Alcides Penteado – 1911-1912

 

Filho do Coronel Pedro Penteado e de Ana Carolina da Silveira, foi prefeito de Amparo em 1911 e 1912. O Coronel Pedro Penteado era de família campineira, filho de Domingos Leite Penteado e de Maria da Rocha. Ana Carolina era de tradicional família amparense, filha de Antônio Pedro Xavier e de Maria Salomé da Silveira, bisneta de Francisco Xavier dos Passos. Ana Carolina era irmã de Francisca Xavier da Silveira, casada com Querubim de Alencar Cintra, filho de Joaquim Pinto de Araújo Cintra, Barão de Campinas, parentesco esse que, provavelmente, teve efeitos na política amparense, com o apoio dos remanescentes monarquistas ao “pedrismo”.

A primeira informação que temos sobre Alcides Penteado necessita de confirmação, pois pode se tratar de um homônimo: em 6/1/1895 Alcides Penteado é aprovado plenamente no Colégio Varela em Franca (secundário)(1)

Em 27/9/1902 Alcides Penteado, já adulto e fazendeiro, assistiu uma experiência na propriedade de José Fontana, com o aparelho formicida Batallaird, que foi coroado de sucesso (2). Nessa qualidade de fazendeiro Alcides Penteado participa em 1/2/1903 do Congresso dos Lavradores no Teatro Politheama, em São Paulo.(3)

Os jornais de 3/6/1904 noticiam de Amparo que “Partiu para a Alemanha o Sr. Alcides Penteado”(4). Lá residiu vários anos, cursando Agronomia. Isso lhe valeu a fama de germanófilo, numa sociedade quase toda francófila.

Em 1910 já está de volta, pois é eleito 2º secretário do Club 8 de Setembro (5).

No ano seguinte, vereador eleito, é escolhido para o cargo de prefeito de Amparo. Um de seus primeiros atos é a

inauguração da herma do Barão de Campinas, em 23/1/1911 (6). Eram seus companheiros na Câmara Dr. Amadeu Gomes de Sousa, presidente, e os vereadores o Dr. Valêncio do Prado, o farmacêutico Nicanor Novaes, Major Felício Granato, Francisco Mariano Galvão Bueno, Dr. Custódio Guimarães, Dr. José Leite de Arruda, Dr. José Oscar de Araújo, e Major Francisco Alves Pimentel (7).

Logo tem que enfrentar a espinhosa “Questão das Duas Pontes”, uma pendência de limites com Mogi Mirim, sendo forçado a recorrer ao Judiciário (8). Outros problemas administrativos menores também exigem sua intervenção (9)(10).

A política agressiva do Presidente Hermes da Fonseca, bombardeando a cidade de Salvador, desperta reações no país todo. A Câmara de Amparo protesta contra intervenção federal na Bahia: Alcides Penteado, Custódio Guimarães, Valêncio do Prado, Amadeu Gomes de Sousa, Gustavo de Sousa Campos, Felício Granato e Francisco Mariano Galvão Bueno subscrevem manifesto. (11)

Em 1912 deixa os cargos de prefeito e de vereador, tendo sido necessário eleger substitutos para ele e para outros dois edis (12). Imediatamente a seguir é eleito para a Diretoria do Banco Industrial Amparense, como vice-presidente. Finalmente, iria integrar aquela instituição fundada por seu pai Pedro Penteado (13).

Sua saída da Câmara não parece ter sido traumática, pois Alcides continua em boas relações com os demais vereadores e com a sociedade amparense. Chega mesmo a integrar caravana de famílias amparenses que, em 14/10/1912, fez uma visita amistosa a Itapira, da qual faziam parte Dr. Amadeu Gomes de Sousa, Dr. Valêncio do Prado, José Feliciano de Camargo Júnior, Herculano Cintra, D. Minervina Bueno, D. Leonina Cintra, Camilo Pires Pimentel, e dezenas de outros. (14)

Parece ter se afastado temporariamente da política, mas em 12/11/1917 toma parrte na delegação do Amparo ao Congresso da Mocidade Brasileira, junto com o Dr. Pedro Bueno, Dr. Vasco de Toledo, Augusto Penteado e Dr. Francisco de Araújo(15). Nesse mesmo ano ele havia proposto um projeto de criação de de “veterinários comunitários” para atender aos pequenos agricultores. (16)

Alcides Penteado também era esportista, praticante de tiro ao alvo, competindo em São Paulo em provas de revolver a 25 metros (17), chegando mesmo a conseguir boas colocações nelas (18).

