Gustavo da Silveira Vasconcelos – 1920-1921

 

Gustavo Adolfo da Silveira Vasconcelo era filho Leopoldino da Silveira Vasconcelos (este filho de Cândido da Silveira, “que foi escrivão em Bragança com grande geração”, e de Guilhermina da Silveira – SL, 5:405) e de D. Maria Victorina da Silveira. (1)

Gustavo da Silveira Vasconcelos casou-se com Ana Virgínia Pupo (Maria da Silveira, mencionada em Silva Leme, 2:64, parece ser nome incorreto), filha de Inácio da Silveira Pupo, fazendeiro em São Manuel, e Maria Marcolina de Campos,esta filha de José Manuel Cintra e de Constança de Campos. Inácio da Silveira Pupo, por sua vez, era filho de Florêncio Corrêa Pupo e de Escolástica Leopoldina, neto paterno do alferes José Corrêa Pupo e de Ana da Silveira, neto materno de Inácio Caetano da Silveira e de Delfina de Campos.

Leopoldino de Vasconcelos passou-se de Bragança para Amparo em época remota, provavelmente na década de 1860. O certo é que notícias de 3/12/1867 e 5/12/1867 informavam que lhe fora concedida a serventia vitalícia do ofício de escrivão do júri e execuções criminais do Termo de Amparo a Leopoldino Augusto da Silveira Vasconcelos. (3)

Leopoldino de Vasconcelos, patriarca dessa grande família, foi mais um ilustre morador da Rua do Rosário, hoje Rua !5 de Novembro, pois lá residia em 1875(2ª). Nessa mesma rua moraram Prestes Maia, Laudo de Camargo, Bernardino de Campos e outros amparenses importantes.

Leopoldino foi nomeado tabelião interino do Amparo, em 8/11/1865  “por ter o atual serventuário tenente Manuel Cândido Quirino Chaves de marchar para a guerra”. (2)

O filho Gustavo Adolfo da Silveira Vasconcelos, entretanto, teve um começo de vida mais duro, trabalhando no comércio. Em 24/1/1896 um requerimento de Domingos Nunes, Gustavo da Silveira Vasconcelos, Olímpio Martins Poças e outros, num total de 41 “membros da classe caixeiral desta cidade”, constitui a Câmara “advogada” de seus direitos e defensora de seus interesses e aspirações. Tece longas considerações sobre o papel do Poder Público como conciliador da ordem social e pede o fechamento do comércio em parte do dia nos domingos e dias santificados. Dramática descrição da exploração dos caixeiros, que trabalham o dia todo “e parte da noite, amarrados ao seu posto de trabalho”; na Capital do Estado, o comércio fecha aos domingos e nos dias úteis poucas são as casas que ficam abertas depois das 8 horas da noite. Houve uma concordata a respeito entre patrões e empregados amparenses, assinada por Antônio do Patrocínio Corrêa, José de Campos, Sousa & Irmão e outros, num total de 33 negociantes desta praça, nesse sentido”. A Câmara acabou por atender o pedido, mandando fechar o comércio às duas horas da tarde, nos domingos e feriados da República, podendo, os que quisessem, fechar também nos dias santificados pela Igreja. (Atas,10: 147/148 e 153v/154) (4)

Tendo se casado em novembro de 1896 com uma filha de Inácio Pupo, rico fazendeiro, Gustavo de Vasconcelos mudou de condição econômica, passando a integrar o grupo de lavradores de café(5).

Gustavo Vasconcelos logo passou a Escrivão de Paz e de Registro Civil de Amparo, mas, entre 1911 e 1913, teve problemas de saúde, que o levaram a se licenciar várias vezes(6 e 7). Em 1918 serve como secretário da 4ª secção eleitoral, localizada no Teatro João Caetano e presidida por Damásio Pimentel(8).

Em outubro de 1919 Gustavo da Silveira Vasconcelos é eleito vereador(9), iniciando sua carreira política.  Empossado em 17/1/1920 na Câmara de Amparo, que tinha o  Dr. Francisco de Sales Camargo como Presidente, Francisco José Lopes Maia, Vice-presidente, Dr. Manuel Ortiz de Siqueira, Prefeito, Gustavo da Silveira Vasconcelos elegeu-se Vice-prefeito(10). A essa época também se dedicava ao Hospital Ana Cintra, onde era 1º secretário(11).

