A Wikipédia é a salvação dos cronistas. Ela fornece rapidamente a informação essencial para solucionar dúvidas e permitir que o texto avance. Neste caso, nos valemos dela para saber que a primeira máquina de cinema foi patenteada em 1864
pelo francês Louis Ducos de Hauron e que em 1888 foi produzido um curta-metragem, de 2 segundos de duração, do também francês Louis Le Prince, que é reconhecido como o primeiro filme da História.
Mas foi com os irmãos Lumière que o cinema começou a conquistar o mundo a partir de 1895. Entretanto, logo os norte-americanos perceberam o valor comercial da invenção e entraram no negócio, com base inicialmente em Nova York e depois em
Holywood.

O fato é que por volta de 1904 o cinema já corria o mundo e chegou a Amparo. Em 30/10/1904, o “Correio Paulistano” informava que um cinematógrafo Lumière estava em exibição no Teatro João Caetano, em Amparo. E, a 4/11/1904, o mesmo
Correio Paulistano contava que cinematógrafo do João Caetano continuava fazendo sucesso., notícia que se repetiu em 27/11/1904.
No ano seguinte, já se tentava uma novidade, um tanto prematura: a 25/9/1905 o Correio Paulistano anunciava: “Estreou no João Caetano o cinematógrafo falante Lumière, de propriedade de Marcelino de Andrade”.
O cinema viera para ficar. Ia se incorporar aos hábitos do povo de Amparo, como do resto do planeta. O teatro teria sua influência reduzida; a ópera, espetáculo caro, praticamente desapareceu nas cidades do Interior; outras diversões, como o circo e os parques, os rodeios e touradas (que ainda existiam), sofreriam forte concorrência dos cinemas.
Entretanto, uma tragédia, que poderia ter sido pior, marcou o desenvolvimento inicial do cinema em Amparo. A 19/6/1908, as manchetes dos jornais eram: “O Commercio de São Paulo”: – “Horroroso incêndio num teatro – em Amparo – quatro
pessoas mortas e mais de trinta feridas” – incêndio durante sessão de cinema no Teatro João Caetano (na verdade, um morto e dezenas de feridos) . E o ”Correio Paulistano”, no mesmo dia: “Amparo – Incêndio num cinematógrafo – o terror dos
espectadores – queda fatal do alto da galeria sobre um camarote – vários feridos no Hospital Ana Cintra – consternação geral”.
A vítima fatal fora Martinha dos Santos, 16 anos, que se jogara da galeria sobre a platéia. O fogo atingiu o camarote onde estava instalado o aparelho de projeção. O fogo foi extinto pelo destacamento local e populares.
No dia seguinte, o “Correio Paulistano” dava detalhes do desastre, informando que os feridos havia recebido o primeiro atendimento na Farmácia Maia, e que os Drs. Mamede Rocha, G. Sandoval, Coriolano Burgos, André Peggion e Carlos Gomes, 3º
anista de Medicina, haviam se encarregado dos socorros. O jornal comentava também que o Teatro João Caetano tinha uma uma única saída, o que agravou o pânico.
Isso não impediu, porém, que as sessões de cinema continuassem a ser um sucesso. Em 1910, o Teatro João Caetano, reformado, foi transformado no “Cinema Recreio”. E foi inaugurado o Teatro Variedades, também apto a projetar filmes; já em 10/11/1910 , “O Estado de São Paulo” noticiava que o Teatro Variedades promoveria um espetáculo cinematográfico em benefício do Amparo Athletic Club. E, em 24/4/1911, o próprio “O Estado de São Paulo” informava que os Teatros João Caetano e Variedades estavam muito concorridos com novidades cinematográficas .
Em 29/4/1912, a notícia de “O Estado de São Paulo” era a de que J. A. Boucault, empresário do Variedades, adquirira a empresa “Cinema Recreio”, que funcionava no Teatro João Caetano.
O mesmo jornal, em 7/12/1924 , anunciava a construção de um novo teatro em Amparo. A comissão encarregada disso era composta por: Dr. Amadeu Gomes de Sousa, Dr. Francisco de Sousa Araújo, Luís Faraco, Constâncio Cintra, Dr. Pedro de
Araújo, Dr. Antenor Leite, Sebastião Gama, Cláudio Braga Júnior, Orlando Bellagamba, Narciso Vieira, Dr. Carlos Burgos e Ovando de Campos. Seria construído num terreno que pertenceu a Jorge Pires de Godoy na Rua 13 de Maio, em frente à redação de
“OComércio”.
Tratava-se, evidentemente, do futuro Cine S anta Helena, mas este só seria construído em 1930. Pois, o “Correio Paulistano”, de 14/1/1930, declarava que “por iniciativa de Vitale Tambellini estava sendo construído um teatro na Rua 13 de Maio, que se chamará “Santa Helena”. Em 9/5/1930, o “Correio Paulistano” anunciava um Festival em benefício da Caixa Escolar no Cine Santa Helena”, da empresa “Almeida & Borghi”. Mas, a inauguração do Cine Santa Helena, com cinema falado, que foi um
Sucesso, pela empresa de Cantídio de Almeida, é noticiada apenas em 1/7/1930 pelo Correio Paulistano.
A essa altura o cinema já se firmara como a principal atividade social e cultural da Cidade, com sessões diárias, matinês aos domingos, seriados, pipoca e filas; muitas filas… O Santa Helena, inclusive, tinha uma campainha que ficava tocando 10 minutos antes do início da primeira sessão, em geral às 19 horas (minha família morava em frente ao Santa Helena, pelo que sei de muitos detalhes desse cinema).
O comando dos cinemas era de Arthur Tambellini, sucessor do velho Vitale, e em 1950 era atingido o auge da era do cinema em Amparo, com três casas: Variedades e Santa Helena, da família Tambellini, e João Caetano, do empresário Ferrari.
Os cinemas pareciam ser imbatíveis, quando em 1956 Adalgizo Batoni promoveu as primeiras exibições públicas de televisão, na sua loja na Rua 13 de Maio, exibindo jogos de futebol do time húngaro Honved contra um combinado Flamengo/ Botafogo (se não me engano.)
O avanço da nova invenção foi rápido. Em 1957 a televisão se difundiu com a instalação de uma retransmissora, semi-clandestina, e a criação do Club de Televisão. Aa Prefeitura acabou por encampar o Club de Televisão e criar uma taxa, inconstitucional, mas todo mundo pagou sem reclamar…
A partir de 1960 a frequência dos cinemas caiu verticalmente. A Empresa Bragantina, empresária das casas locais, não conseguiu manter o nível dos espetáculos e na década de 1970 os últimos cinemas fecharam as portas.
Os detalhes da história dos cinemas em Amparo serão contados um dia por Guilherme Mantovani Coli, descendente em linha reta dos pioneiros Tambellini. Aguardem…

 

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