A partir de 1925 Alcides Penteado se envolve em duas cruzadas pessoais: a Liga Agrícola Brasileira e o Partido Democrático. Integra caravana do P.D. a Cravinhos e Buenópolis, liderada por Paulo Nogueira Filho, para organizar o partido naquelas cidades e desenvolve outras atividades partidárias (19). Em 18/5/1928 ele representa a Liga Agrícola Brasileira no Congresso Pecuário de Porto Alegre. Para chegar a tempo, teve “que voar de hidroplano” de Rio Grande a Porto Alegre, num percurso de 280 quilômetros, percorridos em 3 horas (DN). Em 18/7/1928 Alcides foi eleito 2º secretário da Liga Agrícola Brasileira (DN). (20)

Em 25/6/1930 Alcides Penteado publica no Diário Nacional um artigo contra o protecionismo industrial, intitulado “A Lavoura e a Política”, em que menciona “a formidável crise que ora nos honra com sua odiosa presença”. Ainda que suas teses sejam questionáveis, remontando aos princípios de Joaquim Murtinho, a matéria é de extrema importância para o entendimento da crise de 1929, ao indicar que já em junho desse ano a situação econômico-financeira era gravíssima.

Em 14/8/1930 Alcides Penteado, junto com outros, subscreve ofício ao Partido Democrático propondo a extinção dos subsídios parlamentares (21).

A sua participação na Revolução Liberal em 1930 é um tanto obscura na documentação colhida. Uma anotação perdida (mas que está viva na nossa memória) indicava que Alcides Penteado fora “prefeito militar de Sertãozinho”. De qualquer modo, como membro ativo da direção do Partido Democrático em São Paulo há de ter participado dos acontecimentos.

Sofre a perda do pai, o coronel Pedro Penteado, em setembro de 1931. Pedro Penteado havia se afastado da política e do P.R.P havia vários anos, em razão da preterição de seu candidato Daniel Machado, na chapa do partido, pela Comissão Central, em desacordo com o que havia sido acertado previamente (22). É bastante provável que esse fato tenha influído na decisão de Alcides Penteado de aderir ao Partido Democrático.

Alcides Penteado, em 17/1/1931, é membro de uma comissão de divulgação das idéias do Partido Democrático. (23). E, em 8/7/1932 – Alcides Penteado, mesário no Congresso do Partido Democrático em São Paulo, um evento que provavelmente não se realizou, dada a eclosão da Revolução Constitucionalista na madrugada do dia seguinte. (24)

Não encontramos menção às atividades de Alcides Penteado entre 1932 e 1937, mas nossa pesquisa é ainda muito incompleta, baseada exclusivamente na busca em jornais pela Internet, pois a documentação amparense continua trancada a sete chaves no Museu Bernardino de Campos e na Casa da Cultura. Por isso, acreditamos que ele tenha participado da Revolução Constitucionalista e dos episódios que se seguiram.

A partir de 1937, Alcides Penteado desenvolve intensa atividade na Sociedade Amigos da Cidade de São Paulo, presidida por Gofredo da Silva Teles, e que tinha por vice-presidente Francisco Prestes Maia, da qual ele, Alcides, tinha sido um dos fundadores (25).

O Estado Novo o encontra como fazendeiro em Garça (26). Em 21/1/1944 faleceu d. Ana Carolina Penteado, mãe de Alcides Penteado, viúva do coronel Pedro Penteado (27). Alcides Penteado continua suas atividades como fazendeiro e cidadão prestante, até falecer em 2/8/1962 (28).

A Municipalidade de Amparo o homenageou, dando o seu nome a uma das ruas do centro da cidade (29).

 

NOTAS

 

(1) – 6/1/1895 – Alcides Penteado aprovado plenamente  no Colégio Varela em Franca (secundário) (OESP)

(2) – 27/9/1902 – Alcides Penteado, fazendeiro, assiste experiência na propriedade de José Fontana, com o aparelho formicida Batallaird, que foi coroado de sucesso. (OESP)

(3) – 1/2/1903 – Alcides Penteado participa do Congresso dos Lavradores no Teatro Politheama, em São Paulo. (OESP)

(4) – 3/6/1904 – Amparo – “Partiu para a Alemanha o Sr. Alcides Penteado”(OESP). Em 19/6/1928 o Diário Nacional informava que Alcides Penteado era formado em Agronomia na Alemanha, onde residira durante vários anos (DN).

(5) – 22/10/1910 – Eleita a nova diretoria do Club 8 de Setembro: Presidente: Dr. Vasco de Toledo – Vice-Presidente: Dr. Augusto Guimarães – 1º Secretário: Dr. Valêncio do Prado – 2º Secretário: Alcides Penteado – Tesoureiro: Lino Cunha – Procurador: Domingos Nunes – Comissão de Concertos: Costabile Augusto Niglio, José Pupo Nogueira e Coronel Felício Cintra. (O Diário)

(6) – 23/1/1911 – inauguração da herma do Barão de Campinas – Alcides Penteado, Prefeito – biografia e descendência do Barão – Felício Granato e a Mútua (?) – notícia confusa.(OESP)

(7) – 17/3/1911 – sessão da Câmara de Amparo: Dr. Amadeu Gomes de Sousa, presidente – vereadores: Dr. Valêncio do Prado, farmacêutico Nicanor Novaes, Major Felício Granato, e Francisco Mariano Galvão Bueno, Dr. Custódio Guimarães, Dr. José Leite de Arruda, Dr. José Oscar de Araújo, e Major Francisco Alves Pimentel – Prefeito: Alcides Penteado. (OESP)