Em 1921 passou a ocupar o cargo de prefeito municipal, em consequência da renúncia de Manuel Ortiz de Siqueira(12 e 13). Teve a oportunidade de recepcionar o presidente do Estado, Washington Luís, que viera inaugurar a ponte sobre o Rio Jaguari, na estrada Amparo/Itatiba. Nessa ocasião foi oferecido pelas câmaras municipais de Amparo e Itatiba um banquete ao presidente do Estado, com o comparecimento de moradores do Bairro das Onças e região circunvizinha(14).

Em consequência dessa obra, Gustavo Vasconcelos determinou a realização de estudos para o traçado da rodovia Amparo/Itatiba(15).

Em 1922 volta a ser vice-prefeito, e nessa qualidade hipoteca solidariedade ao Governo de São Paulo contra os rebeldes do Rio de Janeiro (episódio dos “18 do Forte de Copacabana”) (16).

Junto com um prestigioso grupo de políticos amparenses, Gustavo Vasconcelos abandonou o P.R.P em 1928, passando para o Partido Democrático(17). Essa debandada maciça de perrepistas há de ter tido razões muito fortes, mas até agora não encontramos indícios da sua causa. Talvez, quando a documentação do Museu e da Casa da Cultura estiver aberta à pesquisa, será possível descobrir…

Não encontramos outras participações de Gustavo de Vasconcelos na vida pública de Amparo, a não ser provas de sua generosidade, inclusive uma importante contribuição para o Congresso Eucarístico Regional em 1944(18).

Gustavo da Silveira Vasconcelos faleceu em Amparo em fevereiro de 1946(19).

 

NOTAS

 

(1) – O Capitão Leopoldino Augusto da Silveira Vasconcelos, tronco dessa tradicional família amparense, nasceu em Bragança em 1834, filho de Cândido José da Silveira e sua mulher D. Guilhermina Maria de Vasconcelos. Era irmão de Gabriel da Silveira Vasconcelos e do Capitão José Marcelino da Silveira. Estudou em Bragança e São Paulo, mas veio morar em Amparo, onde foi tabelião público, judicial e de notas. Chegou a ser removido para Belém do Descalvado, mas voltou a ser tabelião em Amparo. Faleceu em 8 de setembro de 1893. Foi casado com D. Maria Victorina da Silveira, de quem teve o filho: 6 – Gustavo Adolfo da Silveira de Vasconcelos, casado com Ana Virgínia Pupo (ou Maria da Silveira?)

(2) – 8/11/1865 – Leopoldino Augusto da Silveira nomeado tabelião interino do Amparo, “por ter o atual serventuário tenente Manuel Cândido Quirino Chaves de marchar para a guerra”. (Diário de São Paulo)

(2ª) “No dia 21 de Dezembro de 1875 foi me entregue a chave da caza n.o 104 da Rua do Rosario pelo ex iquilino Leopoldino Augusto da Silveira Vasconcellos, juntamente com a importancia dos respectivos alugueis vencido de 1o de Setembro até aquella dacta, inclusive um recibo de Joaquim da Silva Pereira de Barros, proviniente de um assoalho que o mesmo fez na referida caza na importância de 90$000, o qual foi descontado da importancia dos alugueis vencidos, conforme foi autorizado pelo ex fabriqueiro Manoel Joaquim de Camargo, vindo a receber em dinherio a q.ta  de  159$498” (Assento dos Devedores à Fábrica da Matriz de Nossa Senhora do Amparo)

(3) – 3/12/1867 e 5/121867 – Concedida a serventia vitalícia do ofício de escrivão do júri e execuções criminais do Termo de Amparo a Leopoldino Augusto da Silveira Vasconcelos. (Diário de São Paulo)

