Dr. Valêncio do Prado – 1913
O Dr. Valêncio do Prado era filho de José de Oliveira
Bueno Prado, este campineiro, mas de origem bragantina e atibaiense (1). Descendia pelo lado materno de Manuel Silvestre da Cunha Martins, figura que desempenhou importante papel nos primeiros dias da Câmara Municipal(2). Era irmão do Dr. Alfredo Patrício do Prado Paulista, nascido em 1869 em Amparo, que foi casado com Júlia Cintra do Prado, nascida em 12 de Maio de 1865 em Amparo, falecida em 1932, filha de Joaquim Pinto de Araújo Cintra, 2.0 Barão de Campinas. Era, pois, tio do Dr. Amador Cintra do Prado e dos irmãos deste.
A família Silvestre Martins tinha longa tradição de participação política, inclusive na Revolução de 1842, na qual Manuel Silvestre tomou parte no combate de Venda Grande. Fazia parte da onda migratória que acorreu para Amparo por volta de 1850 para plantar café.
A mais antiga referência que encontramos sobre o Dr. Valêncio do Prado datam de 1904, quando ele foi aprovado plenamente em Inglês nos exames preparatórios(2).
Em 28/5/1910 o Dr. Valêncio do Prado, já formado, era promotor público interino de Amparo(3). Nesse mesmo ano, junto com João Ferraz (João Belarmino Ferreira de Camargo) e Dr. Vasco de Toledo, fez parte de uma comissão encarregada da subscrição para compra do navio “Riachuelo”. (4)
Pertencendo à elite agrícola do município, era natural que o Dr. Valêncio fosse chamado a envolver-se em numerosas atividades sociais e culturais da comunidade amparense. Assim, era também nesse ano 1º secretário do Club 8 de Setembro(6) e fazia parte da banca examinadora do Coleio Santos Dumont, do professor João Silveira Barbosa, de Amparo(7).
Elegeu-se vereador para o triênio 1911/1914 (8). Em 1913 sucedeu a Alcides Penteado como prefeito (9).
Em 28/3/1913 o Dr. Valêncio do Prado, como prefeito, recebe e acompanha a comitiva do Senador Luís Piza, arbitro na Questão de Duas Pontes, inclusive na vistoria na região em litígio. Estavam juntos também o coronel João Belarmino, Felício Granato, presidente da Câmara, o vereador Leopoldo Cunha, Dr. Pedro Bueno de Camargo Silveira, Dr. Alfredo Patrício do Prado Paulista, irmão do prefeito, o promotor Dr. Artur Pinto Lima, Francisco Luís da Silva, José Jacobsen, Joaquim Carneiro da Silva e José Silvestre Martins da Cunha(10).
Reeleito prefeito em 1914, estava licenciado em 4/7/1914; Joaquim Bueno Camargo Silveira, vice-prefeito, assumiu a Prefeitura. O Prefeito Dr. Valêncio do Prado estava em licença de 15 dias(11).
Deixando a Prefeitura, Dr. Valêncio do Prado se mudou para Bragança, onde já morava em 1920. (12)
Lá também foi vereador e prefeito, de 1921 a 1924(13) (15)(16)(17). Em 2/10/1921, quando da inauguração da ponte sobre o rio Jaguari, em Morungaba presente o Presidente do Estado Washington Luís, Dr. Valêncio do Prado representou a Câmara de Bragança(14). Já era tratado como ex-prefeito em 28/6/1926(18).
A partir de 1927 Dr. Valêncio do Prado ocupou a Promotoria Pública da Comarca de Bragança, a princípio interinamente, e depois, ao que parece, como titular (19) (20)(21)(22). Estava licenciado em abril de 1930. É a última informação que obtivemos dele.
Em junho de 1935 já se mencionavam “herdeiros do Dr. Valêncio do Prado”, proprietários de terras no distrito da Vargem, divisa com Minas Gerais.
