualidade de suplente a assumir a vaga de vereador aberta pela renúncia do Dr. Francisco Antônio de Araújo, sendo empossado nessa data (Atas, 5:83). O primeiro a ser convocado para essa vaga havia sido o Tenente-Coronel Joaquim Gomes de Almeida, que declarou não poder assumir a vereança, por estar exercendo os cargos de Escrivão do Juízo de Paz e da Subdelegacia, pelos quais optava. (Atas, 5:83) O Comendador Joaquim Pinto de Araújo Cintra havia se escusado de assumir cargo de vereador, do qual era suplente, por incômodos de saúde, o que propiciou a convocação de Damásio.
A partir dessa época envolveu-se profundamente na propaganda republicana, sediando em sua própria casa reuniões e palestras de políticos republicanos. Chegou mesmo a hospedar o então deputado Campos Sales, mais tarde Presidente da República.
Proclamada a República fez parte do Conselho de Intendência em 1890 e foi eleito Intendente Municipal de Amparo em 1897. (EFA, 55, 64, 66, 85, 87, 94, 98, 108, 123, 141, 143)
SUPLENTES QUE SE ESCUSARAM
JOAQUIM GOMES DE ALMEIDA
O saudoso historiador amparense Dr. Áureo de Almeida Camargo, em sua Efemérides Amparenses, informa em 4/2/1880: “Joaquim Gomes de Almeida é eleito Juiz de Paz com 162 votos. Voluntário da Guerra do Paraguai, onde alcançou o posto de Tenente-Coronel. Chefe da Estação da Mogiana, por ocasião de sua inauguração em 1875. Escrivão de Paz do Registro Civil. Faleceria no dia 21/2/1908.” (EFA, 35).
Alguns outros dados sobre esse valoroso militar foram encontrados. Ele já ocupava um cargo na Justiça em 10/11/1879, quando pleiteou o recebimento de custas judiciais. (Atas, 4:18v). Em 7/1/1881 o Tenente-Coronel Joaquim Gomes de Almeida prestou juramento do Juiz de Paz. (Atas, 4:47). Em 17/5/1883 era Contador interino do Juízo. (Atas, 4:138). Em 8/11/1883 Joaquim Gomes de Almeida era o Contador do Juízo. (Atas, 4:161)
Quando da separação do Cartório de Paz do da Subdelegacia, em 24/9/1885, foi proposta a nomeação de Joaquim Gomes de Almeida para Escrivão de Paz, o que foi aprovado pela Câmara. (Atas, 5:39)
Em 4/3/1886 o Comendador Joaquim Pinto de Araújo Cintra escusou-se de assumir cargo de vereador, do qual era suplente, por incômodos de saúde (Atas, 5:66v). Foi então convocado, em 26/5/1886, o Tenente-Coronel Joaquim Gomes de Almeida, que declarou não poder assumir a vereança, por estar exercendo os cargos de Escrivão do Juízo de Paz e da Subdelegacia, pelos quais optava. (Atas, 5:83). Sua presença nesse cargo é registrada ainda em 17/5/1888 (Atas, 6:123) e em 25/7/1892. (Atas, 8:82v)
Não encontramos ainda qualquer dado familiar desse suplente de vereador, mesmo porque ele não consta da Genealogia Paulistana de Silva Leme.
JOAQUIM PINTO DE ARAÚJO CINTRA
Joaquim Pinto de Araújo Cintra, futuro Barão de Campinas, foi uma figura paradoxal na política amparense. Chefe inconteste do Partido Liberal em Amparo, dono de grande fortuna, cidadão benemérito que realizou numerosas e importantes obras de beneficiência, inclusive a construção do Hospital Ana Cintra, em conjunto com seu cunhado, o Barão Cintra, jamais participou dos trabalhos da Câmara e ou de outro cargo público.
Candidato a vereador na eleição de 1865, foi derrotado, ficando como suplente. Convocado para assumir a vereança, recusou-se a fazê-lo em 1866. Em 1886, novamente convocado como suplente, escusou-se “por incômodos de saúde” (Atas, 5:66v). Ainda em 1866 escusou-se de tomar posse como suplente de Delegado de Polícia, pedindo ao Presidente da Província que o dispensasse.(Atas, 2:22v e 24v/25)
Apesar disso, foi sempre figura influente nos trabalhos da Câmara, quer como líder do Partido Liberal, quer como parte em assuntos nela discutidos.
Mas participou de numerosas comissões de cidadãos para os mais diversos fins. Assim em 26/11/1866 fez parte da Comissão de Recrutamento no município de Amparo para a Guerra do Paraguai, no bairro dos Silveiras, junto com seu irmão José Manuel Cintra (Atas, 2:28v/29)
Em 14/4/1873 foi incluído entre os suplentes de Vereadores eleitos para o quatrienio 1873/1877, com 8 votos, mas não chegou a ser convocado. (Atas,3:147)
Ao “tratar-se dos preparativos para recepção dos distintos hóspedes Imperiais nesta cidade por todo o mês de Junho”, a Câmara, na sessão de 28/5/1877, deliberou agir em “combinação com os cidadãos Comendador Joaquim Pinto de Araújo Cintra, Comendador Zeferino da Costa Guimarães, Dr. Joaquim Mariano Galvão de Moura Lacerda”. (Atas,3:323)
Quando da construção do Monumento da Independência do Brasil no Ipiranga, nas comissões nomeadas para angariar donativos na cidade, nomeadas em 3/9/1877, estava o Comendador Joaquim Pinto de Araújo Cintra, junto com o Capitão Luís Vitorino de Sousa e Silva, Tenente Francisco de Assis Santos Prado, Vigário Antônio José Pinheiro e Capitão José Manuel de Miranda. (Atas, 3:336)
Nesse mesmo ano, em 19/11/1877, foi nomeado para o
Diretório para as obras da Matriz:- Comendador Zeferino da Costa Guimarães – Joaquim Pinto de Araújo Cintra – Dr. Caetano Breton Ferreira Monfort – Capitão José Manuel de Miranda. (Atas, 3:348)
Era membro do Diretório do Lazereto dos variolosos em 1878.
Em 15/4/1878 a Câmara resolveu colocar à disposição dos munícipes dois terrenos para a construção de um “passeio público”, um no fim da Rua do Rosário e outro “em frente à Estação”. Os Comendadores Joaquim Pinto de Araújo Cintra e Zeferino da Costa Guimarães foram nomeados “para obterem o concurso dos Donativos do povo”, escolherem os terrenos e “realizar a obra como julgarem melhor”, sendo expedido ofício nesse sentido aos mesmos. (Atas, 3:360)
Uma das suas últimas tentativas de promover o bem público e o progresso da cidade ocorreu em 23/5/1889, quando uma proposta do Comendador Joaquim Pinto de Araújo Cintra e seu filho Dr. José Pinto do Carmo Cintra para instalar serviços de abastecimento de água, esgotos e iluminação na cidade, foi bloqueada pelos adversários na Câmara. (Atas, 6:326 e 360/361)