(8) – 28/8/1911 – Alcides Penteado, Prefeito Municipal –  Questão das Duas Pontes – recurso do Judiciário. (OESP)

(9) – 27/11/1911 – Dr. Amadeu Gomes de Sousa, Presidente da Câmara – Alcides Penteado, Prefeito. (OESP)

(10) – 5/12/1911 – Alcides Penteado, Prefeito. (OESP)

(11) – 18/1/1912 – a Câmara de Amparo protesta contra intervenção federal na Bahia: Alcides Penteado, Custódio Guimarães, Valêncio do Prado, Amadeu Gomes de Sousa, Gustavo de Sousa Campos, Felício Granato e Francisco Mariano Galvão Bueno. (OESP)

(12) – 30/4/1912 – eleitos vereadores Romeu de Campos Pinto,  Leopoldo Cunha e Joaquim Bueno de Camargo Silveira nas vagas deixadas por Gustavo de Sousa Campos, Alcides Penteado e Nicanor da Silva Novaes. (CP)

(13) – 4/4/1912 – Diretoria do Banco Industrial Amparense: Dr. Vasco, Presidente – Augusto Guimarães, Vice – Alcides Penteado, Gerente – Afonso Celso, Amadeu Gomes e Antônio da Silveira Melo, membros do Conselho Fiscal. (OESP)

(14) – 14/10/1912 – Alcides Penteado integrou a caravana de famílias amparenses que fez uma visita amistosa a Itapira, da qual faziam parte Dr. Amadeu Gomes de Sousa, Dr. Valêncio do Prado, José Feliciano de Camargo Júnior, Herculano Cintra, D. Minervina Bueno, D. Leonina Cintra, Camilo Pires Pimentel, e dezenas de outros. (OESP)

(15) – 12/11/1917 – delegação do Amparo ao Congresso da Mocidade Brasileira: Dr. Pedro Bueno, Dr. Vasco de Toledo, Augusto Penteado, Alcides Penteado e Dr. Francisco de Araújo. (OESP)

(16) – 2/4/1917 – menção de um projeto de Alcides Penteado:– veterinário comunitário. (OESP)

(17) – 25/5/1918 – Alcides Penteado toma parte em prova de tiro ao alvo em São Paulo – revolver a 25 metros. (OESP)

(18) – 26/3/1926 – Alcides Penteado é segundo colocado em prova de tiro em São Paulo (OESP)

(19) – 14/9/1926 – Alcides Penteado integra caravana do Partido Democrático a Cravinhos e Buenópolis, liderada por Paulo Nogueira Filho. (OESP)

(20) – 12/4/1928 – Alcides Penteado, membro da Liga Agrícola Brasileira (DN). Em 18/5/1928 ele representa a Liga Agrícola Brasileira no Congresso Pecuário de Porto Alegre. Para chegar a tempo, teve “que voar de hidroplano” de Rio Grande a Porto Alegre, num percurso de 280 quilômetros, percorridos em 3 horas (DN). Em 18/7/1928 Alcides foi eleito 2º secretário da Liga Agrícola Brasileira (DN).

(21) – 14/8/1930 – Alcides Penteado subscreve ofício ao Partido Democrático propondo a extinção dos subsídios parlamentares. (OESP)

(22) – 15/9/1931 – Coronel Pedro Penteado – falecimento – casado no Amparo com Ana Carolina da Silveira – morou em Serra Negra – libertou seus escravos – militou na política junto com João Belarmino Ferreira de Camargo e Luís de Sousa Leite. – amigo de Francisco Glicério, Campos Sales, Bernardino de Campos, Silva Pinto. – seu afastamento da política perrepista – preterição de Daniel Machado – Filhos: Angelina Penteado e Hercília Penteado de Faria e Silva, casada com o comandante Manuel José de Faria e Silva – Alcides Penteado – Alda Penteado Nichols, casada com Carlos Nichols. (DN)

(23) – 17/1/1931 – Alcides Penteado é membro de uma comissão de divulgação das idéias do Partido Democrático. (OESP)

(24) – 8/7/1932 – Alcides Penteado, mesário no Congresso do Partido Democrático em São Paulo. (OESP)

(25) – 18/3/1937 – Alcides Penteado toma parte em reunião da Sociedade Amigos da Cidade de São Paulo, presidida por Gofredo da Silva Teles, e que tinha por vice-presidente Francisco Prestes Maia. (OESP)

(26) – 22/8/1938 – apelação cível de Garça – apelados Alcides Penteado e outros (OESP)

(27) – 21/1/1944 – faleceu d. Ana Carolina Penteado, mãe de Alcides Penteado, viúva do coronel Pedro Penteado (OESP)

(28) – 24/8/1962 – faleceu a 2/8/1962 Alcides Penteado, um dos fundadores da Sociedade Amigos da Cidade de São Paulo.

(29) – Travessa Alcides Penteado, entre o Mercado Municipal e a Feira do Produtor.

 

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