Não encontramos outros dados sobre ele, nem mesmo a data de seu falecimento. Sabemos apenas que era casado com Marieta Camargo Prado, falecida em 1939, filha de Afonso Joaquim de Camargo, antigo coletor estadual de Amparo, e de Constança de Barros Camargo. Deixou desse casamento os filhos: Celso, José, Sílvia, Edith, e Dirce Camargo (24).
NOTAS
(1) – Francisco José de Oliveira (filho de Francisco Xavier de Oliveira Prado, primo-irmão do Capitão Calixto José de Campos Bueno, outro patriarca amparense – SL, 1:376/379) casado com Joaquina Cândida de Oliveira (também Joaquina Bueno), moradores de Campinas em 1833, quando foram padrinhos de batizado em Amparo, e que depois migraram para o Amparo. Francisco José de Oliveira foi casado também com a viúva Ana Inocência de Vasconcelos, em segundas núpcias, a qual em 10/8/1865 vendeu a meação que dele herdara. Ana Inocência de Vasconcelos fora casada em primeiras núpcias com Ezequiel Gonçalves Rodrigues. Francisco José e Joaquina Cândida foram pais de:
1 – João, batizado em 1836 no Amparo, sendo padrinhos o capitão Salvador de Godoy Moreira e sua mulher Mécia da Silveira Franco (BA-2:70)
2 – José de Oliveira Bueno e Prado, batizado com licença em Campinas, em 1840, sendo padrinho o Ajudante Álvaro Xavier de Camargo (BA-3:82). Casou no Amparo em 2/3/1867 com Gertrudes do Carmo Martins, filha de Manuel Silvestre da Cunha, então já falecido, e de Maria do Carmo Martins. Foi importante e abastado morador de Amparo. É o pai do Dr. Alfredo Patrício do Prado Paulista, ancestral da importante família Cintra do Prado. Com geração em MARTINS DA CUNHA e em PINTO DE ARAÚJO CINTRA.
3 – Francisco José de Oliveira Prado, filho de Francisco José de Oliveira e de Joaquina Cândida Bueno, era dono em 1856 de uma gleba de terras de 30 alqueires no bairro da Ponte, confrontando com seu irmão José de Oliveira Prado. No confuso testamento de seu pai ele é indicado como sendo filho da segunda mulher, Ana Inocência de Vasconcelos (1ºof.7:17). Faleceu sem herdeiros diretos. (RPT, 309 – 1º of. 29:75v)
4 – Joaquina, falecida menor (1ºof., 29:75v). Foi batizada em 12/11/1843, e sua mãe Joaquina Cândida já era faleida, certamente nos trabalhos de parto (BA-4:38)
5 – Ana Eufrosina de Oliveira, natural de Campinas, filha de Francisco José de Oliveira e Joaquina Cândida Bueno, casada com José Alves de Oliveira, filho de João Alves de Oliveira e Ana Gonçalves Teixeira, com quem fez testamento de mão comum em 1874. O casal não teve geração. (1º of., 30:18v – 1º of. 34:124). Em 1863 José e Ana venderam a José Inocêncio de Vasconcelos meio alqueire de cafesal havido por herança do finado Francisco José de Oliveira Prado, confrontando com José de Oliveira Bueno e Prado e com os órfãos filhos do dito finado Francisco José de Oliveira (1ºof.9:29v)
Francisco José de Oliveira e Ana Inocência de Vasconcelos tiveram os filhos:
6 – João de Oliveira Vasconcelos, amparense, batizado em 1852 (BA-502), filho de Francisco José de Oliveira e de Ana Inocência de Vasconcelos, casou no Amparo em 1872 com Esméria da Rocha Camargo, de Campinas, filha de Joaquim da Rocha Camargo, já falecido, e de Tomásia da Rocha Camargo. (CA-6:44)
7 – Bárbara, batizada em 1849, sendo padrinhos o Ajudante Álvaro Xavier de Camargo e Maria Brandina, por procuração a Francisca de Paula Camargo. Os padrinhos eram de Campinas. (BA-5:13)
8 – Francisca, falecida menor em 1852 (ADF, 24)
9 – Antônio de Oliveira Vasconcelos, filho de Francisco José de Oliveira e de Ana Inocência de Vasconcelos, casou no Amparo em 1877 com Maria Eufrosina de Oliveira, filha de Joaquim Alves de Oliveira e de Justina Eufrosina de Oliveira, sendo testemunhas do ato Jorge Lopes da Silva e Antônio Luís de Arruda (CA-7:27v/28)
(2) – Manuel Silvestre da Cunha Martins foi suplente de vereador na primeira legislatura de nossa câmara municipal. Chegou a ser convocado em outubro e dezembro de 1858 e a exercer o mandato, mas acabou substituído pelo José Ivo de Sousa Pinto,.em abril de 1859. Voltou à vereança em maio desse ano.