(4) – 24/1/1896 – Requerimento de Domingos Nunes, Gustavo da Silveira Vasconcelos, Olímpio Martins Poças e outros, num total de 41 “membros da classe caixeiral desta cidade”, constituem a Câmara “advogada” de seus direitos e defensora de seus interesses e aspirações. Tecem longas considerações sobre o papel do Poder Público como conciliador da ordem social e pedem o fechamento do comércio em parte do dia nos domingos e dias santificados. Dramática descrição da exploração dos caixeiros, que trabalham o dia todo “e parte da noite, amarrados ao seu posto de trabalho”; na Capital do Estado, o comércio fecha aos domingos e nos dias úteis poucas são as casas que ficam abertas depois das 8 horas da noite. Houve uma concordata a respeito entre patrões e empregados amparenses, assinada por Antônio do Patrocínio Corrêa, José de Campos, Sousa & Irmão e outros, num total de 33 negociantes desta praça, nesse sentido. A Câmara acabou por atender o pedido, mandando fechar o comércio às duas horas da tarde, nos domingos e feriados da República, podendo, os que quiserem, fechar também nos dias santificados pela Igreja. (Atas,10:147/148 e 153v/154)

(5) – 21/11/1921 – bodas de prata do prefeito Gustavo Vasconcelos e Ana Pupo de Vasconcelos, celebradas em 14/11/1921. (CP)

(6) – 28/11/1911 – Juiz de Paz concede 8 dias de licença ao escrivão Gustavo de Vasconcelos, substituído por Francisco Leite da Costa (CP)

(7) – 11/2/1913 – Gustavo da Silveira Vasconcelos, escrivão de paz – licença de 30 dias, prorrogada duas vezes (CP)

(8) – 6/2/1918 – Gustavo Vasconcelos, secretário da 4ª Secção Eleitoral, no Teatro João Caetano – Damásio Pimentel é o presidente da secção (CP)

(9) – 30/10/1919 – Gustavo da Silveira Vasconcelos eleito vereador (CP)

(10) – 17/1/1920 – posse na Câmara de Amparo – Dr. Francisco de Sales Camargo, Presidente – Francisco José Lopes Maia, Vice-presidente – Dr. Manuel Ortiz de Siqueira, Prefeito – Gustavo da Silveira Vasconcelos – Vice-prefeito. (CP)

(11) – 7/2/1921 – Gustavo Vasconcelos, 1º secretário do Hospital Ana Cintra. Felício Granato é o presidente e Romeu de Campos Pinto é o vice-presidente (CP)

(12) – 16/3/1921 – Gustavo Vasconcelos, prefeito municipal, recebe mapas do Serviço de Higiene (CP)

(13) – 20/7/1921 – Gustavo Vasconcelos, prefeito (CP)

(14) – 3/10/1921 – Gustavo Vasconcelos, prefeito, e os vereadores Constâncio Cintra, Francisco de Sousa Araújo e Joaquim Franco de Godoy Neto, recepcionam o Presidente do Estado Washington Luís na inauguração da ponte sobre o Rio Jaguari, na estrada entre Amparo e Itatiba – banquete oferecido pelas câmaras municipais de Amparo e Itatiba – presentes moradores do Bairro das Onças, inclusive Arthur Godoy, Moacir Godoy, Manuel Aleixo Alves, Teófilo Moreira Neto e Porfírio Moreira Neto. (CP)

(15) – 14/11/1921 – Gustavo Vasconcelos, prefeito – estudos para o traçado da rodovia Amparo/Itatiba. (CP)

(16) – 8/7/1922 – Gustavo de Vasconcelos, vice-prefeito, hipoteca solidariedade ao Governo de São Paulo contra os rebeldes do Rio de Janeiro (episódio dos “18 do Forte de Copacabana”) (CP)

(17) – 19/01/1928 – Amparo – Partido Democrático – Adesões

– Coronel Antonio Junqueira

– Coronel Fausto Azevedo

– Gustavo da Silveira Vasconcellos

– Dr. Coriolano Burgos (DN)

(18) – 2/6/1944 – Contribuições para o Livro de Ouro do Congresso Eucarístico Regional de Amparo: em memória de João Batista de Campos Cintra, CR.$ 20.000,00 – H. Rebieri & Irmãos, 10.000,00 – Gustavo da Silveira Vasconcelos, 3.000,00 – Arthur Alves de Godoy, 3.000,00 – Dr. Francisco Franco, 2.000,00 – Banco Comercial do Estado de São Paulo, 1.000,00 – J.B. Oliveira, 1.000,00 – Adolfo Lenzi, 2.000,00. (Folha da Manhã)

(19) – 2/1946 – Gustavo da Silveira Vasconcelos faleceu em Amparo (Genealogia dos Cintras, 60)

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