Estamos de volta à Cronologia Amparense, depois de meses de ausência. Dado o desgosto de nossos eventuais leitores com o vocábulo “ereção”, e após o saudável debate sobre o significado dessa palavra, com a participação do Samuel Bruno, Edgar, Carlos Arthur, Heloísa, Benjamin, Marcelo Henrique e outros, adotamos para esta crônica o título acima. A principal fonte que usamos foi o trabalho do Dr. Áureo de Almeida Camargo, “Romagens pelo Pátio”, que é a obra definitiva sobre o tema.
Autorizada uma nova capela para a jovem povoação de Amparo, nos termos da licença concedida em 16/7/1824, pelo Vigário Capitular da Diocese de São Paulo, padre Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade, os moradores logo começaram a edificá-la.
Entretanto, por um certo período, nada se encontra a respeito do assunto. Só em 9 de janeiro de 1828 um assento do Livro de Batizados de Serra Negra, n. 1, fls. 8, menciona que o Pe. Figueira batizou na Capela do Amparo João, filho de Manuel Antônio do Espírito Santo, casado com Dorotéia (sic), ato esse registrado em Serra Negra.
Dez meses depois, a 1/11/1828, o Padre Francisco Figueira da Assunção batizou na Capela do Amparo, com licença do Capelão de Serra Negra Pe. Camilo José de Moraes Lellis, Manuela, filha de João da Cunha de Macedo e de sua mulher Ana Francisca, sendo padrinhos Antônio da Silveira Franco e sua mulher Isabel da Silveira Franco. Essa informação se deve ao saudoso Jorge Antônio José em seu valioso trabalho “Amparo no meu caminho”.
Curiosamente, o primeiro batizado na Capela do Rosário, hoje Serra Negra, em 9/11/1828, foi o de Custódio, filho de Lourenço da Silva Pinto e de Gertrudes Maria, ambos do “bairro Camanducaia”, sendo Padrinhos: Custódio Pinto da Fonseca e sua mulher Ana Maria de Sousa. Foi celebrante o Padre Camilo José de Moraes Lellis (Capelão Curado daquela capela do Rosário). Vários outros batizados de moradores do Bairro Camanducaia, portanto amparenses, foram realizados naquela época na Capela do Rosário, porque ainda não fora curada a Capela de Nossa Senhora do Amparo. (BSN, 1:1) . Em 23/11/1828, o Padre Camilo José de Moraes Lellis batizou na Capela do Rosário (Serra Negra) a recém-nascida Ana, exposta em casa de Manuel Antônio Bueno, no bairro de Camanducaia, sendo Padrinhos o próprio Manuel Antônio Bueno e sua mulher Gertrudes Maria. (BSN, 1:4v).
Avolumavam-se as necessidades religiosas dos moradores do “bairro Camanducaia”, tornando-se premente a criação ali de um curato (capela curada). Já existia o prédio da capela, mas faltavam outras providências indispensáveis. Era preciso definir a sua “aplicação”, ou seja, o seu distrito, o território de sua “jurisdição”; era preciso ouvir os vigários das paróquias cujos territórios iriam constituir o novo curato; era necessário um relatório detalhado sobre a conveniência da criação do curato; além disso, teria que ser feito um trabalho ainda mais exaustivo, o recenseamento dos moradores, e finalmente, era necessário designar um sacerdote para ser o seu cura.
Tudo isso foi providenciado por um sacerdote que até então se mantivera à distância, distribuindo comunhão e ouvindo confissões na zona rural. Era o padre Roque de Sousa Freire, de uma família rica do Vale do Paraíba, que migrara para Mogi-Mirim.
Havia ele registrado a presença de quase três mil moradores, muito mais do que o suficiente para a ereção de uma capela curada; na verdade, era o bastante para se criar uma nova paróquia! O recenseamento feito pelo padre Roque era minucioso: indicou a presença de 2.264 moradores, com a designação do chefe de cada “fogo”, ou seja, família, e a distância a que residiam, sem contar os que, por atraso, não havia sido incluídos.
O padre Roque também elaborou um relatório ao Bispo Diocesano, em 29/3/1829, mencionando as potencialidades da nova capela, a fertilidade de seu solo, e que já existiam olarias para produzir telhas, além de um rio com peixe, ponte para travessia, e havia muita madeira e lenha, “por se achar situada em centro de matas” (JAJ, 39). E justificou a criação da capela, pela distância de Serra Negra e Bragança (locais onde existiam curas) “por caminhos montuosos”. E listou os paramentos e alfaias que existiam na capela para a celebração das missas. Descreveu a capela como sendo “de parede de mão, porém rebocada”.
Removidos os últimos obstáculos, o Bispado de São Paulo expediu a Provisão de Capela Curada à Capela de Nossa Senhora do Amparo, do termo da vila de Bragança, em 8 de abril de 1829. E na mesma data foram fixados os seus limites com Bragança, Serra Negra, Mogi-Mirim e São Carlos, a atual Campinas.
Amparo havia nascido!

 

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