Era integrante do Partido Liberal, tendo participado do combate de Venda Grande, nos arredores de Campinas, na Revolução de 1842, onde os rebeldes liberais foram derrotados por Caxias. (Jolumá Brito).
Foi um cidadão bastante ativo, envolvido em numerosos projetos e obras, inclusive a construção de estrada e ponte sobre o rio Jaguari, na estrada para Itatiba (projeto que não se completou, pois a Câmara acabou comprando uma ponte de Manuel Alves Cardoso), e um primeiro loteamento, no bairro de Entre Montes. Também foi contratado pela câmara para construir uma ponte no bairro do Ribeirão na estrada para Campinas, “em combinação com João Pedro de Godoy Moreira”.
Manuel Silvestre da Cunha Martins e sua mulher Maria do Carmo Martins haviam vivido em Casa Branca e em São José da Formiga, em Minas Gerais, acabando por se radicar no Amparo, onde foram proprietários de um sítio no bairro da Areia Branca. Manuel Silvestre já era falecido em 1867 e deixou ilustre descendência em Amparo.
Gertrudes do Carmo Martins, filha de Manuel Silvestre da Cunha, já falecido, e de Maria do Carmo Martins, casou no Amparo em 2/3/1867 com José de Oliveira Bueno Prado, natural de Campinas, morador de Amparo, filho de Francisco José de Oliveira, já falecido, e de Joaquina Cândida Bueno. (CA-5:109v). Tiveram q.d.:
` 1 – Dr. Alfredo Patrício do Prado Paulista, nascido em 1869 em Amparo, foi casado com Júlia Cintra do Prado, nascida em 12 de Maio de 1865 em Amparo, falecida em 1932, filha de Joaquim Pinto de Araújo Cintra, 2.0 Barão de Campinas, que nasceu em Atibaia em 13 de Agosto de 1824, e faleceu em Amparo em 13 de Janeiro de 1894. O Barão de Campinas foi casado em Atibaia com sua prima Ana Francisca da Silveira Cintra, filha de Joaquim Cintra da Silveira e de Helena de Moraes Cintra.
2 – Dr. Valêncio do Prado, advogado, vereador eleito para a legislatura 1911 a 1914, foi prefeito em 1912/1913. Mais tarde mudou-se para Bragança, onde também participou da política e foi prefeito.
