ANTÔNIO PIRES DE GODOY JORGE

 

     Antônio Pires de Godoy Jorge, natural de Bragança, onde nasceu em 1820, filho de pai incógnito e de Ana Jacinta da Cunha, foi casado no Amparo em 1844 com Rosa Maria da Conceição, viúva de Inácio Alves de Oliveira. Rosa Maria, ao que parece, faleceu pouco depois, já que fez testamento em 21/1/1845. Ela era filha de Salvador Gonçalves Teixeira e Gertrudes Maria de Jesus. Consta ser Antônio Pires de Godoy Jorge o pai do jornalista amparense Jorge Pires de Godoy, autor dos “Almanaques do Amparo” e um dos pioneiros da imprensa local, que mais tarde, já no século XX, também foi vereador. Até pouco tempo, só se conhecia o nome de um outro parente seu, sua irmã Josefa Maria da Conceição (Atas, 3:382383). Mas o testamento de Francisco Antônio da Cunha Claro, encontrado no arquivo do Cartório do 1º Ofício de Amparo, livro 4:15, esclarece que o testador era irmão de Antônio Pires de Godoy Jorge e de Silvestre da Cunha Claro.

Em 1846 Godoy Jorge era Agente da Coletoria da Província em Amparo. Foi o primeiro Procurador da Câmara nomeado em 1857, cargo que equivaleria hoje a “gerente geral” da administração municipal, encarregado de executar as determinações da câmara (Atas, 1:2v).

Antônio Pires de Godoy Jorge era suplente de vereador na primeira legislatura de nossa câmara municipal e foi convocado a assumir o cargo. Era integrante do Partido Liberal, tendo se envolvido no grave conflito ocorrido na Igreja do Rosário em 2 de fevereiro de 1869, entre liberais e conservadores (EFA, 34). Foi eleito Juiz de Paz em 1861.

Em 24/12/1862 foi nomeado suplente do Juiz Municipal e de Órfãos de Amparo, provimento que se repetiu em 8/10/1866. (Atas, 1:122v/123 – 2:24v/25)

     Era dono de um terreno murado na Rua Direita, que após alguns desacertos com relação ao preço, acabou sendo vendido à Câmara em 1871. (Atas, 3:46/47). E mesmo atarefado com suas múltiplas atividades, em 25/5/1872 fez pessoalmente a apreensão de animal de Serafim de Godoy Bueno que vagava em suas terras. (Atas,3:102) Poucos anos depois era Godoy Jorge multado pela apreensão de animais seus em terras de vizinhos; alegou queda de cerca de pau-a-pique que separava sua propriedade da do vizinho. (Atas, 3:335)

     Em 15/6/1874, José Pedro de Deus e João Antônio Gonçalves indicaram que se conservasse o Diretório das Obras da Matriz, no qual era Procurador o Tenente Antônio Pires de Godoy Jorge. (Atas,3:216)

Foi um dos maçons amparenses que outorgaram procuração em 4/3/1875 ao Conselheiro Saldanha Marinho para reclamar do Governo Imperial contra as bulas papais que excluiam os “pedreiros livres” dos atos da Igreja. (1º of., 33:162v/ 164v)

     Elegeu-se vereador novamente em 1865 e 1877, tendo presidido a câmara em muitas sessões. Acompanhou Bernardino de Campos e outros liberais que se tornaram republicanos. Em sua casa foi realizada em 10 de março de 1878 a reunião dos membros do Partido Republicano para a escolha de representante no congresso do partido, a ser realizado na capital.   

Na sessão da Câmara de 16/4/1877 foi apresentada uma indicação de Bernardino e Godoy Jorge para representar ao Poder Legislativo (do Império) sobre a necessidade de estabelecer no país “plena liberdade religiosa”, “para aumentar a população moralizada e determinar a fixação de capitais no pais” (sic) (Atas,3:319).  Na sessão de 1/6/1877 essa proposta de plena liberdade religiosa no país, apresentada por Bernardino, Godoy Jorge e Gomide foi discutida; falaram a favor da proposta Bernardino, Godoy Jorge e Gomide; contra falou Nunes Jr.; posta a votos foi rejeitada. (Atas, 3:325/326)

     Chegou a tenente-coronel da Guarda Nacional no final do século XIX. Em 1885 ocupou o cargo de Delegado de Polícia. (EFA, 36, 87)

Godoy Jorge era proprietário em 1890 de terrenos no Ribeirão, na estrada do Morro das Pedras (EFA, 36, 72), que provavelmente integravam o sítio de 200 alqueires que ele havia declarado ao Registro Paroquial de Terras em 1856. (RPT, 272). Faleceu aos 70 anos em 6/5/1890.

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