(3) – 20/1/1904 – Valêncio do Prado aprovado plenamente em Inglês nos exames preparatórios (OESP)
(4) – 28/5/1910 – Dr. Valêncio do Prado, promotor público interino de Amparo. (OESP)
(5) – 23/6/1910 – subscrição para compra do navio “Riachuelo” – comissão composta de João Ferraz (João Belarmino Ferreira de Camargo), Dr. Vasco de Toledo e Dr. Valêncio do Prado. (OESP)
(6) – 22/10/1910 – Eleita a nova diretoria do Club 8 de Setembro: Presidente: Dr. Vasco de Toledo – Vice-Presidente: Dr. Augusto Guimarães – 1º Secretário: Dr. Valêncio do Prado – 2º Secretário: Alcides Penteado – Tesoureiro: Lino Cunha – Procurador: Domingos Nunes – Comissão de Concertos: Costabile Augusto Niglio, José Pupo Nogueira e Coronel Felício Cintra. (O Diário)
(7) – 31/12/1910 – Dr. Valêncio do Prado faz parte da banca examinadora do Colégio Santos Dumont, do professor João Silveira Barbosa, de Amparo (OESP)
(8) – 17/3/1911 – sessão da Câmara de Amparo: Dr. Amadeu Gomes de Sousa, presidente – vereadores: Dr. Valêncio do Prado, farmacêutico Nicanor Novaes, Major Felício Granato, e Francisco Mariano Galvão Bueno, Dr. Custódio Guimarães, Dr. José Leite de Arruda, Dr. José Oscar de Araújo, e Major Francisco Alves Pimentel – Prefeito: Alcides Penteado. (OESP)
(9) – 18/1/1912 – a Câmara de Amparo protesta contra intervenção federal na Bahia: Alcides Penteado, Custódio Guimarães, Valêncio do Prado, Amadeu Gomes de Sousa, Gustavo de Sousa Campos, Felício Granato e Francisco Mariano Galvão Bueno. (OESP)
(10) – 28/3/1913 – Dr. Valêncio do Prado, como prefeito, recebe e acompanha a comitiva do Senador Luís Piza, arbitro na Questão de Duas Pontes, inclusive na vistoria na região em litígio (OESP). Estavam juntos também o coronel João Belarmino, Felício Granato, presidente da Câmara, o vereador Leopoldo Cunha, Dr. Pedro Bueno de Camargo Silveira, Dr. Alfredo Patrício do Prado Paulista, irmão do prefeito, o promotor Dr. Artur Pinto Lima, Francisco Luís da Silva, José Jacobsen, Joaquim Carneiro da Silva e José Silvestre Martins da Cunha (OESP)
(11) – 4/7/1914 – Joaquim Bueno Camargo Silveira, vice-prefeito, assumiu a Prefeitura – o Prefeito Dr. Valêncio do Prado estava em licença de 15 dias. (OESP)
(12) – 28/10/1920 – Dr. Valêncio do Prado já morador de Bragança (CP)
(13) – 21/1/1921 – Dr. Valêncio do Prado eleito prefeito de Bragança (CP)
(14) – 2/10/1921 – Inauguração da ponte sobre o rio Jaguari, em Morungaba – Presidente do Estado Washington Luís presente – piquenigue em Morungaba – Alice Alves Cardoso foi uma das senhoras que serviu a mesa – Dr. Valêncio do Prado representa a Câmara de Bragança (CP)
(15) – 25/9/1922 – Dr. Valêncio do Prado, prefeito de Bragança (CP)
(16) – 15/11/1924 – Dr. Valêncio do Prado, prefeito de Bragança (CP)
(17)- 16/12/1924 – Dr. Valêncio do Prado, prefeito de Bragança (OESP)
(18) – 28/6/1926 – Dr. Valêncio do Prado, ex-prefeito de Bragança (OESP)
(19) – 2/12/1927 – Dr. Valêncio do Prado, promotor público interino de Bragança, de 20/10 a 2/11/1927 (CP)
(20) – 13/9/1929 – Dr. Valêncio do Prado na Promotoria Pública de Bragança (CP)
(21) – 11/10/1929 – Dr. Valêncio do Prado reassume a Promotoria Pública de Bragança (CP)
(22) – 30/4/1930 – Dr. Valêncio do Prado em licença (CP)
(23) – 22/6/1935 – Herdeiros do Dr. Valêncio do Prado eram proprietários no distrito de Vargem, divisa com o Estado de Minas (CP)
(24) – O Comércio – 1939.